domingo, 25 de março de 2012

BEN-HUR ("BEN-HUR", 1959)


A viagem cinematográfica de hoje vai ao encontro dos tempos romanos e a ascensão da mensagem de Jesus Cristo na Terra - o nascimento do Cristianismo.

26 d. C. O Império Romano, sob o comando de Tibério, já dominava o mundo, inclusive a Judéia. Em Jerusalém, vivia um rico homem chamado Judah Ben-Hur. Um amigo seu de infância, Messala, torna-se tribuno de Roma e, portanto, seu inimigo na idade adulta.  Judah Ben-Hur e Messala se desentendem, já que o primeiro defendia o fim da influência romana nas terras judaicas, enquanto o último estava ali na Judéia justamente para conservá-la. Ao mesmo tempo, surgia um Messias, o "Salvador da Humanidade", fazendo pregações por toda aquela região - Jesus Cristo. Essas são as premissas básicas de um dos filmes mais premiados da história do cinema - Ben-Hur, vencedor de 11 (onze) Oscars, incluindo filme, direção (William Wyler) e ator (Charlton Heston, em uma interpretação memorável).

O filme é uma das maiores exaltações do cristianismo da história do cinema, baseado em um livro que recebeu a alcunha de "a obra máxima" da doutrina cristã no século XIX - "Ben-Hur - A Tale of Christ", escrito por Lew Wallace.

A mensagem que, ao final, a película quer passar, é uma mensagem de esperança, mesmo em meio à dor da existência de Cristo na terra.

Mistura drama e aventura em altas doses. A trilha sonora é a mais perfeita possível para filmes épicos como este.

É uma superprodução, uma das maiores da história do cinema, com orçamento milionário para a época.

O roteiro adaptado, indicado ao Oscar, aborda vários temas, como escravidão (Ben-Hur foi submetido à crudelíssima pena denominada "galés"), lepra (depois de serem presas, juntamente com Ben-Hur, mãe e irmã contraem a doença e são vítimas de discriminação, fato comum em priscas eras), Cristianismo (as pregações de Cristo começam a incomodar os poderosos de Roma, a exemplo de Poncius Pilatos, que viria a ser o algoz do Messias tempos depois) e a corrida de bigas, uma criação romana.

Aliás, a cena da corrida de bigas, se não é a melhor da história do cinema, é uma das melhores. Uma fantástica reprodução do que acontecia nessas disputas, que tiveram o auge no "Circo Máximo" (Circo Massimo, em italiano) de Roma. É um assunto interessante para um próximo post, já que a literatura é reduzida sobre o tema.

A crueldade das galés foi retratada também de uma maneira intensa no filme. Galé era um navio movido a remos. Geralmente, os escravos eram os remadores, submetidos a uma jornada torturante, estando, inclusive, presos, impossibilitados de se locomover, a não ser, é claro, os braços. Um tambor marcava as remadas.

Várias velocidades eram imprimidas, o que gerava um cansaço torturante para os remadores. Curiosidade: essa pena já existiu no Brasil, durante as Ordenações Manuelinas. Hoje, tal pena, extremamente cruel, é, obviamente, proscrita no Brasil por mandamento constitucional.

A evocação da figura de Jesus Cristo permeia as aventuras e dramas de Ben-Hur. Evoca também o início de uma nova era, não dominada por um império, mas por esperança, fraternidade e, sobretudo, fé.

Talvez o que pese contra o filme seja justamente a sua duração excessiva. São mais de três horas e meia. A duração excessiva traz alguns problemas para a narrativa, que poderia ser resumida em muitos pontos, notadamente em relação ao drama vivido pelas familiares do personagem principal em relação à lepra.

Mas é um filme essencial da história do cinema, merecendo ser conferido. Está sempre presente na lista dos filmes para se ver antes de morrer, e, notadamente, em listas dos maiores filmes de todos os tempos.

Cotação: * * * * 1/2 (muito bom)



6 comentários:

  1. Caro Carlos HB,
    A cada dia mais me impressiono com a sua escrita,realmente, maravilhosa!!!!
    Adorei a sua descrição do filme, alíás correspondeu com fidelidade as cenas do filme.

    E por falar em cenas do filme "chorei" no momento em que a mãe e irmã de Ben-Hur, depois de serem presas, contraem a doença "Lepra" e são vítimas de discriminação. E, logo depois após a crucificação de Jesus, são abençoadas pelo milagre da cura ("chorei ainda mais"). Não tem como falar qual parte do filme é melhor, pois todas são perfeitas.

    Obrigada pela sugestão!!! Amei.

    Com certeza este é um filme "marcante". Cotação( ótimo)*****

    *****

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  2. Fico feliz por você ter gostado.
    Realmente é um filme marcante, tocante, que engrandece as pessoas que o assistem, com suas ricas nuances e relatos.
    Não é à toa que é citado nas listas dos maiores filmes de todos os tempos!
    Abraço!

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  3. Me chamo BEN-HUR moro em nova york. Confesso que nunca vi uma pessoa descrever tao bem o filme. Colocou sua alma na escrita. parabens

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  4. Caro Ben-Hur,

    Muito obrigado pela palavras. São comentários como este que estimulam a gente a continuar escrevendo. E com alma, sempre!

    Abraço,

    Carlos HB

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  5. Por favor, me tire uma dúvida: as tres culturas presentes no filme sao grega, romana e judaica ?

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    1. Igor,
      Em um mundo dominado pelos romanos (incluindo a região da Judeia), não vejo a cultura grega presente especificamente nesse filme com temática cristã.
      Abraço,
      Carlos

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