quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

TORUN, A MEDIEVAL CIDADE NATAL DE COPERNICO!

A Polônia tem centros históricos belíssimos. Pode-se citar Cracóvia, Varsóvia, Wroclaw, Poznan, Gdansk, entre outras. Mas uma das maiores preciosidades daquele país da Europa Central que margeia o mar Báltico é, sem dúvida, a antiga cidade prussiana de Torun. 

Torun, centro histórico.

A história de Torun é associada à Ordem Teutônica ("Ordem dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria de Jerusalém"), ordem militar cruzada atrelada à Igreja Católica fundada no ano de 1190. Foram os monges teutônicos que fundaram essa cidade as margens do Rio Vistula no norte da Polônia, no ano de 1233, em uma época em que o cristianismo estava sendo disseminado por toda a Europa Oriental. Torun, como dissemos anteriormente, fazia parte da Prússia, região histórica que englobava partes do que é hoje Alemanha, Polônia e Letônia.

Uma lenda curiosa de Torun envolve o violinista e os sapos. Segundo a curiosa lenda, um grande número de rãs invadiu a cidade, gerando pânico nos moradores. Ninguém sabia como resolver o problema. Eis que surge um comerciante de madeira que veio de longe e começou a tocar o violino. A música atraiu as rãs atrás dele, que buscou sair da cidade. Conseguido o intento, o violinista jogou o seu instrumento no rio e, como recompensa, ganhou  a mão da filha do prefeito da cidade. Hoje dizem que quem pega nos sapos da Praça Velha tem sorte em abundância...

O violinista e as rãs. Homenagem à lenda em plena Praça Velha.
Pegar nos sapos dá sorte.
O sapo.

Torun tem vários locais interessantes para se conhecer. 

A visita sempre começa pela "Casa de Copérnico". Isso mesmo, a cidade é a terra natal de Nicolau Copérnico (1473-1543), o fundador da astronomia moderna. Copérnico deflagrou os estudos referentes à teoria heliocêntrica (sol como centro do universo, em contraposição à teoria geocêntrica, que considerava a terra como o centro universal), em uma perspectiva matemática, que, posteriormente, ainda foi mais desenvolvida por outros cientistas, como Kepler (1571-1630), Tycho Brahe (1546-1601) e Galileu Galilei (1564-1642), este último acusado de heresia pela Igreja Católica medieval (Santa Inquisição). Copérnico deu o pontapé inicial, errando apenas ao descrever que as órbitas dos planetas eram circunferências; Kepler posteriormente constatou serem elípticas. 

 
A Casa de Copérnico é a mais alta.
 O Centro Histórico da cidade, dos mais belos da Europa, é muito bonito e fácil de se percorrer a pé (duas horas são suficientes para um ótimo passeio). Tem várias atrações, sendo que as mais importantes são: a Igreja da Virgem Maria (gótica);  o Teatro Wilam Horzyca (construído em 1904, tem estilo art nouveau com elementos neobarrocos); Velha Praça do Mercado; a Nova Praça do Mercado; Town Hall (construído entre 1391 e 1399, é, hoje, um museu com arte gótica, pinturas do século XIX e artigos locais); Igreja de São João Batista e São João Evangelista; Igreja do Espírito Santo; a Torre Inclinada de Torun (Sim, Torun tem sua Torre Inclinada, como Pisa). 

O Town Hall na Praça Velha.


Torun, Polônia.

Torun, Polônia.
Da série placas: homenagem a Copérnico em Torun. Rua.

Igreja do Espírito Santo em Torun, Polônia.
Rua do centro histórico de Torun, na Polônia.  ] 

sábado, 2 de dezembro de 2017

CRACÓVIA, RIQUEZA CULTURAL POLONESA!

Falar em riqueza cultural engloba muitos fatores: museus com belas coleções de obras de artes (pinturas e esculturas), castelos, palácios,  cidades com centro históricos interessantes. Cracóvia, a mais importante cidade turística da Polônia e símbolo da unidade nacional daquele país, é, certamente, o destino mais rico culturalmente de uma nação que faz parte da Europa Central, margeia o Mar Báltico e faz fronteira com dois gigantes, a Alemanha e a Rússia.

A Basílica Mariana  domina a paisagem da praça central de Cracóvia.
Antes de mais nada, é bom que se diga: Cracóvia é uma das mais belas cidades do mundo. Isso se deve ao fato de que alguns dos mais brilhantes artistas e arquitetos trabalharam na cidade e pela cidade, a exemplo de Veit Stoss (1447-1533, escultor alemão que trabalhou na Basílica Mariana de Cracóvia), Bartolomeo Berreci (1480-1537, arquiteto italiano, construiu a Capela de Segismundo no Wawel , considerada o mais bonito exemplar da arquitetura renascentista italiana fora da Itália), Giovanni Maria Padovano (1493-1554, escultor italiano, fez o "Túmulo do Arcebispo Piotr Gamrat" da Catedral do Wawel) e Tylman Van Gameren (1632-1706, arquiteto holandês que projetou a Igreja de Santana em Cracóvia).

As carruagens enfeitadas fazem parte do dia a dia de Cracóvia.

E toda essa beleza que é inerente à Cracóvia foi preservada mesmo durante a Segunda Grande Guerra, muito embora tenha sido palco de mortes de judeus (havia um campo de concentração na cidade) e de furto de valiosas peças de seu acervo artístico pelos nazistas. Mas a história da bela urbe polonesa começa bem antes disso.

A par de lembrar os primeiros assentamentos na região de Cracóvia, que datam de duzentos mil anos antes de Cristo, a história da cidade polonesa começou, efetivamente, no século 8 depois de Cristo, com a elevação à capital do estado de Vistula. Em 1038 Cracóvia passou a ser a capital da Polônia, título que permaneceu até 1609, quando o Rei Segismundo III transferiu a sede para Varsóvia. Após, no século XVIII, a cidade foi invadida por suecos e russos, até se tornar parte da Áustria no final do mesmo século. No século XIX, a cidade foi anexada pelo Duque de Varsóvia (1809), tornou-se reino independente em 1815 e foi novamente anexada pela Áustria entre 1846 e 1876, ano este que ganhou novamente autonomia. No século XX destaca-se na história de Cracóvia a construção de um distrito chamado Nowa Huta, durante os anos de chumbo do comunismo pós Segunda Grande Guerra, e a elevação do centro histórico da cidade como patrimônio mundial da Unesco em 1978.



O nome Cracóvia (Krakow em polaco; Krakau, em alemão) advém do príncipe Krak, o primeiro governante da Polônia. Há uma lenda associada a esse príncipe e que hoje se transformou no símbolo maior da cidade polonesa: o Dragão de Wawel.  Segundo essa lenda polonesa, algo muito estranho estava acontecendo ali em Cracóvia: carneiros e ovelhas sumiam misteriosamente. Um belo dia, um jovem descobriu que, perto do rio Vistula e da Colina Wawel, havia um enorme dragão que se alimentava dos animais. A partir dessa constatação, o princípe Krak reuniu muitos amigos e conselheiros para matar o grande dragão, sem obter sucesso. Prometeu, como recompensa, uma princesa, de nome Wanda. Então, um sapateiro,  de nome Skuba, apresentou a solução: matou um carneiro gordo, encheu-o de enxofre e alcatrão e deixou lá na caverna para o dragão comer. Ato seguinte, o dragão encheu sua barriga com o carneiro e, ao beber água no rio(a sede era imensa!), explodiu, espalhando seu pedaços por toda a cidade. Skuba, o herói que derrotou o dragão, casou-se com Wanda e a cidade se viu livre de seu algoz. Uma história muito interessante e divertida.

O dragão é vendido como souvenir numa pedra em Cracóvia.

Cracóvia tem como destaques o Castelo de Wawel, o seu Centro Histórico (Stare Miasto), a Praça do Mercado (Rynek Growny) e a belíssima Basílica Mariana (St. Mary´s).

