terça-feira, 14 de abril de 2020

LUGARES ESPETACULARES - PAFOS (PAPHOS), CHIPRE

O mundo tem inúmeros sítios arqueológicos que são famosos e dão a dimensão de como as civilizações do passado foram engenhosas e ricas culturalmente. Assim, temos sítios que representam várias civilizações importantes, como Angkor Wat (Camboja, Kmer Vermelho), Machu Picchu (Peru, Inca), Tikal (Guatemala, Maia), entre outros. Há também sítios arqueológicos menos conhecidos, mas não menos ricos culturalmente.  Nesse âmbito menos conhecido, destaca-se Pafos, localizado no Chipre.

O Odeon de Pafos. Foto: Paul Lakin. CC BY SA 3.0 In: WC


Pafos ajuda a entender o modo de vida de povos bem antigos, eis que surgiu ainda antes de Cristo, havendo notícia de ocupação humana no Neolítico (Pré-História). 

O local tem nítida presença de cultura grega, notadamente a mitologia, sendo um lugar de culto de Afrodite. Antes, vale dizer, eram cultuadas deusas da fertilidade pré-helenísticas, notadamente mesopotâmicas e fenícias, a exemplo de Ishtar (mesopotâmica) e Astarde (Fenícia).  

O sítio arqueológico é dividido em duas partes: Kato Paphos e Kouklia. Kato Paphos inclui os restos da antiga Nea Paphos (a cidade sagrada de Afrodite) e as Tumbas dos Reis. Já a vila de Kouklia inclui os restos do Templo de Afrodite (Santuário de Afrodite) e Palaepaphos (Velha Paphos). 

Paphos é considerado um sítio de importância cultural justamente pelo fato de estar relacionado ao culto de  Afrodite (Vênus era sua equivalente romana), a Deusa do Amor, que, sob a influência dos poemas de Homero, tornou-se o ideal de beleza e amor, inspirando poetas e escritores durante toda a história da humanidade. 

Uma curiosidade: pela mitologia, Afrodite teria nascido em Pafos, o que lhe garantiu um apelido ligado ao nome atual do país - "Cípria". Pafos foi o principal local de culto da deusa do amor e é esse valor que fez com que o sítio arqueológico ganhasse importante projeção turística internacional.

O destaque de Pafos, além do bem conservado Odeon (foto acima), são seus lindos mosaicos, considerados entre os mais belos do mundo. 

Mosaico. Pafos (Paphos). Foto de Arnold Schott. In: WC
 
Mosaico. Pafos (Paphos). Foto de Arnold Schott. In: WC

É, desde 1980, "Patrimônio Mundial Cultural" pela UNESCO. 

segunda-feira, 13 de abril de 2020

LUGARES ESPETACULARES - MOSTEIRO DE RILA, BULGÁRIA

A Bulgária tem como principal religião o cristianismo ortodoxo - mais de oitenta por cento da população pertence à igreja ortodoxa. E um dos maiores símbolos da religião ortodoxa no país é justamente o Mosteiro de Rila, uma das maiores atrações turísticas daquele país.

O mosteiro foi fundado por São João de Rila, antes Ivan Rislki (876-946), que hoje é santo tanto na Igreja Ortodoxa quanto na Igreja Católica, o que comprova a riqueza espiritual de sua vida baseada em jejuns e privações. João permaneceu grande parte de sua vida em uma caverna da região montanhosa do mosteiro, tornou-se popular e hoje é o padroeiro da Bulgária.  Fez vários milagres e por isso é venerado como santo. 

O Mosteiro de Rila nas montanhas. Foto: Peter Dlouhý. Em: WC. CC BY-SA 3.0

O complexo é grande - são 8.800 metros quadrados, a uma altitude de 1.147 metros. Há no complexo 300 celas onde os monges dormem, distribuídas em quatro andares.

Sofia fica a 120 km. Assim, é possível fazer um passeio bate e volta para o local, conhecendo-se o interior  e as suas duas atrações principais - a Torre Hreliov e a Igreja da Natividade da Virgem. 

A Torre Hreliov, belíssima, foi criada ainda na idade média, entre 1334 e 1335, sendo a única estrutura que não sofreu danos com o incêndio que atingiu o local no início do século XIX.

Torre Hreliov. Rila. Foto: Mark Ahsmann. In: WC. CC BY SA 4.0.

Por sua vez, a Igreja da Natividade da Virgem foi construída após o incêndio, em 1834-1837. Com muitos afrescos, altares e capelas, agrada em cheio os turistas que a visitam. 

Igreja. Mosteiro de Rila. Foto: Octavioyuna. In: WC. CC BY-SA 4.0.


Uma curiosidade: é possível até se hospedar no Mosteiro de Rila, mas um aviso: não há comida no local e só abre com a luz solar. 

O fabuloso Mosteiro de Rila é Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO desde 1983. 

domingo, 12 de abril de 2020

LUGARES ESPETACULARES - COMPLEXO DO CASTELO DE MIR, BELARUS

Castelos são residências fortificadas, símbolo de uma era, a medieval. A Europa conta com diversos castelos em vários países. Construídos por reis ou nobres feudais, os castelos tinham função defensiva, em época que eram comuns ataques. Podiam servir também como prisões. Um bastante interessante é o Castelo de Mir, na Belarus (ou Bielorússia, a chamada "Rússia Branca").

Construído no século XV, o Castelo de Mir é Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO desde 2000. Inicialmente construído em estilo gótico, após destruído foi reconstruído no estilo barroco. Durante o período napoleônico, o castelo sofreu muitos danos, sendo novamente reconstruído no final do século XIX. Na sua reconstrução, houve uma maior integração com a natureza, criando-se um parque adjacente, transformando a paisagem. 


Castelo de Mir. Foto: Alexxx79. In: WC.

Durante a Segunda Guerra (1939-1945), o castelo de Mir foi tomado pelas forças nazistas e ali foi instalado um gueto para abrigar a população judia local. 

Há várias excursões saindo de Minsk, capital de Belarus que dista 100 km do local.

LUGARES ESPETACULARES - MBANZA KONGO, ANGOLA

Vamos voltar no tempo, mais precisamente a partir do século XIV. A partir dessa data histórica surge, no sul da África, o Reino do Congo, que perdura até o século XIX. Um dos vestígios mais significativos dessa cultura é Mbanza Kongo, antiga capital daquele reino  e hoje sítio arqueológico localizado em Angola, patrimônio cultural da humanidade desde 2017.

O Reino do Congo foi descoberto pelos portugueses em 1483, por obra do explorador Diogo Cão, que ali aportou na foz do rio Congo. Houve influência decisiva do reino Português para que as práticas religiosas do Congo passassem a ser majoritariamente católicas (antes, havia naquele local religião tradicional africana). 

A descoberta do Reino do Congo pelos portugueses foi fundamental para a colonização de Angola. E mais. A partir do início da colonização, Portugal funda cidades como Luanda (1575) e Benguela (1617), que se tornaram  bases para o comércio de escravos.  

Batalhas fizeram com que o Reino do Congo fosse perdendo paulatinamente a sua independência, até se tornar estado vassalo de Portugal. O último dos 48 monarcas do Congo, Pedro VII, já era um rei de um estado vassalo. 

D.Pedro VII, Rei do Congo e sua rainha Elizabeth.

Relevante mencionar também que o Reino do Congo tinha uma abrangência significativa, sendo dividido pelas potências colonialistas, ou seja, não só Portugal teve acesso a essas terras. Assim, a dilaceração do Reino do Congo se deu em três partes: África Equatorial Francesa (que hoje são quatro estados, a saber, Congo, Gabão, República Centro-Africana e Chade, todas possessões francesas à época do colonialismo), Congo Belga (que já foi Zaire e hoje é República Democrática do Congo, circo de horrores do rei belga Leopoldo durante o colonialismo e depois de Mobutu a partir de 1971) e Angola. Portugal, vale dizer, manteve o domínio sobre Angola e, principalmente, sobre Mbanza Kongo, então chamada pelos portugueses de São Salvador do Congo. 

Angola, importante destacar, só conseguiu se tornar independente de Portugal em 1975. Hoje o cristianismo domina a cena religiosa - 93 por cento da população - sendo a maioria de católicos (cerca de 60 por cento). A língua oficial é o português, existindo várias línguas regionais, nas quais inclui-se o congo e o umbundu. 

É um país com história de muitas lutas, mas com significativa mancha decorrente de um colonialismo europeu exacerbado, com tristes episódios, como a escravidão, por exemplo.

Assim declarou a UNESCO, quando da concessão do título de Patrimônio Cultural da Humanidade à Mbanza Kongo, sem adentrar no terreno pantanoso do colonialismo:

"A cidade de Mbanza Kongo, situado num platô a 570 metros de altitude, era a capital política e espiritual do Reino do Kongo, um dos maiores estados constituídos na África Austral dos séculos 14 a 19. A área histórica cresceu em torno da residência real, da corte costumeira e da árvore sagrada, além dos locais fúnebres reais. Quando os portugueses chegaram no século 15, acrescentaram edifícios de pedra construídos de acordo com os métodos europeus à aglomeração urbana existente,  construída com materiais legais. Mbanza Kongo ilustra, mais do que em qualquer lugar da África Subsaariana, as profundas mudanças causadas pela introdução do cristianismo e pela chegada dos portugueses à África Central". (Tradução para o português do autor do presente post, referente ao texto contido no link https://whc.unesco.org/en/list/1511).
 
Ruínas da Catedral de São Salvador do Congo. CC BY-SA 3.0 In: WC.