domingo, 28 de outubro de 2012

PISA, INCLINAÇÃO PARA ENCANTAR!

Quando se fala em Pisa, logo se pensa na sua famosa "Torre Inclinada" (ou como preferem os italianos, "Torre Pendente di Pisa"). E, de fato, é uma das maiores atrações turísticas não só da Itália, mas também de todo o mundo.  E, diga-se mais: faz jus à fama, dada a sua rara beleza arquitetônica. Ainda mais agora, que está toda livre, limpa e sem qualquer tipo de obra de restauração ou limpeza. Um autêntico deleite para os fotógrafos!

Mas Pisa é muito mais que isso. A partir da Estação Central, e até chegar à famosa "Piazza Dei Miracoli", onde estão os três ícones da cidade, a saber, a Torre, a Catedral e o Batistério, observa-se uma Pisa que os turistas não veem: a Pisa limpa, linda, organizada e com um centro histórico,  às margens do Arno, belo e superpreservado! Destaque ali no centro histórico para a bela "Chiesa Santa Maria Della Spina".

Piazza Dei Miracoli, em Pisa. Batistério, Catedral e Torre (campanário), em sequência.
Historicamente, a cidade teve seu apogeu comercial justamente na Idade Média, quando sua poderosa armada dominou o Mediterrâneo Ocidental. Perdeu força, primeiro com a derrota para Gênova,  depois com o domínio florentino.

Pisa é também um importante centro científico. Não sem razão. Ali nasceu Galileo Galilei, o "Pai da Ciência Moderna", o "Pai da Astronomia", dentre outros títulos a ele concedidos. Galileo defendeu a tese do heliocentrismo (o sol como centro do universo), em uma época que predominava o entendimento de que os astros giravam ao redor da Terra (geocentrismo, estudado inicialmente por Aristóteles). Foi perseguido pela Santa Inquisição e, séculos depois, perdoado pelo Papa João Paulo II. Hoje, a discussão encontra-se superada, já que muitas descobertas advieram séculos depois: o sol é apenas mais uma estrela, o universo tem muitas galáxias, etc.

A Universidade de Pisa (1343), escolhida em 2011 a melhor universidade italiana,  é uma das mais tradicionais daquele país, daí é fácil observar a quantidade de jovens que existe na cidade. Uma cidade jovem, com espírito jovem. Eis Pisa hoje, na sua essência.

Depois de uma caminhada contemplativa por esta bela e pouco explorada cidade, chega-se à "Piazza Dei Miracoli" (ou "Campo Dei Miracoli"), patrimônio mundial da UNESCO. Se para Drummond havia uma pedra no meio do caminho, para a Toscana há a "Piazza Dei Miracoli" no meio do caminho entre Florença e Lucca. E que, sem dúvida, vale a pena conhecer, passando ali de duas a três horas do dia do bate-e-volta famoso, chamado aqui de "Florença - Pisa - Lucca".

Conforme ressaltado alhures, a "Piazza" é um conjunto arquitetônico formado pela Catedral de Pisa (Duomo), pelo Batistério e pela famosa Torre Inclinada (ou Torre Pendente, o campanário). Curiosidade: não só a Torre é inclinada. Os outros dois monumentos também são! A inclinação em Pisa parece ser mesmo uma marca da cidade! Além dos três monumentos do Campo, ainda são inclinadas, na cidade, as igrejas "San Nicola" e "San Michele Degli Scalzi".

A soberba Catedral de Pisa (Duomo di Pisa) é um exemplar característico de arquitetura que se convencionou chamar estilo "Românico de Pisa". Estilo bem peculiar, que aparece na maioria dos "Duomos" da região Toscana. Nota-se a similitude entre eles por conta justamente deste estilo. Além do exterior magnífico, destaca-se, sem dúvida, a Capela-Mor, onde há um mosaico de "Cristo Pantocrator". Pantocrator que, em grego, significa "todo poderoso", e é uma palavra citada algumas vezes no Novo Testamento.

Outro destaque da famosa Catedral, que vale a pena admirar, é o conjunto de três pares de portas de bronze na entrada principal (lado oeste), que evocam passagens bíblicas famosas, como o nascimento de Cristo, a crucificação, etc. Até as crianças podem brincar por ali - o barato é achar o rinoceronte! 


A belíssima Catedral de Pisa ("Duomo di Pisa") com a Torre Pendente de Pisa ao fundo.

O Batistério de Pisa, por sua vez, também impressiona por fora, embora por dentro possa parecer simples demais. Batistério é, para os cristãos, lugar destinado aos batismos, um dos sacramentos da Igreja Católica. Destaque para o púlpito hexagonal de mármore e o belo piso islâmico, daí a importância da visita. Alguns turistas ainda aproveitam para ouvir um famoso "eco" existente no local. 


Interior do Batistério de Pisa. Em frente ao púlpito hexagonal.

Para se entrar na Catedral e no Batistério, interessante comprar um ingresso combinado para as duas atrações. Compensa mais, sem dúvida.

Mas a maior atração é mesmo a Torre Inclinada. É por causa dela que milhões de turistas visitam à cidade todos os anos, buscando um ângulo perfeito para tirar um foto brincando com a inclinação característica, seja colocando a mão nela, seja empurrando-a. O fato é que a Torre é um marco da Itália e as poses em frente dela multiplicam-se dia após dia.

A Torre Inclinada de Pisa.

A inclinação do campanário (que é o local onde os sinos badalam) deve-se à mistura de areia e argila existente no local, com 40 (quarenta) metros de profundidade. Várias vezes profissionais tentaram conter a inclinação, chegando até mesmo a fechá-la ao público, mas o fato é que a Torre permanece ali, impávida, bela e exuberante. Um colírio para os olhos. 15 euros são gastos para a visita e subida de 30 (trinta) minutos pela Torre. Reservas são interessantes, e às vezes necessárias (dependendo da época do ano), principalmente pelo site www.opapisa.it.

O "Campo Dei Miracoli" conta ainda com um cemitério ("Camposanto") e um museu interessante ("Museu Dell´Opera Del Duomo").

Ah, entre Florença e Pisa encontra-se San Miniato, cidade cuja fama advém da famosa "caça às trufas (ou tartuffi, em bom italiano)", mas isso é assunto para outro post.

Enfim,  Pisa tem vocação para encantar todos os visitantes!

domingo, 21 de outubro de 2012

SAN GIMIGNANO, A MANHATTAN MEDIEVAL

San Gimignano, na Toscana, é, indiscutivelmente, uma das cidades mais sublimes da encantadora região italiana.

A pequena urbe, conhecida também como a "Manhattan Medieval",  tem como característica marcante as suas torres (daí a alusão à cidade norte-americana), construídas por famílias abastadas que objetivavam demonstrar o seu poderio. Quanto mais alta fosse a torre, maior a fortuna da família. Das 72 (setenta e duas) torres originais, apenas 14 (catorze) permanecem ainda nos dias de hoje. Curiosamente, muitas torres foram rebaixadas, uma vez que várias famílias experimentaram, com o passar dos anos, decréscimo em sua fortuna.


Aspecto da  cidade de San Gimignano, com uma de suas catorze torres em destaque.

Historicamente, o mesmo local onde hoje a cidade está situada foi sede de uma vila etrusca, ainda no século III a. C.  Os etruscos estão para a Toscana como os gauleses para a França: literalmente dominavam a região naquelas épocas antigas e foram os primeiros a subir aquela colina.

Mas o século X d. C, portanto durante a Idade Média, é que marca o efetivo nascimento do que é hoje  San Gimignano. O nome, no entanto, tem origem ainda no século VI,  quando o bispo de Modena "San Geminiano" (Gimignano é uma vulgarização do nome surgida tempos depois) defendeu a cidade da invasão das hordas de Atila, rei dos Hunos.

Ainda no século 12, mais precisamente em 1139, San Gimignano liberou-se do domínio protoganizado pelo Bispo de Volterra, tornando-se uma vila independente. Sofreu intensas perdas humanas durante a Peste de 1348 (que afetou toda a Toscana) e foi submetida ao domínio de Florença em 1353. Após o domínio florentino, que perdurou por mais alguns séculos, a cidade experimentou um período de extrema crise, até que, no século XX voltasse a florescer como um patrimônio mundial reconhecido pela UNESCO , notadamente pela  preservação de seus prédios e pela valorização de suas maravilhosas obras de arte.

Para se chegar à "Big Apple" medieval, pode-se usar a combinação trem mais ônibus (a estação de trem "Poggibonsi" é a mais próxima), carro (que deve ser estacionado próximo à Porta San Giovanni) ou mesmo comprar excursões provenientes de Florença, que combinam várias cidades num mesmo dia. Vale ressaltar a importância de se ter, pelo menos, de 3 (três) a 4 (quatro horas) de visitação na urbe medieval, para que se possa experimentar um "gelato" incrível, visitar a Collegiata em detalhes e curtir as diversas praças, museus e igrejas interessantes.

