A República Democrática Federal do Nepal é, ainda, um país pouco conhecido dos brasileiros, embora sua divulgação tenha aumentado com as imagens e citações de uma novela da globo.
Situado no subcontinente indiano, na encosta do Himalaia, uma grande cordilheira, e tendo como seu ponto mais alto o Everest, com 8.844 metros de altura, o Nepal guarda grandes imagens e muitas curiosidades. Formado por diversas etnias (são mais de cento e vinte em seu território), tem como religião dominante o hinduísmo, havendo ainda budistas nepaleses e tibetanos.
A maior de todas as curiosidades é, sem dúvida, a deusa viva do Nepal, a Kumari, um símbolo daquele país há mais de 2.500 anos.
Kumari, ao pé da letra, significa "virgem" em nepalês. É um símbolo de pureza. Designa a criança que é considerada uma espécie de reencarnação viva (e temporária!) de Taleju Bhawani, face feminina da deusa do hinduísmo Durga (esposa de Shiva e mãe de Ganesha, dentre outros filhos). É adorada pelos hinduístas e budistas nepaleses - os budistas tibetanos não seguem essa crença.
A deusa viva é capa até do livro turístico local. |
Existem Kumaris em três cidades, todas do Vale de Katmandu: Katmandu, Patan e Bhaktapur.
A Kumari é escolhida, basicamente, dentro do clã Shakya, e geralmente tem entre três e treze anos. Treze anos é praticamente o máximo que a menina consegue manter o título temporário, uma vez que a primeira perda de sangue (menstruação, acidente ou doença) significa a perda do reinado. O processo de escolha é difícil, sendo valorizados muitos aspectos, como a perfeição da pele, por exemplo. Quem dá a palavra final é um astrólogo.
A Kumari de Katmandu geralmente aparece ao fim da tarde, na janela localizada dentro de seu palácio, o Kumari Ghar. É uma aparição rápida, e é proibido tirar fotos. Existe uma crença que, a cada aparição, deve-se dar um dízimo em moeda nepalesa em homenagem à divindade viva.
A janela de cima. Onde a Kumari aparece. Kumari Ghar, Katmandu, Nepal. |
Outra crença bastante difundida é que quem casa com a Kumari geralmente morre cedo. Geralmente os homens tem medo de se casar com elas depois do reinado, tudo por conta dessa crença. Muitas delas foram, ou são, casadas. Mas as últimas (pelo menos as quatro últimas) continuam solteiras...
Vale lembrar também a difícil vida dessas meninas, que vivem constantemente fechadas dentro do palácio e com pouco contato exterior, em um período que estariam no auge da infância. Mas crença é crença, não estamos aqui para discutir isso.
Dentro do Kumari Ghar, em Katmandu. |
Uma dica: cuidado ao entrar no palácio - a porta é bem baixa...
Enfim, uma história muito curiosa. Uma adoração inédita no mundo. Adoração exótica e controversa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário