terça-feira, 31 de dezembro de 2019

PAÍSES BAIXOS, HOLANDA, REINO DOS PAÍSES BAIXOS

Apesar de adotarmos, na língua portuguesa,  o nome "Holanda" para designar o país europeu, famoso pelas tulipas e moinhos de vento,  o correto, tecnicamente, seria chamar aquela porção de terra de "Países Baixos".  O dicionário Houaiss considera Holanda como "designação não oficial dos Países Baixos" ("Pequeno Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa". São Paulo: Moderna, 2015, pág. 1051). No entanto, melhor seria definir Holanda como um conjunto de duas províncias atuais dos Países Baixos, sendo, então, incorreto designar Holanda como sinônimo, ainda que "não oficial", de Países Baixos.

Netherlands, Países Baixos, Nederland.

Assim, conforme ressaltado acima, na verdade, o designativo "Holanda" refere-se apenas a duas das doze províncias daquele país - Holanda do Norte (cuja cidade principal é Amsterdam) e Holanda do Sul (cuja cidade principal é Roterdam). As doze províncias é que são os "Países Baixos". Vale dizer que o termo "Países Baixos" é utilizado em eventos internacionais: em "neerlândes" é Nederland; em francês, Pays-Bas; em inglês, Netherlands. 

A adoção do termo Holanda talvez seja explicada pelo fato de que as suas atrações turísticas principais e cidades mais famosas mundialmente estão concentradas nas Holandas do Norte e do Sul. Assim temos Amsterdã (Holanda do Norte), Haarlem (Holanda do Norte), Haia (Holanda do Sul),  Roterdã (Holanda do Sul), Lisse (Holanda do Sul, onde estão os Jardins de Kerkeunhof). Não que outras regiões do país não tenham atrações turísticas - podemos citar aqui as cidades de Utrecht (província do mesmo nome) e Maastricht (província de Limburg) - mas o fato é que as Holandas têm, realmente, o maior número de locais turísticos.   

São "Países Baixos", diga-se,  porque um quarto da porção de terra continental europeia está abaixo do nível do mar, o que torna necessário a construção de diques e barragens.  

O "Reino dos Países Baixos", por sua vez, engloba  a porção continental europeia do país mais os caribenhos Aruba, Curaçao e Sint-Marteen. 

Há ainda três "municípios especiais" no Caribe, a saber, Bonaire, Saba e Sint Eustatius, que são chamados de "Países Baixos Caribenhos".

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A VIBRANTE MADRI E SUAS ATRAÇÕES PRINCIPAIS!

Uma cidade vibrante - seu povo costuma ficar na rua até altas horas, uma multidão que se reveza entre Puerta do Sol e Plaza Mayor. Uma cidade que tem pelo menos quatro grandes museus (Prado, Reina Sofia, Thyssen e Arqueológico Nacional), que tem futebol de primeira (dois grandes clubes disputam os torcedores locais - Real Madrid e Atlético de Madrid) e que tem, também, as combatidas "coridas de toros". Tem bons restaurantes e tem "tapas". Uma cidade que é a capital e tem o Palácio Real - embora a família real ali não resida. Tudo isso é Madri, cidade que pode ser dividida em três, em termos turísticos: a Madri Antiga, a Madri dos Bourbons e a Madri fora do centro. 

A Plaza Mayor, um símbolo de Madri.

Madri foi escolhida para ser a capital da Espanha em 1561, pelo rei Filipe II. Antes era apenas uma pequena cidade de Castela. Hoje, exibe mais de três milhões de habitantes em sua região metropolitana - é a sexta maior cidade da Europa, perdendo para Istambul (Turquia, que tem boa parte asiática), Moscou (Rússia), Londres (Reino Unido), São Petersburgo (Rússia) e Berlim (Alemanha).

A Madri Antiga é também chamada de "Madri de Los Austrias", pois foi dominada pelos Habsburgos, dinastia austríaca. Nessa região, merecem destaque: a "Puerta do Sol"; a "Plaza Mayor"; o fabuloso "Palácio Real"; a "Gran Vía"; a "Plaza de La Villa".

A Puerta do Sol é o local mais animado da cidade. Tem gente o dia todo enchendo a sua praça principal. É o coração de Madri, o coração da região central da cidade. Todas as ruas principais do centro ali desembocam. É um interessante projeto urbano de união das pessoas - ali batem pernas todos os dias não só milhares de espanhóis, mas também milhares de turistas de nacionalidades as mais diversas. É uma característica urbana que não se vê muito no Brasil, mas é interessante, pois facilita o passeio a pé e também dá dinamismo ao comércio - são dezenas de lojas, desde as que vendem suvenires, até as que vendem roupas caras.