A cidade é todo homogênea, linear em termos de arquitetura. Limpa, logo na entrada a Porta "San Giovanni" dá as boas-vindas à cidade das torres. A partir de então,  observa-se um sem número de lojas de souvenires e roupas. O comércio é intenso. Extremamente preservada, chega-se fácilmente à conclusão de que a cidade é  merecedora do título conferido pela UNESCO.


Porta San Giovanni. Bem-vindo à "Manhattan Medieval".

Destaque, na área comercial, para a famosa "Gellateria Di Piazza", na "Piazza della Cisterna" que, segundo a lenda (e os escritos na sua porta), foi campeã mundial em duas temporadas: 2006/2007 e 2008/2009 . Eles ainda se intitulam como "o melhor sorvete do mundo". As filas na entrada indicam que realmente o sorvete é de alta qualidade (qual não é, em se tratando de Itália?). Pude comprovar que o "gelato" é merecedor da fama - especialmente o de "nocciola" (avelã), meu eterno favorito!

A Piazza della Cisterna tem esse nome em decorrência de uma cisterna localizada no meio da praça. Bastante curiosa. Marca o centro da cidade antiga.

No quesito tesouros artísticos, vale destacar a famosa "Collegiata", uma das igrejas mais lindamente decoradas da Toscana. Está localizada na Piazza Del Duomo e é e a principal igreja da cidade medieval - por isso é descrita como o "Duomo".


Piazza Del Duomo. Collegiata e a Torre Grossa, a mais alta de San Gimignano.
A Collegiata, ou Basílica da Assunção de Nossa Senhora, é um exemplar estupendo de arquitetura românica na Toscana.


Collegiata. Parte exterior sóbria. Parte interior exuberante.

Mas o destaque mesmo fica para o seu interior. As paredes da Basílica são inteiramente decoradas com afrescos. Do lado direito de quem entra, e considerando estar em frente ao altar como referência, temos cenas do "Antigo Testamento", pintadas por Bartolo de Fredi; do lado esquerdo, cenas do "Novo Testamento", provavelmente desenvovidas por Lipo Memmi. Em especial, vale prestar atenção no afresco "A Criação", o mais bonito de todos.

Temos ainda dentro da Collegiata uma interessantíssima e diminuta capela, a "Cappella di Santa Fina", em homenagem a uma das padroeiras da cidade. Singela, mas ao mesmo tempo interessante, dada a qualidade empregada nas manifestações artísticas.

Outra igreja bastante interessante da cidade medieval é a "Chiesa di Sant´Agostino", na Piazza Santo Agostino, com decoração interior que relembra passagens da vida de Santo Agostinho, desenhadas por Benozzo Gozzoli. Segundo a lenda, Santo Agostinho teria salvado a cidade da peste, fato este que foi retratado de maneira soberba em um afresco na parede norte da igreja.

O "Museo Del Vino" é uma atração gratuita da cidade e evoca uma das instituições de San Gimignano: o vinho branco Vernaccia, evocado até mesmo na "Divina Comédia" de Dante Alighieri. Não fica distante da Collegiata e vale a conferida, se o viajante dispuser de mais tempo.

Outra dica preciosa, e pouco difundida, é a "Galleria Continua". A "Galleria" é um museu particular e tem obras de arte de vários artistas famosos, como Daniel Buren e Carlos Garaicoa. Abriga também exposições permanentes, sendo que a melhor é a de Michelangelo Pistolleto. Fica na Via del Castello e a entrada é franca.

Finalmente, para que o "tour" seja completo pela urbe medieval, vale mencionar ainda o "Museo Civico", com interessante acervo de obras de arte, incluindo Bartolo de Fredi, Benozzo Gozzoli e Fillipino Lippi. Fica na Piazza Del Duomo, mais especificamente no "Palazzo Del Popolo" ou "Palazzo Comunale" (sede do governo local), ao lado da Collegiata.

Enfim, estas são as atrações principais da mais cativante das cidades medievais. Vale a pena visitar!

domingo, 14 de outubro de 2012

LUCCA, LA PIÙ BELLA!

Lucca. Fora dos roteiros turísticos das grandes excursões, mas já bastante visitada por turistas acostumados a andar de trem, é um lugar notável para se conhecer nos arredores de Pisa (vinte minutos) e Florença (uma hora e vinte minutos).