O Wawel é, muito além de um dos maiores símbolos de Cracóvia, um símbolo de toda a Polônia. Um dos castelos mais ricos do mundo em termos artísticos, indiscutivelmente. Ali, na bela Catedral, foram coroados e enterrados muitos reis poloneses.

O Castelo Real e a fabulosa Catedral são os dois lugares mais importantes do Wawel.

A Catedral Real do Wawel foi, como já dito anteriormente, o local de coroação e sepultamento dos reis poloneses. Dedicada aos santos Estanislau e Venceslau, a construção da imponente catedral iniciou-se em 1020 , em estilo românico, sendo posteriormente reformada (1364), adotando-se o estilo gótico, incorporando ainda aspectos barrocos e renascentistas. A Capela de Estanislau tem cúpula dourada de ouro maciço. Dentro da nave principal repousa o santo Estanislau (1030-1079), que foi bispo de Cracóvia e muito influente politicamente. Hoje ele é o "padroeiro" da Polônia, um mártir da igreja que foi canonizado em 1253. Curiosidade: foi na cripta da Catedral de Wawel que Carol Woitjla, João Paulo II, celebrou sua primeira missa. Hoje se vê uma estátua do santo católico que ajudou a derrubar o comunismo.

Visita-se ainda no Wawel o pátio do castelo, local amplo que dá uma visão do interior do prédio. Ali Hans Frank (1900-1946), o nazista, chefiou o Governo Geral da Polônia dominada por Hitler entre 1939 e 1945. Frank cometeu inúmeras atrocidades, sendo conhecido pela tentativa de eliminar a elite intelectual polonesa. Gostava de jogar xadrez, organizando campeonatos no Wawel. Após a prisão, converteu-se à fé católica romana.  Julgado pelo Tribunal de Nuremberg, foi enforcado em 1946, dizendo antes do ato final: "agradeço pelo tratamento que tive durante o cativeiro e peço a Deus que me receba em sua piedade".


Wawel.

Toda a beleza cênica da maior atração de Cracóvia.


A Catedral do Wawel. A Capela de Segismundo tem a cúpula dourada.

O belíssimo pátio do Wawel. Interior do castelo.

Estátua de João Paulo II, que celebrou sua primeira missa na catedral do Wawel.

A Praça do Mercado, como toda praça deste tipo na Europa, é marcada por uma profusão de prédios antigos, formando um quadrado. Interessante notar que, ao centro, encontra-se o Cloth Hall, que hoje abriga um mercado de produtos típicos poloneses, principalmente artesanato. Não há comida.

Cloath Hall. Mercado de artesanato local.

A praça abriga também um grande cartão postal da cidade, a Igreja de Santa Maria ou Basílica Marina (Kosciol Mariacki). A construção dessa monumental igreja começou em 1355, tendo como objetivo rivalizar com a Catedral do Wawel. Nela, algumas obras de arte se destacam, como a escultura "Crucifixo", de Veit Stoss, e o altar, também de Veit Stoss. Há ainda um cálice feito pelo artista Giovanni Maria Padovano e um pórtico barroco de Francesco Placidi.

Dois fatos muito curiosos referentes a igreja merecem destaque: a diferença de altura entre as torres e o toque de clarim ouvido a cada hora. Quanto à diferença de altura, uma lenda polonesa indica que dois irmãos foram incumbidos de construí-las, sendo que um deles, que havia erguido a torre norte, matou a facadas o caçula para impedir que o outro o igualasse na torre sul.

Quanto ao toque de clarim, é realizado na maior torre da Basílica de Santa Maria (chamada de "Torre da Guarda") a cada hora. Para se ter uma ideia da importância do toque, o referente ao meio-dia é transmitido ao vivo para toda a Polônia. O toque, chamado Hejnal, é bastante representativo para o país, sendo um toque incompleto que lembra um corneteiro medieval que salvou Cracóvia em 1240 de uma invasão de cavalaria tártara que se aproximava de surpresa. O corneteiro tocou sem parar até que uma flecha o matou. Conseguiu o seu intento - avisar os cracovianos - que, com o gesto, derrotaram os invasores. Tal gesto é considerado um símbolo de sacrifício pela pátria e, como já se disse anteriormente, até hoje é reverenciado. 

A Basílica Mariana .

A fabulosa Basílica Mariana por dentro. Cracóvia.

Outro ponto bastante importante de Cracóvia é o "Collegium Maius" (nome em Latim para "Colégio Maior"). Nesse prédio foi instalada no ano de 1400 a Academia de Cracóvia, criada em 1364 e que depois ficou conhecida como "Universidade Jagelônica" em homenagem ao benfeitor, o rei Ladislau II Jagelão.  É a segunda mais antiga da Europa Central, apenas superada pela Universidade Carolina de Praga, que data de 1348. O prédio foi restaurado no século XIX. Na Universidade Jagelônica estudou Nicolau Copérnico (1473-1543), astrônomo, cientista e matemático polonês que desenvolveu a teoria heliocêntrica (o sol como centro do universo; até então acreditava-se na teoria geocêntrica, ou seja, a Terra como centro do universo).

Há ainda um bairro judeu bastante interessante, cuja ocupação remonta ao século XIV.  Há ali um cemitério judeu e uma sinagoga. Curiosidade: há por ali também a casa de Helena Rubinstein, a famosa fabricante de cosméticos. É possível também comer nos "kosher", restaurantes típicos em que há apresentações de músicas judaicas. É, também , um bairro famoso por vendas de antiguidades, objetos de arte e livros raros.

Curiosidade relacionada aos judeus de Cracóvia: Oskar Schindler (1908-1974), o benfeitor dos judeus,  morou em Cracóvia, oportunidade em que salvou 1.200 judeus da morte, oferecendo-lhes trabalho em suas fábricas de panelas e projéteis. O lugar, onde era o antigo Gueto de Cracóvia, fica do outro lado do rio (bairro Podgórze), oposto ao do bairro judeu. Ainda hoje é possível visitar a fábrica.

Bairro Judeu.

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Bairro Judeu.

Interessante que os tempos do comunismo, embora associados a muito sofrimento do povo polonês, são lembrados em Cracóvia. Observem, na foto abaixo, o carro que era utilizado nos tempos em que a Polônia era um "satélite" da União Soviética Stalinista e que hoje serve para passeios turísticos. É fácil notar que tudo era "quadrado", sejam carros, prédios, nas pouco criativas criações comunistas.



De Cracóvia para: Auschwitz-Birkenau; Wieliczka; Wadowice (terra natal de João Paulo II).

Tour para conhecer a vida de João Paulo II (dicas), por Ivan Godoy (jornalista).

"É possível fazer um tour pelos lugares relacionados com a vida do Papa. Primeiramente, o visitante é levado à sua cidade natal, Wadowice, a 50 km de Cracóvia. Lá visita a casa onde ele nasceu, na rua Koscielna 7, hoje museu. Dá para ver que era uma residência confortável, de classe média. Hoje mostra fotos da infância até o Pontificado, e documentos que retratam a brilhante trajetória de Karol Wojtyla. O seguinte passo é entrar na Basílica Mniejsza, onde ele recebeu o batismo e a primeira comunhão. Construída no século XIV a igreja teve consagrada, em 2006, uma capela dedicada a João Paulo II. Depois o passeio continua em Kalwaria Zebrzydowska, um lugar de peregrinação muito frequentado por Wojtyla, que possui 40 capelas construídas no século XVII sobre as colinas. O local recebe desde então milhares de peregrinos, especialmente na Semana Santa, quando são realizadas encenações da Paixão de Cristo. A excursão termina em Cracóvia, nos estabelecimentos de ensino frequentados na juventude pelo Papa e na Catedral de Wawel, onde ele foi consagrado bispo, além de ter rezado sua primeira missa como padre". (GODOY, Ivan. "Polônia". São Paulo: Alfa-Omega, 2011).