O urso da Porta do Sol é um símbolo de Madri. O arbusto chama-se madroño.

A Plaza Mayor é um dos principais cartões-postais de Madri. Tem formato retangular, entorno com prédios de pouca altura e, no centro, a figura de Felipe III em um cavalo. Data do século XV. Ali há um histórico de inquisição, mas hoje abriga restaurantes, uma feira interessante aos domingos e muitos turistas ávidos por belas fotos.

Carlos de BH e Filipe III.

Perto da Plaza Mayor, vale dar uma parada no Mercado. É um mercado bastante interessante do ponto de vista da gastronomia - não se vendem alfaces, mas se vendem comidas. É bonito e organizado. As comidas expostas parecem obras de arte!

O organizado mercado e suas comidinhas.

O belo, cheio e organizado mercado de Madri.

O fabuloso Palácio Real, por sua vez, é o maior da Europa. Tem absurdos 4.318 quartos e a coleção mais importante de estradivários (violinos) do mundo. Destaque para a belíssima "Sala do Trono", para a Sala de Jantar de Gala e também a "Saleta de Porcelana". Indiscutivelmente é uma visita imperdível em Madri, sendo de se ressaltar a gratuidade às segundas-feiras depois das dezoito horas (levar passaporte).

O belo Palácio Real de Madri.

O belo interior do Palácio Real.

A Gran Via é um fabuloso conjunto arquitetônico de Madri e, indiscutivelmente, um dos mais belos conjuntos de prédios de todo o mundo. Dificilmente o turista verá um conjunto tão belo quanto o da Gran Via de Madri em espaços urbanos mundiais. Sempre lotada e via importante da cidade, está se encolhendo, em termos de espaço para veículos automotores justamente para dar lugar ao enorme número de pedestres.

Gran Via.

Gran Vía.

Gran Via.


Por outro lado, a Madri dos Bourbons refere-se à parte da cidade que foi embelezada pela dinastia que empresta seu nome a esse apelido. Destacam-se na Madri dos Bourbons:  Museu do Prado; Centro de Arte Reina Sofia; Museu Thyssen-Bornemisza;  Museu Arqueológico Nacional;  Puerta de Alcalá; Plaza de Cibeles; Bairro de Las Letras.

O destaque dessa parte da cidade fica para os três museus principais de Madri, que abrigam coleções de arte fabulosas: Prado, Reina Sofia e Thyssen.

O Prado é o principal do três, indiscutivelmente. O imenso prédio em estilo neoclássico, construído pelo Rei Carlos III, abriga uma das mais importantes coleções de pintura do planeta - estão ali os mais importantes pintores espanhóis (Francisco Goya, El Greco, Velazquez), e também renomados pintores de outros países europeus (Bosch, Rubens, Rembrandt, Botticelli,Tintoretto).

O Reina Sofia abriga, por sua vez, como estrela principal de seu acervo, a Guernica de Picasso. Trata-se de uma obra monumental que retrata os horrores da Guerra Civil Espanhola na cidade basca que dá nome à obra.  Um monumento que está há pouco tempo na Espanha, tendo em vista que Picasso exigiu que, enquanto houvesse ditadura naquele país (no caso, do General Franco), não haveria exposição do quadro em território espanhol.

Por sua vez, o terceiro grande museu, chamado "Thyssen-Bornemisza", é também uma visita imperdível na capital espanhola. Ali encontramos grandes gênios da pintura de todas as épocas, incluindo a arte contemporânea. Picasso tem várias obras ali - o Arlequim e a Corrida de Touros são exemplos de telas belíssimas do grande pintor espanhol presentes na coleção. Mas nem só de Picasso vive o Thyssen - estão ali obras de Renoir, Van Gogh, Gauguin, Cezanne, Kandinski, Chagall. Interessante ainda é observar a Pop Art, e nesse quesito achei muito interessante o trabalho de Roy Lichtenstein (1923-1997).  É o museu menos antigo da cidade, uma vez que a coleção da família Thyssen-Bornemisza foi adquirida pelo gorverno espanhol somente em 1992, sendo a partir daí organizada. Localizado no Palácio de Villaherrmosa,  o museu é gratuito nas segundas a partir do meio-dia. A fila é grande, mas em quinze minutos a partir da abertura já dá para apreciar as belíssimas obras de arte do local.