Aspecto da bela e limpa cidade de Lucca, na Toscana.

Aliás, vale aqui abrir um espaço para explicar como se chega à Lucca, a partir de Florença. Florença que, aliás, foi meu ponto de partida para se conhecer toda a região!

Primeiro, o viajante deve comprar, nos caixas automáticos, em dinheiro (euros) ou cartão de crédito (aceitam-se todas as bandeiras), a passagem "Florença Santa Maria Novella" (a estação central) para "Pisa Centrale". A viagem neste roteiro (Florença-Pisa), em trem rápido, demora uma hora. No caixa, abrir-se-á um menu, onde é possível visualizar-se todas as opções de viagem, desde as mais rápidas até as mais vagarosas. Optei, por óbvio, pela mais rápida, com uma hora de duração. Em "Pisa Centrale", vale descer e utilizar um meio de transporte (táxi ou ônibus) ou mesmo caminhar a pé, por trinta minutos, dentro de Pisa, para se atingir a famosa "Piazza dei Miracoli", onde se encontra a "Torre Inclinada de Pisa". Após o passeio, deve-se encaminhar para outra estação, a "Pisa San Rossore", a cinco minutos da Piazza dei Miracoli (importante informar-se quanto à direção, para não errar) e ali tomar o trem em direção à Lucca, em uma viagem que dura vinte minutos. Duas pessoas, viajando de trem, gastam, hoje, cerca de 33 euros. Em excursões de um dia vendidas em Florença, gasta-se, para o mesmo roteiro, 58 euros por pessoa, sem direito à qualquer tipo de refeição. Compensador ou não viajar pelo eficiente sistema ferroviário?

Didaticamente então, resumindo o roteiro, temos: Florença (Santa Maria Novella) --> Pisa Centrale --> Pisa San Rossore --> Lucca--> Florença (Santa Maria Novella). E não esqueça de validar o tíquete!


Bem-vindo à Lucca! Estação ferroviária da cidade.

Muito embora, linhas à frente, destacaremos uma série de atrações da cidade murada, que logicamente demandariam do turista ou viajante pelo menos mais um dia inteiro para conhecê-las em sua inteireza, o que descarta um simples passeio bate-e-volta. Pessoalmente, indico dormir uma noite na cidade murada, para curtir aquela atmosfera especial de um dos mais belos municípios italianos.

Lucca é conhecida internacionalmente como a cidade onde nasceu Giácomo Puccini (1858-1924), um dos grandes compositores italianos de todos os tempos. Para se ter uma idéia da dimensão de sua obra, escreveu "La Boheme", "Madame Butterfly", dentre outras composições extremamente famosas em todo o mundo. E tudo ali parece respirar Puccini. Há, inclusive, como não poderia deixar de faltar, a casa onde o famoso compositor nasceu - a "Casa di Puccini", atração localizada na Via de Poggio.

E uma coisa é certa: a cidade é inspiradora como uma bela ópera! Talvez a minha favorita na Toscana no quesito simpatia e aconchego, Lucca conquista a todos, que ali têm um imensa vontade: ficar, curtir a história, a natureza e o clima gostoso da cidade, preferencialmente alugando uma bicicleta!

Historicamente, relatos indicam que Lucca deve seu nascimento aos  etruscos (povos que viviam na região que hoje é conhecida como Toscana) e romanos. Alguns falam em fundação ainda na Era Paleolítica, mas a teoria mais difundida e aceita é a de que a cidade foi fundada em 180 a. C, pelos romanos.

O nome Lucca advém do vocábulo da língua celta "Luk", que significa "área de pântanos". Hoje, definitivamente, nada indica a inspiração para o nome!

Dando continuidade à descrição histórica, Lucca tornou-se municipalidade romana em 89 a.C. O famoso encontro entre César, Pompéu e Crasso ocorreu na cidade em 56 a. C.

No entanto, na era medieval é que Lucca encontra seu ritmo de crescimento. É o seu apogeu. A partir do comércio de seda, tornou-se um centro comercial importante em termos europeus. Foi também a época do embelezamento da cidade murada, com muitas criações arquitetônicas de grande impacto. Mas também foi uma época muito confusa em termos de guerra, fato comum na região da Toscana durante a Idade Média.