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A FABULOSA MINA DE SAL DE WIELICZKA!

A Polônia tem algumas atrações de grande interesse em seu território. Auschwitz-Birkenau, Cracóvia, Varsóvia, Gdansk, Centro Histórico de Torun, Castelo de Malbork, entre outras. Mas nenhuma é tão surpreendente quanto a espetacular Mina de Sal de Wieliczka, inscrita como Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO desde 1978. Vale lembrar que a Unesco considera ainda a mina de sal de Bochnia, também nas proximidades, em conjunto com Wieliczka, como patrimônio mundial cultural, sendo que aqui falaremos tão somente da mais conhecida, Wieliczka.


Nossa Senhora, rogai por nós. Capela de Santa Cunegunda (Kinga) em Wieliczka.

Uma belíssima capela de Wieliczka.

A mina de sal de Wieliczka existe desde o século XIII. São, portanto, mais de setecentos anos de história deste fabuloso sítio.

Existe uma lenda que indica que Santa Cunegunda da Polônia (ou  Kinga, em polaco) teria descoberto essa mina. Cunegunda, filha de rei húngaro e prometida ao rei polonês, é a santa padroeira da Polônia, cuja data da morte, 24 de julho, é celebrada anualmente como seu dia. Tudo começou com um dote de ouro e outras pedras preciosas de seu pai húngaro, que a santa recusou. Em vez de ouro, Cunegunda pediu sal, sendo que seu pai então lhe deu uma mina de sal na Transilvânia. Cunegunda, satisfeita com o presente, jogou seu anel de princesa naquela mina. Anos mais tarde, estava nas proximidades de Cracóvia quando pediu aos súditos que cavassem um buraco profundo - e esse buraco, o qual continha o anel que ela havia jogado na outra mina, deu origem à famosa mina de sal de Wieliczka.

Lenda à parte, a mina de sal é uma das visitas mais incríveis do mundo. Dificilmente uma pessoa verá um local tão espetacular e diferenciado na vida. É, indiscutivelmente, uma esplêndida visita.  Para se ter uma ideia das dimensões, são 300 quilômetros subterrâneos de galerias e câmaras, sendo que apenas dois quilômetros destes são abertos à visitação. A profundidade chega a 135 metros abaixo do nível do solo, o que demanda a descida de cerca de quatrocentos degraus (a descida não é difícil, é um nível baixo para médio de dificuldade). A temperatura nas profundezas é de 13 a 14 graus centígrados, mas não faz frio, embora vente um pouco (curiosamente).

Visitantes descendo os inúmeros degraus de Wieliczka.
A visita à mina dura cerca de 2 horas. São visitadas câmaras subterrâneas antigas, lago salgado, máquinas usadas nas minas, prédios e lugares subterrâneos. Mas o mais impressionante local é a Capela de Santa Cunegunda, incrivelmente bela - são altares, candelabros e esculturas representativas da religião católica simplesmente deslumbrantes, tudo feito de sal.

A Magnífica Capela de Santa Cunegunda (Kinga), vista do alto.

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Virgem Maria e Jesus, feitos de sal. Capela de Santa Cunegunda.

Estupendas representações católicas. Capela de Santa Cunegunda.
Maria, José, Jesus e o burrinho. Capela de Santa Cunegunda.

João Paulo II, o santo polonês. Capela de Santa Cunegunda.

O lago salgado de Wieliczka.

Outras figuras esculpidas no sal podem ser vistas em várias câmaras, sendo relevante destacar que a câmara com maior teto é a Stazsic, com 36 metros. O polonês Nicolau Copérnico, da teoria heliocentrista, é homenageado em uma bonita escultura de sal.

Nicolau Copérnico, um grande polonês, é homenageado em Wieliczka.