Arlequín con Espejo, de Picasso.

Corida de Toros, de Picasso - Cubismo.


Outro museu que merece referência por sua grandiosidade é o Museu  Arqueológico Nacional (MAN), bastante específico para os amantes das civilizações antigas. São vários andares contando a história do homem, notadamente sob a perspectiva de ocupação da Península Ibérica. É preciso de um bom tempo para apreciar todo o material arqueológico que começa na Pré-História e avança pela antiguidade.  Foi fundado em 1867 pela rainha Isabel II. Maiores informações aqui.

Vale a pena bater perna no bairro de "Las Letras", cultural ao extremo, com sebos, livrarias e tabernas, com ruas homenagendo Cervantes. 

Fora do centro, destacam-se ainda: Plaza de Toros de Las Ventas; La Latina; El Rastro; Museo de América; Paseo de La Castellana; e os estádios dos grande clubes locais, Real Madrid Club de Fútbol e Club Atlético de Madrid.

Arquitetonicamente falando, a Plaza de Toros é uma joia da capital espanhola.  É o estilo neomudejar, uma retomada do estilo árabe-muçulmano que dominou a Espanha durante alguns séculos na idade média.  A corrida de touros, ou tourada para nós brasileiros, ou ainda tauromaquia, é, hoje, um espetáculo discutível e bastante contestado por defensores dos animais. De um lado, uma tradição espanhola; de outro, a defesa dos animais e contra a crueldade. Dividida em três atos, ou "tercios" (Varas, Bandarilhas e Muerte), o espetáculo tem como grand finale a morte do touro, muito embora  toureiros, em número bem menor, costumam perder a vida nas arenas. Muitas pessoas vão ao espetáculo sem saber desse final - a morte do touro - e, chocadas, abandonam a arena na primeira apresentação - geralmente são seis apresentações, com dois toureiros realizando três cada um. É uma morte agonizante para o touro, indiscutivelmente, já que, antes da morte por espada no terceiro ato (tercio de muerte), é cravejado por lanças nos tercios anteriores no sentido de se minar sua resistência. É uma diversão que hoje já não conta com apoio integral da população espanhola, já que os tempos mudaram e coisas que eram aceitas como normais décadas atrás já não são mais.

O estilo neomudejar na arena de touros de Madri.


O toureiro em nítida vantagem contra o touro.

A arena por dentro.


La Latina merece também seu destaque. Ali há muitos restaurantes com comidas típicas, principalmente na rua "Cava Baja", que valem a visita.

El Rastro é uma feira de antiguidades. Segundo o site Viaje na Viagem, não é uma visita imperdível. 

O Museu da América parece ser um destino interessante, conforme ressaltado por um turista português que estava na fila do Thyssen no dia da gratuidade - segundo me disse, trata-se de um museu surpreendentemente bom, trazendo artefatos arqueológicos retirados de terras americanas.

Para os amantes do futebol, conforme ressaltado acima, dois times muito conhecidos no futebol europeu e mundial são de Madri: o Real  Madrid e o Atlético de Madrid. Ambos são grandes e tradicionais times porém, em matérias de títulos, não há como comparar: o Real Madri não é só o mais importante time de Madri, como do mundo. São treze títulos da Liga dos Campeões da Europa para os "merengues" (apelido do Real Madri) contra nenhum dos "colchoneros" (apelido do Atlético de Madrid). Em campeonatos espanhóis, a diferença é também significativa: são 33 títulos do Real contra 10 do Atlético.  Ou seja, uma visita ao Santiago Bernabéu, estádio do Real, seja para assistir a um jogo do Espanhol ("La Liga") ou Liga dos Campeões da Europa, ou mesmo para o "Tour Bernabéu" (museu, estádios, vestiários, sala de imprensa), é obrigatória.  Para maiores informações e compra de ingressos para o "Tour Bernabéu", acessar aqui.

O Atlético de Madri, por sua vez, durante muito tempo mandou seus jogos no Estádio Vicente Calderón. Hoje manda seus jogos no Wanda Metropolitano, estádio novo que já sediou, inclusive, final de Liga dos Campeões da Europa. Para um tour nesse estádio, acesse aqui. 

Por fim, uma menção especial às plaquinhas indicativas de nomes de ruas e avenidas de Madri - algumas são muito bonitas, expressando a história da cidade espanhola. Valorizam-se assim as pessoas que fizeram a história da cidade e da Espanha, incluindo-se as datas em que viveram, assim como os acontecimentos mais relevantes da história da capital espanhola.

Manuel Maria José de Galdo (1825-1895) foi um importante político e naturalista espanhol.
A bela placa da Arenal, uma das principais ruas de Madrid (e das mais movimentadas).

sábado, 26 de outubro de 2019

CIDADES ESPETACULARES - ÁVILA, ESPANHA

A Cidade da Muralha. Terra de Santa Tereza de Jesus. Ávila, oficialmente "Ávila de Los Cabaleros", é a capital da província de mesmo nome, a mais alta da Espanha (a cidade está a 1.131 metros de altitude). O Conjunto "Centro Histórico" e "Igrejas Extra-Muros" é patrimônio mundial cultural pela UNESCO desde 1985. 

A bela Ávila.

É uma belíssima cidade medieval, cuja característica mais marcante é mesmo a sua muralha, espetacularmente preservada - dizem que é a mais preservada do continente europeu e, realmente, não me recordo de conhecer nenhuma tão impressionante. Tem 2 km de extensão, 9 portões, 88 torreões e 4 lados. Dos 4 lados, três são com declive acentuado, o que não tornava necessário fortificar ainda mais; o mesmo não se pode dizer do lado oriental, que precisou ser ainda mais fortificado por ser mais plano. É lá também que está a parte mais antiga da cidade e o portão de São Vicente, que dá as boas-vindas aos turistas já maravilhados com essa beleza arquitetônica medieval.

A bela muralha de Ávila.

As atrações da cidade, além da magnífica muralha, resume-se em mais dois pontos importantes: a Basílica de São Vicente e o Convento de Santa Tereza, localizado numa bela praça com uma outra igreja. 

A Basílica de São Vicente, localizada próxima à já citada Puerta de San Vicente, é a mais bonita igreja local. Do século XI, incorporou dois estilos: o românico e o gótico. Destaque para o campanário e para o túmulo esculpido de São Vicente no interior. 


São Vicente.

O Convento de Santa Teresa nos remete à santa do mesmo nome, que viveu no local. Teresa de Cepeda y Ahumada (1515-1582), conhecida ainda como "Teresa de Jesus" e "Teresa de Ávila" é um dos maiores nomes da Igreja Católica em todos os tempos. Reformista e mística, fugiu de casa para se martirizar com os mouros, foi recuperada pela família e, após, virou freira. Atuou na Contra-Reforma. Escreveu obras densas, como "O Castelo Interior" e "O Caminho da Perfeição". Fundou, a partir de 1562, vários conventos pela Espanha, com seu fiel escudeiro São João da Cruz. A Ordem das Carmelitas Descalças é fruto de seu empenho. Hoje a santa dá nome até a um famoso doce local, "Yemas de Santa Teresa".

Região onde viveu Santa Tereza. Igreja e convento. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

CIDADES ESPETACULARES - SEGÓVIA, ESPANHA

Segóvia, uma das grandes atrações turísticas da Espanha, é uma cidade da província de mesmo nome e que faz parte da Comunidade Autônoma de Castela e Leão, no Centro da Espanha.

Centro Histórico de Segóvia.

Como se sabe, a Espanha é um Estado do tipo "Autonômico", surgido na Constituição da Espanha de 1978, que buscou refutar qualquer traço de Estado autoritário e centralizador que se fazia sentir naquele país, notadamente durante a ditadura do "Generalíssimo" Frederico Franco, que governou com mãos de ferro o país entre 1936 e 1975 e, por conta de suas posições, retirou importantes competências dos entes federados. Assim, o Estado espanhol atual, decorrente da Constituição de 1978, é  descentralizado, com importante autonomia legislativa e executiva de cada uma de suas 17 (dezessete) comunidades autônomas. Nota-se que, das 17 comunidades autônomas, duas em especial tem forte sentimento nacionalista arraigado: a Catalunha (cuja capital e cidade mais importante é Barcelona) e o País Basco (cuja capital é Viktoria-Gasteiz, mas a cidade mais importante é Bilbao, seguida de San Sebastian). 

Castela e Leão, comunidade onde se localiza Segóvia, tem nove províncias e é uma união dos antigos Reinos de Castela e Leão.  É, também, a região com maior interesse cultural da Espanha, tendo cerca de sessenta por cento de todos os bens de relevante interesse artístico, arquitetônico ou paisagístico do país europeu. Para se ter uma noção, são nove bens classificados como Patrimônio Mundial pela UNESCO. Valladolid é a capital e maior cidade da região, com mais de trezentos mil habitantes. Segóvia é a nona cidade mais populosa, com cerca de cinquenta e dois mil habitantes.