Após o século XIII, tivemos, em apertada síntese, os seguintes eventos históricos: época em que foi dominada por Florença (séculos XIV e XV); incremento agrícola (século XVI ao XVII); domínio de Napoleão Bonaparte, a partir de 1805, que doou a cidade murada à sua irmã, Elisa Baciocchi, que a governou de 1805 a 1815; incorporação ao Grão-Ducado da Toscana, em 1817; e, finalmente, tornou-se parte do Reino unificado da Itállia em 1865.

História à parte, Lucca hoje é uma cidade de múltiplas atrações, dado que seu centro histórico, um dos mais notáveis da Itália, nunca sofreu qualquer tipo de abalo, nem mesmo na Segunda Grande Guerra Mundial.

A primeira atração da cidade murada, como não poderia deixar de ser, são, justamente, os seus muros (ou muralhas, como preferem alguns). Muros que circundam todo o centro histórico, com quatro portas, sendo que, cada uma delas, leva a uma direção ou cidade diferente: a "Porta San Frediano", leva à Parma; a "San Gervasio", leva à estrada para Florença e Roma; a "San Pietro", leva à Pisa e à Estação Ferroviária; e a "San Donato", que leva à Luni.



Placa indicativa da Porta de San Pietro. Muros de Lucca.
A maior atração de Lucca, em termos arquitetônicos e culturais, é, sem dúvida, a "Catedral de San Martino", que retrata de maneira monumental o estilo românico de PisaA atual configuração da igreja data do século XV, muito embora tenha sido construída por San Frediano ainda no século VI e reconstruída pelo papa Alexandre II em 1070.


Catedral de San Martino em Lucca.
Vale destacar na Catedral a fachada, com esculturas românicas e colunatas; o belo campanário (torre), conforme se pode observar na foto acima; o "Túmulo de Ilaria del Carretto", uma linda obra em mármore no interior da igreja, de Jacopo dela Quercia; e a "Viagem dos Reis Magos", de Nicola Pisano, logo no portal esquerda (entrada).

Outra igreja imperdível de Lucca em matéria de estilo românico de Pisa é "San Michele in Foro", localizada na Piazza San Michele. "In foro", porque está localizada na praça do antigo fórum.  Destaque para o seu belo exterior, já que, no interior, apenas uma pintura de Filippino Lippi é digna de nota ("Santa Helena, São Jerônimo, São Sebastião e São Roque").


San Michele in Foro.
A Lucca romana é relembrada no "Anfiteatro Romano", localizado na "Piazza del Mercato". É muito pitoresca a praça, em formato oval. Ou seja, só se lembra que ali foi uma espécie de coliseu pelo formato atual, não pelas relíquias históricas ou mesmo pelo anfiteatro em si, que não existe mais.

Muito embora sejam imperdíveis as muralhas, a Catedral de San Martino, a Igreja San Michele in Foro e o Anfiteatro Romano (o "quarteto fantástico de Lucca"),  vale ainda lembrar, como destaques, para quem vai ficar pelo menos mais um dia na cidade murada, o "Palazzo Duccale", sede do executivo local e da antiga "signoria"; o "Teatro Giglio", com bela fachada; e as Igrejas "San Giovanni e S. Reparata", "San Romano", "San Alessandro" e "San Paulino".

Enfim, Lucca é vida! Vale a pena conhecer uma das mais belas e simpáticas cidades italianas.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

ASSIS, TERRA DE FRANCISCO

Nada melhor que homenagear São Francisco, no seu dia - 04/10 - falando de seu berço, Assisi, na Itália e, porque não, dele também.

Assisi, ou Assis em bom português, é mais que o berço dos amigos Francesco e Chiara (que se transformou em Santa Clara). É uma bela cidade da Úmbria italiana, que teremos oportunidade de destacar linhas à frente. 


Panorama da cidade de Assisi, na Úmbria italiana.

Mas antes vamos falar um pouco de São Francisco de Assis, este que é talvez o maior, no quesito humanidade, de todos os santos venerados pela Igreja Católica e que causa, todos os anos, imensa comoção nos fiéis quando visitam sua cidade.

Francesco Giovanni di Pietro Bernardone nasceu em 1182. Filho de uma família abastada, após viver uma juventude intensamente boêmia, renunciou a todos os bens materiais e passou a fazer pregações. A sua vida é um exemplo vivo para uma humanidade cujos bons exemplos são raros - desapego ao materialismo, contato permanente com a natureza (famoso pelos contatos com animais) e ajuda às pessoas doentes, notadamente leprosos, eram a base de sua vida. De suas pregações e manifestações religiosas surgiu a famosa "Ordem dos Franciscanos". O povo aprendeu a amar o homem, e depois santo, Francesco (Francisco), apelidando-o justamente de "Il Poverello" ("O Pobrezinho").