Vale lembrar que os nazistas também chegaram a dominar a mina, tentando estabelecer uma fábrica de aviões nos subterrâneos. Outra curiosidade: há também em Wieliczka um local subterrâneo onde doenças respiratórias eram tratadas. A mina abriga ainda, em seu imenso subterrâneo, shows e eventos.

Mais uma belíssima obra de sal em Wieliczka.

Wieliczka, por todos os motivos expostos, é uma visita imperdível para quem vai à Polônia e, mais precisamente, está nas proximidades de Cracóvia.

Serviço

Endereço eletrônico: https://www.wieliczka-saltmine.com/

Horários: de 1 de abril a 31 de outubro, das 7 e 30 da manhã às 7 e 30 da noite;  de 2 de novembro a 31 de março, das oito da manhã às cinco da tarde.  Não abre em 1 de janeiro, 1 de novembro, 24 e 25 de dezembro. Sábado e domingo de Páscoa até as três e meia da tarde. 31 de dezembro das oito da manhã às quatro da tarde. 

Preços:  Variam conforme o fato do visitante ser polonês ou estrangeiro; há preços para famílias.
https://www.wieliczka-saltmine.com/visiting/visitor-s-guide/check-prices/check-prices-tourist-route 

Como chegar: A mina está a 10 Km do centro de Cracóvia. Pode-se ir de trem, a partir da Estação de trem de Cracóvia (Dworzec Główny) para a estação  Wieliczka Rynek Kopalnia; ou de ônibus (é o 304), que parte do Shopping Galeria Krakowska (rua Kurniki)., descendo na parada Wieliczka Kopalnia Soli. Zone I (Strefa I).

terça-feira, 3 de outubro de 2017

AUSCHWITZ-BIRKENAU: MUSEU E MEMORIAL DO HORROR

O primeiro de setembro de 1939, data em que a Alemanha nazista invadiu a Polônia, ficou marcado na história mundial como o início da Segunda Grande Guerra Mundial, conflito que durou até 1945. O fim da guerra trouxe à tona o maior de seus horrores: o chamado "Holocausto", ou seja, o extermínio em massa de judeus e de outras minorias (ciganos, polacos, eslavos, homossexuais, testemunhas de Jeová, entre outras), considerados "inimigos" do Reich, tudo fruto de uma mente doentia do principal líder nazista, Adolf Hitler, e de seus principais asseclas (entre eles, Heinrich Himmler, líder da SS e principal nome ligado aos campos), que negavam tudo o que não fosse alemão e propugnavam pela superioridade da raça ariana.  E Auschwitz é o símbolo maior desse triste período da humanidade, que hoje transformou-se em um museu e memorial e é "Patrimônio Mundial Cultural" reconhecido pela UNESCO desde 1979.

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Auschwitz I.


Auschwitz I.
Os campos de concentração de Hitler, chamados KL (Konzentrationslager), foram criados em 1933, com o intuito inicial de prender pessoas contrárias ao regime nazista, notadamente adversários políticos, mas desde esse ano em que Adolf Hitler transformou-se em líder do Terceiro Reich ("Fuher"), já se prendiam judeus. Os campos eram instituições estatais administradas diretamente pelo Serviço Central de Economia e Administração da SS (WVHA). A deportação e o genocídio eram de responsabilidade de outro órgão, o Serviço Central de Segurança do Reich (RSHA). A SS ("Schtzstaffel") era, inicialmente, a guarda pessoal de Hitler, transformada depois em  unidade militar e policial de elite da Alemanha Nazista, cujo auge foi a partir de 1939.

Deportação dos Judeus a partir do Gueto de Lodz (Polônia), 1943.
Auschwitz, o símbolo do horror do Holocausto, foi criado em meados de 1940, na cidade polaca de Oswiecim, rebatizada para Auschwitz pelos nazistas que a dominavam. Foi o maior de todos os campos de concentração e extermínio. O motivo principal da criação do famoso campo foi a constatação da superlotação das prisões, tendo em vista o incremento das detenções de cidadãos polacos. O campo de concentração (que tinha como objetivo declarado os trabalhos forçados, em regime de escravidão) se transformou em campo de extermínio (ou seja, objetivando a morte de judeus e minorias) a partir de 1942, muito embora sua história se desenrole entre 14 de junho de 1940 (data em que 728  polacos foram enviados para o campo) e 27 de janeiro de 1945 (data em que 7.500 prisioneiros são libertados pelo exército vermelho soviético).

A entrada de Auschwitz, com o lema "O Trabalho Liberta" ("Arbeit Macht Frei").
O sol atrapalhou a foto na entrada de Auschwitz.

O complexo Auschwitz contava com três campos, a saber, Auschwitz I, Auschwitz II - Birkenau, distante três quilômetros do campo I e Auschwitz III - Monowitz (Buna), distante 6 quilômetros do Campo principal. Contava ainda o complexo com 47 subcampos.  Hoje, o Memorial e Museu Auschwitz - Birkenau, visitado anualmente por mais de 2 milhões de turistas por ano, é constituído por dois desses campos: Auschwitz I e Auschwitz II - Birkenau.

A classificação dos prisioneiros em categorias  do KL Auschwitz era a seguinte: Judeus (a partir de 1942 era o grupo mais numeroso, sendo registrados 200.000 deles); Prisioneiros Políticos (a maioria polacos, presos em operações de repressão ou por participar da resistência); Prisioneiros Antissociais (nessa categoria entravam os ciganos, sendo que foram registrados 21 mil); Prisioneiros de Guerra Soviéticos (12 mil);  Prisioneiros Educativos (11 mil; eram os que infringiam regras de trabalho); Prisioneiros da Polícia (somente polacos, diferenciavam-se dos prisioneiros do campo, mas ficavam aguardando a sua sentença no campo; geralmente eram condenados à pena de morte por fuzilamento); Prisioneiros Criminais (de nacionalidade alemã, ajudavam no trabalho de manter o regime do campo); Testemunhas de Jeová (menor grupo, cerca de 100 pessoas; princípios religiosos eram considerados inadequados pelo regime nazista); Homossexuais (dezenas, principalmente de nacionalidade alemã).

Auschwitz I.

Alguns dados de Auschwitz no museu local. Em inglês. 
Judeus e crianças no campo de concentração de Auschwitz em foto exposta no museu.

 "Judeus são uma raça que deve ser totalmente exterminada". Hans Frank, nazista.



Vítima do Holocausto de 22 anos. Francês Daniel Barberonsse.

Chaim Kratz, judeu de 22 anos, vítima do Holocausto.

Auschwitz foi o único campo a tatuar suas vítimas.

No tocante às vítimas mortas pelo regime nazista, os números do KL Auschwitz são assustadores. Foram mortos 1 milhão de judeus nesse campo, além de 75 mil polacos, 21 mil ciganos (romanis), 14 mil soviéticos e 15 mil de outras nacionalidades, totalizando cerca de 1, 1 milhão de mortos em razão do extermínio.

Sala onde mulheres se despiam antes de serem executadas no Paredão da Morte.

Local insalubre para experimentos nazistas com as vítimas.

Onde era o muro da morte (execução), destruído, hoje é um muro-memorial.

Falando do Museu e Memorial hoje existente no local, é impossível não se emocionar com a visita. É realmente uma visita dura, que coloca em teste todas as emoções do ser humano. Mais de um milhão de pessoas inocentes, muitas delas crianças, foram mortos nesse local. E crianças foram vítimas de perversos experimentos científicos por médicos nazistas, notadamente com o mais conhecido deles, Joseph Menguele (que, curiosamente, morreu no Brasil).

Vítimas da crueldade humana.




