O primeiro de setembro de 1939, data em que a Alemanha nazista invadiu a Polônia, ficou marcado na história mundial como o início da Segunda Grande Guerra Mundial, conflito que durou até 1945. O fim da guerra trouxe à tona o maior de seus horrores: o chamado
"Holocausto", ou seja, o extermínio em massa de judeus e de outras minorias (ciganos, polacos, eslavos, homossexuais, testemunhas de Jeová, entre outras), considerados "inimigos" do Reich, tudo fruto de uma mente doentia do principal líder nazista, Adolf Hitler, e
de seus principais asseclas (entre eles, Heinrich Himmler, líder da SS e principal nome ligado aos campos), que negavam tudo o que não fosse alemão e propugnavam pela superioridade da raça ariana. E
Auschwitz é o símbolo maior desse triste período da humanidade, que hoje transformou-se em um museu e memorial e é
"Patrimônio Mundial Cultural" reconhecido pela UNESCO desde 1979.
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Auschwitz I. |
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Auschwitz I. |
Os campos de concentração de Hitler, chamados
KL (Konzentrationslager), foram
criados em 1933, com o intuito inicial de prender pessoas contrárias ao regime nazista, notadamente adversários políticos, mas desde esse ano em que Adolf Hitler transformou-se em líder do Terceiro Reich ("Fuher"), já se prendiam judeus. Os campos eram instituições estatais administradas diretamente pelo Serviço Central de Economia e Administração da SS (WVHA). A deportação e o genocídio eram de responsabilidade de outro órgão, o Serviço Central de Segurança do Reich (RSHA). A SS ("Schtzstaffel") era, inicialmente, a guarda pessoal de Hitler, transformada depois em unidade militar e policial de elite da Alemanha Nazista, cujo auge foi a partir de 1939.
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Deportação dos Judeus a partir do Gueto de Lodz (Polônia), 1943. |
Auschwitz, o símbolo do horror do Holocausto, foi criado em meados de 1940, na cidade polaca de Oswiecim, rebatizada para Auschwitz pelos nazistas que a dominavam. Foi o maior de todos os campos de concentração e extermínio. O motivo principal da criação do famoso campo foi a constatação da superlotação das prisões, tendo em vista o incremento das detenções de cidadãos polacos. O campo de concentração (que tinha como objetivo declarado os trabalhos forçados, em regime de escravidão) se transformou em campo de extermínio (ou seja, objetivando a morte de judeus e minorias) a partir de 1942, muito embora sua história se desenrole entre 14 de junho de 1940 (data em que 728 polacos foram enviados para o campo) e 27 de janeiro de 1945 (data em que 7.500 prisioneiros são libertados pelo exército vermelho soviético).
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A entrada de Auschwitz, com o lema "O Trabalho Liberta" ("Arbeit Macht Frei"). |
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O sol atrapalhou a foto na entrada de Auschwitz. |
O complexo Auschwitz contava com
três campos, a saber,
Auschwitz I,
Auschwitz II - Birkenau, distante três quilômetros do campo I e
Auschwitz III - Monowitz (Buna), distante 6 quilômetros do Campo principal. Contava ainda o complexo com
47 subcampos. Hoje, o Memorial e Museu Auschwitz - Birkenau, visitado anualmente por mais de
2 milhões de turistas por ano, é constituído por dois desses campos: Auschwitz I e Auschwitz II - Birkenau.
A classificação dos prisioneiros em categorias do KL Auschwitz era a seguinte:
Judeus (a partir de 1942 era o grupo mais numeroso, sendo registrados 200.000 deles);
Prisioneiros Políticos (a maioria polacos, presos em operações de repressão ou por participar da resistência);
Prisioneiros Antissociais (nessa categoria entravam os ciganos, sendo que foram registrados 21 mil); Prisioneiros de Guerra Soviéticos (12 mil);
Prisioneiros Educativos (11 mil; eram os que infringiam regras de trabalho);
Prisioneiros da Polícia (somente polacos, diferenciavam-se dos prisioneiros do campo, mas ficavam aguardando a sua sentença no campo; geralmente eram condenados à pena de morte por fuzilamento)
; Prisioneiros Criminais (de nacionalidade alemã, ajudavam no trabalho de manter o regime do campo);
Testemunhas de Jeová (menor grupo, cerca de 100 pessoas; princípios religiosos eram considerados inadequados pelo regime nazista);
Homossexuais (dezenas, principalmente de nacionalidade alemã).
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Auschwitz I. |
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Alguns dados de Auschwitz no museu local. Em inglês. | | |
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Judeus e crianças no campo de concentração de Auschwitz em foto exposta no museu. |
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"Judeus são uma raça que deve ser totalmente exterminada". Hans Frank, nazista. |
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Vítima do Holocausto de 22 anos. Francês Daniel Barberonsse. |
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Chaim Kratz, judeu de 22 anos, vítima do Holocausto. |
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Auschwitz foi o único campo a tatuar suas vítimas. |
No tocante às vítimas mortas pelo regime nazista, os números do KL Auschwitz são assustadores. Foram
mortos 1 milhão de judeus nesse campo, além de
75 mil polacos,
21 mil ciganos (romanis),
14 mil soviéticos e
15 mil de outras nacionalidades,
totalizando cerca de 1, 1 milhão de mortos em razão do extermínio.
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Sala onde mulheres se despiam antes de serem executadas no Paredão da Morte. |
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Local insalubre para experimentos nazistas com as vítimas. |
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Onde era o muro da morte (execução), destruído, hoje é um muro-memorial. |
Falando do Museu e Memorial hoje existente no local, é impossível não se emocionar com a visita. É realmente uma visita dura, que coloca em teste todas as emoções do ser humano. Mais de um milhão de pessoas inocentes, muitas delas crianças, foram mortos nesse local. E crianças foram vítimas de perversos experimentos científicos por médicos nazistas, notadamente com o mais conhecido deles, Joseph Menguele (que, curiosamente, morreu no Brasil).
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Vítimas da crueldade humana. |
Apesar da destruição feita pelos nazistas, que não queriam deixar rastros, muitos documentos e objetos foram salvos e hoje estão expostos no local. Surgido em
julho de 1947, o museu conta com as seguintes coleções: 110 mil sapatos; 3,8 mil maletas, sendo que 2,1 mil com inscrições; mais de 12 mil panelas; cerca de 40 kg de óculos; quase 470 unidades de prótese e aparelhos ortopédicos; 350 unidades de roupas de campo (os "listrados"); 250 mantas judaicas de oração; 40 metros cúbicos de metal derretido dos terrenos do chamado Canadá (armazéns de Birkenau que continham objetos roubados das vítimas); 4,5 mil exemplares de coleção artística (sendo 2 mil realizados por prisioneiros);
duas toneladas de cabelos de mulheres deportadas ao campo (essa a mais impressionante).
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Utensílios utilizados pelas vítimas do Holocausto. |
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Sapatinho de criança vítima do massacre, exposto no Museu Auschwitz. |
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A imensa coleção de calçados de Auschwitz. |
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Maleta de vítima. |
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Cabelos cortados das vítimas. Foto do livro "Auschwitz-Birkenau: História e Presente". |
Por sua vez o arquivo conta com as seguintes peças: 39 mil negativos de fotografias de prisioneiros recém-chegados; 200 fotografias feitas pela SS de Birkenau, durante a deportação dos judeus da Hungria em 1944; 500 fotos de objetos e do terreno de Auschwitz, realizados pela SS; 2,5 mil fotografias familiares das vítimas e prisioneiros; dezenas de fotografias aéreas do campo, feita por pilotos americanos em 1944; fotos feitas após a libertação do campo; documentos do campo.
O museu conta ainda com muitas placas indicativas, frases históricas dos principais personagens ligados à história da Segunda Guerra, painéis e outros objetos de interesse, como partículas de
Zyclon B, o veneno usado nas câmaras de gás.
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Zyclon B, o veneno mortal das câmaras de gás. |
O campo de
Birkenau (Auschwitz II- Birkenau) é também uma visita importante. Ali temos a linha de trem e um vagão original da época do Holocausto, e vários barracões onde ficavam os prisioneiros submetidos a condições degradantes e insalubres, inclusive para higiene pessoal. Há também restos do que era a antiga câmara de gás.
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Chegada dos judeus da Hungria em Auschwitz II - Birkenau. 1944. |
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Preparação para a "seleção" que invariavelmente conduzia à morte. Auschwitz II - Birkenau. |
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Explicação em inglês para o extermínio de Birkenau. |
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Birkenau. |
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Exemplar de um vagão que levava judeus e minorias para a morte. |
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Os vários barracões da barbaridade nazista, vista do alto. |
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As latrinas para os presos, para as raras higienes pessoais. Birkenau. |
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Locais onde ficavam os presos amontoados. Birkenau. |
Serviço
Memorial e Museu Auschwitz-Birkenau.
Endereço eletrônico: www.auschwitz.org (em inglês)
E-mail: muzeum@auschwitz.org
Horários: Todos os dias da semana; de 8 às 14 horas em dezembro; de 8 às 15 horas em janeiro e novembro; de 8 às 16 horas em fevereiro; de 8 às 17 horas em março e outubro; de 8 às 18 horas em abril, maio e setembro; e de 8 às 19 horas em junho e agosto.
Visita (duração): sem guia, 3,5 horas; com guia, a visita geral pode durar 3,5 horas e a visita com especialista pode durar 6 horas. Há ainda visita de 2 dias.
Deslocamento entre campos: pode ser feito até mesmo a pé, sendo curioso observar no trajeto os locais das antigas fábricas, locais de escritórios, locais de trabalho dos prisioneiros e também de morte. Existem estacionamentos para carros nas proximidades dos campos. Existe também ônibus que circula entre os campos I e II.
Sugestões de leituras: "KL - A História dos Campos de Concentração Nazis", de Nikolaus Wachsmann (vendido em Portugal; edição em inglês no e-reader Kindle da Amazon); "Depois de Auschwitz", de Eva Schloss (disponível no Brasil); "Os Bebês de Auschwitz", de Wendy Holden e Bruno Alexander (disponível no Brasil); "Auschwitz-Birkenau: História e Presente" (vendido em Auschwitz I).
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