Voltando à Assis (adotamos aqui o nome referente ao nosso vernáculo),  cabe dizer que a cidade é encantadora, surpreendendo os que acreditam existir apenas a "Basílica de São Francisco" como atração.

É fato, a Basílica é realmente impressionante. Mas Assis é muito mais que isso.



Visão de Assis a partir da Basílica de São Francisco. Pax, pede a cidade.

É uma cidade que conta com algumas atrações que merecem ser vistas. Atrações ligadas à São Francisco, à Santa Clara, mas também outras que remontam ao período romano.

Falaremos primeiro de Santa Clara.

Santa Clara, cujos restos mortais encontram-se na belíssima Basílica de Santa Clara em Assis (que vale, portanto, a visita), era, também, uma pessoa iluminada, que viveu no mesmo tempo de São Francisco e era uma discípula dele. 

Clara (Chiara, em italiano), fundou, na Igreja Santa Maria Dei Angli (nos arredores de Assis,podendo ser traduzida para nosso vernáculo como " Santa Maria de Los Angeles", que deu origem ao nome da famosa cidade americana), o ramo feminino dos fransciscanos, conhecido como "Clarissas". Assim como São Francisco, abandonou uma vida abastada (era rica e bonita) para ajudar os pobres e necessitados.

Abrindo um espaço, vale destacar, em imagem, a "Santa Maria Dei Angli", onde, dentro dela, existe uma igreja menor, chamada "Porciúncula". A "Porciúncula" é uma pequena capela dentro da igreja mostrada abaixo. É muito interessante, talvez um fato único no mundo.

A "Santa Maria Dei Angli", onde Santa Clara fundou ramo da Ordem dos Fransciscanos.

Voltando à Assis propriamente dita, alguns metros adiantes da Basílica de Santa Clara, encontramos a "Piazza Del Comunale", onde se observa a "Assisi Romana". Durante o século XIV, Assis foi dominada pelos romanos, e a presença hoje ainda é notada principalmente pelo "Templo de Minerva" e complexo localizado nessa praça, incluindo uma bela torre ("Torre Del Comunale"). Vale a pena observar atentamente a arquitetura interessante do local.

Templo de Minerva no centro da foto. Torre Del Comune à esquerda. A face romana de Assis.
A terceira igreja em importância da cidade é justamente a de seu padroeiro: São Rufino. Curiosamente, é esse o santo padroeiro de Assis. A Catedral de São Rufino é também bastante interessante, sendo reconstruída no século XII, após destruição ocorrida ainda no século VIII.

Mas o final da perigrinação pela cidade indica que o turista, ou viajante, ou mesmo fiel, chegou à famosa "Basílica de San Francesco", igreja dividida em duas partes: superior e inferior. É um dos maiores templos de perigrinação no mundo, recebendo anualmente algo em torno de 5 milhões de visitantes.


Basílica de São Francisco. Ponto alto da visita à Assis.
A Basílica é realmente impressionante e merece a fama.

Para começar, vale a pena deslumbrar-se, na parte superior,  com os afrescos de Giotto, logo a partir da entrada da igreja, nas paredes laterais, que indicam todos os detalhes da vida de São Francisco. São vinte e oito notáveis episódios da vida de São Francisco de Assis, incluindo alguns bastante interessantes, como a "cura de uma mulher doente" ou mesmo "a ressureição de uma mulher morta em pecado". Destaque ainda, na parte superior, para os maravilhosos vitrais e para o mosteiro de Sixto IV.

Na parte inferior, destaque para a tumba de São Francisco e seus restos mortais e para uma série de afrescos, nas quais destaco "A Crucificação", de Giotto, o mais belo deles. Também impende destacar o afresco que mostra uma viagem que São Francisco fez para o Egito. São Francisco que, aliás, era um viajante inveterado... Também há ainda reminiscências de roupas usadas pelo santo na parte inferior.

Em 26 de setembro de 1997, a Basílica sofreu uma destruição bastante significativa com o terremoto que atingiu Assis.  Parte do teto da parte superior desabou, causando enorme prejuízo nos afrescos existentes no local. Hoje, encontram-se restaurados.

E, por fim, vale lembrar que no ano de 2000 os "lugares franciscanos", tais como a Basílica de São Francisco, a de Los Angeles e a de Santa Clara, foram considerados Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO em uma homenagem que reflete a importância da cidade para o mundo.