terça-feira, 24 de março de 2020

CIDADES ESPETACULARES - SHIBAM, A MANHATTAN DO DESERTO, IEMEN.

Shibam, no Iêmen, é uma cidade realmente diferenciada, reconhecida como Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO em 1982.  Desde 2015, está inscrita como Patrimônio em Perigo, dadas as condições daquele país do Oriente Médio em constante conflito (o Sul, mais ocidentalizado, está sempre a reivindicar a sua independência do Norte, islamizado). Outro dado relevante indica que  quase cinquenta por cento da população vive em condições sub-humanas naquele país, notadamente com desnutrição.

A cidade notabiliza-se por seus arranha-céus, daí o apelido de "Cidade dos Arranha-Céus" ou ainda "Manhattan do Deserto". Ocorre que, os prédios, no deserto iemenita, são construídos em barro, ao contrário, portanto, do concreto dos arranha-céus do distrito nova-iorquino. 

Datando do século XVI, a cidade conta com  ruas empoeiradas frequentemente invadidas por cabras, mais uma vez contrastando com a ilha de Manhattan, esta última repleta de veículos automotores.

Shibam, espetacular e única. Foto de Goldzahn. In: Wikimedia Commons.
Localizada no centro do Iêmen, em pleno deserto, a cidade de Shibam conta com 7.000 habitantes. Sua localização, no cruzamento da Ásia, África e Europa, determinou sua importância como ponto de parada para negociantes da rota das especiarias. 

Os prédios característicos de Shibam foram construídos depois de 1530, após uma inundação extremamente forte que destruiu os antigos assentamentos. Os seus prédios amontoados, de cinco a oito andares, forneciam proteção contra potenciais ataques. Hoje continuam a abrigar os habitantes da cidade iemenita e traduzem uma paisagem urbana única, onde prédios relativamente altos são construídos em barro (adobe).

Em 2008, outra inundação causou um imenso estrago em Shibam, causando o colapso de muitas construções.

sábado, 7 de março de 2020

LUGARES ESPETACULARES - VALE M´ZAB, ARGÉLIA

O Vale M´Zab está localizado no coração do Deserto do Saara, na Argélia, Norte da África, a 600 km da capital do país, Argel.

Essa paisagem se destaca pelos cinco "Ksours" (singular Ksar), que são vilas fortificadas. São muito comuns no Norte da África, em países como Marrocos e Argélia, essas vilas que são verdadeiros castelos. São elas: El-Atteuf, Bounoura, Melika, Ghardaïa e Beni-Isguen, fundadas entre 1012 e 1350.

Essas cidades medievais islâmicas foram criadas pelos ibadistas. Em apertada síntese, os ibadistas pertencem à vertente islâmica do ibadismo, mais uma que se junta ao xiismo e ao sunismo. É a mais antiga vertente, fundada 20 anos após a morte de Maomé. O país em que há predomínio de ibadistas é o Sultanato de Omã, no Oriente Médio. Mas observa-se que na Argélia, séculos atrás, a tradição ibadista se iniciou (mais precisamente após a Dinastia Rustamida, que era ibadista), e pode-se dizer que ainda hoje várias comunidades naquele país do norte da África professam essa crença.  Tem muitos pontos em comum com o xiismo, alguns outros com o sunismo, o que impede a formação de uma unidade com uma ou outra vertente. Por exemplo, a crença de que Deus se revelará no Dia do Juízo é compartilhada com os xiitas, mas não com os sunistas; por outro lado, concordam com os sunitas que Abu Bakr e Omar era califas corretamente guiados. 


A UNESCO inscreveu, em 1982, o Vale M´Zab como Patrimônio Cultural da Humanidade, tendo em vista a preservação do modo de vida e das construções dos prédios desde o século XI. Valorizou-se também as criações dos ibaditas no Vale, com materiais locais, arquitetura em perfeita sintonia com o ambiente e simplicidade das formas, o que é um exemplo e uma influência na arquitetura contemporânea e no planejamento das cidades.



Beni Isguen e sua torre, no Vale M´Zab, Argélia. CC BY 3.0 In: Wikimedia Commons.




Melika, Mausoléu do Xeique Sidi Aissa. CC BY-SA 3.0. In: Wikimedia Commons.