terça-feira, 26 de junho de 2018

OS ENCANTOS DE VARSÓVIA!

Varsóvia, a capital polonesa, pode soar para muitos uma cidade sem atrativos turísticos, ainda mais se considerarmos que a Europa possui joias como Paris, Londres, Veneza, Roma, Florença, Bruges, Antuérpia, Barcelona, Porto, Lisboa, Budapeste, Praga, Viena, Estocolmo, Amsterdam, entre outras.  Mas Varsóvia, por vezes uma cidade com ar austero e muito impessoal, guarda uma história incrível e uma beleza notável de seu centro histórico, bombardeado na Segunda Grande Guerra e depois reconstruído, hoje considerado Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO. 

A Cidade Velha de Varsóvia é Patrimônio Mundial Cultural da UNESCO desde 1980.

Varsóvia é uma cidade grande, com população chegando a quase dois milhões de habitantes. É, também, uma capital jovem para os padrões europeus - fundada entre os séculos 13 e 14, é nova em relação às cidades milenares do "Velho Continente".

Basicamente, podemos considerar Varsóvia dividida em quatro distritos turísticos: o "Centro Histórico" (ou "Cidade Velha"), a Cidade Nova, a Rota Real e o Centro .

O centro histórico ou "Cidade Velha" (Stare Miasto) é realmente belo. Cresceu ao redor do castelo dos princípes da Mazóvia (região onde fica Varsóvia) e conserva os ares medievais de quando foi fundado. Os locais de grande interesse na Cidade Velha são a Praça Central, a Catedral de São João e o Castelo Real, os dois últimos destruídos pelas forças alemãs em 1944 e reconstruídos entre 1971 e 1984.  No Centro Histórico há muitos cafés, bons restaurantes e lojas de antiguidades.

O Castelo Real é um símbolo de Varsóvia.
A Praça Central guarda uma curiosidade de Varsóvia - a sereia, símbolo da capital polonesa. Derivada de lenda daquele país, a sereia chamava-se Sawa e, em determinado momento de sua existência, foi motivo de cobiça por parte de um comerciante, que resolveu capturá-la, sendo, posteriormente, salva por um pescador de nome Wars. Como agradecimento, a sereia prometeu ajuda eterna ao seu salvador - daí o escudo e a espada que indicam a proteção a toda a cidade. Estava formada a lenda e o nome da cidade - Wars +Sawa, ou WarsSawa, que virou "Varsóvia". A sereia tem presença forte no imaginário popular daquela porção da Polônia - é considerada uma protetora - além de estar também representada no brasão de armas daquela municipalidade.

A sereia domina a praça com seu escudo e espada.


A Cidade Nova, por sua vez, concentra algumas igrejas interessantes - St. Jacek, St. Kazimierz, Espírito Santo, Visitação da Virgem Maria.

Destaca-se dois lugares em especial: o Monumento ao Levante de Varsóvia de 1944 e a Casa de Marie Curie, hoje museu dedicado a esta notável cientista.

O Levante de Varsóvia foi um movimento de luta contra a opressão proporcionada pelos nazistas, que confinaram muitas pessoas no chamado Gueto de Varsóvia. Vale dizer, os nazistas, durante a Segunda Grande Guerra, criaram um gueto judeu em Varsóvia em 16 de novembro de 1940.  A área foi  cuidadosamente cercada com arame farpado até ser substituída por muros. Mais de 450.000 pessoas "viviam" nesse área degradada, em condições subumanas: judeus de Varsóvia, judeus de outras áreas da Polônia e ciganos. Em março de 1942 os nazistas começaram a liquidar o gueto, deportando 300.000 pessoas para o campo de concentração de Treblinka. O Levante começou em 19 de abril de 1943 e durou um mês, sendo organizado pela Organização de Luta Judaica (Jewish Fighting Organization). A revolta, no entanto, foi esmagada pelos nazistas, sendo tudo destruído - a demolição da sinagoga foi um símbolo do massacre. Curiosidade: o homem que comandou a matança dos resistentes do Gueto e a deportação dos que sobreviveram ao Levante, Jurgen Stroop (1895-1952) foi preso pelos aliados (e, posteriormente, executado), ficando na mesma prisão que um resistente do Gueto, Kazimierz Moczarski, que aproveitou a oportunidade para escrever um livro, chamado "Conversas com um Carrasco". 

Homenagem ao Levante.

Personalidade de destaque, Marie Curie (1867-1934) é uma das mais famosas filhas de Varsóvia. Nascida Maria Sklodowska, com 24 anos deixou Varsóvia com destino a Paris. Em uma década na capital francesa, notabilizou-se por ter descoberto a radioatividade. Junto com seu marido Pierre Curie, Marie descobriu os elementos rádio ("radium") e polônio ("polonium").  Ganhou dois Prêmios Nobel: o primeiro, em 1903, quando ganhou o prêmio de Física em conjunto com seu marido (primeira mulher laureada); o segundo, de química, em 1911.


A Casa de Marie Curie desperta atenção.

A Rota Real de Varsóvia (Trakt Królewski) é assim chamada por ser o local onde há uma série de residências que pertenceu à realeza e a nobreza da cidade. Para melhor localização,  a Rota Real começa no Castelo Real (que é também o ponto de partida para se conhecer a Cidade Velha), seguindo pelas ruas Krakowskie Przedmiescie (onde há muitas igrejas - Santa Cruz e Santa Ana são as principais, a Universidade local, o Palácio Presidencial e o Museu Chopin) e Nowy Swiat (onde há cafés, restaurantes e lojas) até os Palácios Lazienki e Wilanów.

Curiosidade: a Igreja de Santa Cruz guarda o coração do compositor polaco Frederic Chopin (1810-1849); Chopin não nasceu em Varsóvia, mas em um vilarejo próximo à capital, de nome impronunciável; no entanto, Varsóvia o considera um filho local, sendo o compositor homenageado a todo tempo, até mesmo com bancos musicais e no aeroporto local.

Banco que toca música de Chopin em Varsóvia. Há deles até no aeroporto.

Na Rota Real temos também o principal museu da cidade, o Museu Nacional (Muzeum Narodowe).

Finalmente, o centro da cidade guarda ainda algumas atrações, como a Igreja dos Capuchinhos e o Palácio Pac.  No entanto, a figura icônica do centro é o Palácio da Cultura e Ciência, o mais alto prédio da cidade e um presente de Stálin à Polônia nos tempos da Cortina de Ferro. Os habitantes locais, na sua maioria, detestam esse prédio, por razões óbvias: o comunismo não foi uma época boa para o país. O prédio tem um mirante da cidade.

O Palácio presente de Stalin atormenta os poloneses, que odeiam a era comunista.