Apesar da destruição feita pelos nazistas, que não queriam deixar rastros, muitos documentos e objetos foram salvos e hoje estão expostos no local. Surgido em julho de 1947, o museu conta com as seguintes coleções: 110 mil sapatos; 3,8 mil maletas, sendo que 2,1 mil com inscrições; mais de 12 mil panelas; cerca de 40 kg de óculos; quase 470 unidades de prótese e aparelhos ortopédicos; 350 unidades de roupas de campo (os "listrados"); 250 mantas judaicas de oração; 40 metros cúbicos de metal derretido dos terrenos do chamado Canadá (armazéns de Birkenau que continham objetos roubados das vítimas); 4,5 mil exemplares de coleção artística (sendo 2 mil realizados por prisioneiros); duas toneladas de cabelos de mulheres deportadas ao campo (essa a mais impressionante).

Utensílios utilizados pelas vítimas do Holocausto.

Sapatinho de criança vítima do massacre, exposto no Museu Auschwitz.

A imensa coleção de calçados de Auschwitz.


Maleta de vítima.

Cabelos cortados das vítimas. Foto do livro "Auschwitz-Birkenau: História e Presente".

Por sua vez o arquivo conta com as seguintes peças: 39 mil negativos de fotografias de prisioneiros recém-chegados; 200 fotografias feitas pela SS de Birkenau, durante a deportação dos judeus da Hungria em 1944; 500 fotos de objetos e do terreno de Auschwitz, realizados pela SS; 2,5 mil fotografias familiares das vítimas e prisioneiros; dezenas de fotografias aéreas do campo, feita por pilotos americanos em 1944; fotos feitas após a libertação do campo; documentos do campo.

O museu conta ainda com muitas placas indicativas, frases históricas dos principais personagens ligados à história da Segunda Guerra, painéis e outros objetos de interesse, como partículas de Zyclon B, o veneno usado nas câmaras de gás.

Zyclon B, o veneno mortal das câmaras de gás.

O campo de Birkenau (Auschwitz II- Birkenau) é também uma visita importante. Ali temos a linha de trem e um vagão original da época do Holocausto, e vários barracões onde ficavam os prisioneiros submetidos a condições degradantes e insalubres, inclusive para higiene pessoal. Há também restos do que era a antiga câmara de gás.

Chegada dos judeus da Hungria em Auschwitz II - Birkenau. 1944.

Preparação para a "seleção" que invariavelmente conduzia à morte. Auschwitz II - Birkenau.

 
Explicação em inglês para o extermínio de Birkenau.


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Birkenau.

Exemplar de um vagão que levava judeus e minorias para a morte.


Os vários barracões da barbaridade nazista, vista do alto.

As latrinas para os presos, para as raras higienes pessoais. Birkenau.

Locais onde ficavam os presos amontoados. Birkenau.


Serviço

Memorial e Museu Auschwitz-Birkenau.

Endereço eletrônico: www.auschwitz.org (em inglês)

E-mail: muzeum@auschwitz.org

Horários: Todos os dias da semana; de 8 às 14 horas em dezembro; de 8 às 15 horas em janeiro e novembro; de 8 às 16 horas em fevereiro; de 8 às 17 horas em março e outubro; de 8 às 18 horas em abril, maio e setembro; e de 8 às 19 horas em junho e agosto. 

Visita (duração): sem guia, 3,5 horas; com guia, a visita geral pode durar 3,5 horas e a visita com especialista pode durar 6 horas. Há ainda visita de 2 dias.

Deslocamento entre campos: pode ser feito até mesmo a pé, sendo curioso observar no trajeto os locais das antigas fábricas, locais de escritórios, locais de trabalho dos prisioneiros e também de morte. Existem estacionamentos para carros nas proximidades dos campos. Existe também ônibus que circula entre os campos I e II. 

Sugestões de leituras: "KL - A História dos Campos de Concentração Nazis", de Nikolaus Wachsmann (vendido em Portugal; edição em inglês no e-reader Kindle da Amazon); "Depois de Auschwitz", de Eva Schloss (disponível no Brasil); "Os Bebês de Auschwitz", de Wendy Holden e Bruno Alexander (disponível no Brasil); "Auschwitz-Birkenau: História e Presente" (vendido em Auschwitz I).