Feitas as considerações iniciais, passa-se a discorrer sobre Segóvia.

Segóvia é uma das mais espetaculares cidades da Espanha, localizada em um pico rochoso e cercada por dois rios, a saber, Eresma e Clamores. Três monumentos, de épocas distintas, traduzem o brilho de Segóvia como grande patrimônio cultural que é: o Aqueduto Romano, datado de 1 d.C; a Catedral, de 1525; e o Alcázar (Castelo de Segóvia), datado de 1862 (reconstrução, após incêndio). 

Aqueduto de Segóvia.

A Catedral de Segóvia.

O Castelo de Segóvia é uma atração concorrida de Segóvia.

O Aqueduto é um dos monumentos, mais impressionantes e impactantes da Espanha. Não se vê em outro lugar do mundo um aqueduto em perfeita sintonia urbana, formando uma mágica combinação com um centro histórico, tal qual acontece em Segóvia. Uma maravilha da engenharia, ainda mais impressionante se considerarmos a data de construção, poucos anos depois de Cristo.


O impressionante aqueduto domina a paisagem do centro histórico de  Segóvia.

O aqueduto romano, como não poderia deixar de ser, é diferente do aqueduto moderno. No aqueduto romano, há os canais subterrâneos que trazem água para a cidade a partir de um reservatório, sendo o que a gente vê por cima (como o monumento em Segóvia) funcionando como uma ponte para levar a água. Já no aqueduto moderno, há canais tão somente subterrâneos, com uma estação de tratamento ligando a água que sai do reservatório à cidade.

Curiosamente, há uma imagem da Virgem Maria no aqueduto romano (vide a foto acima, nos arcos superiores). Sabe-se que os romanos tinham muitas divindades (politeísmo), e Nossa Senhora não fazia parte da crença desse povo antigo. Assim, a estátua que está hoje no aqueduto substituiu uma antiga imagem de Hércules, que fazia parte daquele monumento nos tempos romanos.
A Catedral de Segóvia, por sua vez, é a última das grandes igrejas góticas da Espanha. Construída em 1525 e consagrada em 1678. O interior é muito bonito, sem um destaque principal.

Interior da Catedral.

O Alcázar de Segóvia, também conhecido como Castelo de Segóvia, é, sem dúvida, outro grande símbolo da cidade de Castela e Leão. Na entrada, já temos lembranças de nossa infância, quando víamos castelos com um abismo logo na entrada, geralmente com água e uma espécie de ponte. É assim no Castelo de Segóvia. O edifício data do século XIX, tendo sido reconstruído após um incêndio ocorrido em 1862.

Interior do Castelo de Segóvia.
Castelo de Segóvia em seu interior trabalhado.

A "Cidade Velha e o Aqueduto de Segóvia", diga-se, foram erigidos a Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO em 1985. 

domingo, 28 de julho de 2019

CIDADES ESPETACULARES - SAMARCANDA, UZBEQUISTÃO

O nome Uzbequistão soa um tanto exótico para os brasileiros. E é realmente um país bem distante da nossa realidade. Localizado na Ásia Central, essa república de cúpulas azuis já foi parte da União Soviética e é país independente desde 1991. A capital, Tashkent, ainda tem traços dos tempos comunistas, mas é uma série de cidades no interior do país é que dão fama ao local - Khiva, Bukhara e, sobretudo, Samarcanda (Samarqand, em uzbeque). 

Samarcanda, cidade com localização estratégica na antiga "Rota da Seda",  tem importância histórica e cultural inestimável. É patrimônio mundial cultural da UNESCO sob o singelo, porém marcante, nome de "Samarcanda - Cruzamento de Culturas".   Além dos soviéticos, por ali estiveram também Alexandre, o Grande, os mongóis, árabes,  mas, sobretudo, Tamerlão, o fundador e líder do "Império Timúrida", que, além de muitas conquistas, consolidou o islamismo e deixou a cidade de Samarcanda como herança de arte com sua belíssima arquitetura.

Praça Registan, Samarcanda. Por Ekrem Canli - Own work, CC BY-SA 3.0,WC 
Os pontos principais da cidade são: a Praça Registan, antigo centro comercial na era da rota da seda; o complexo de Shah-I-Zinda, formado por 11 mausoléus, entre eles o do primo de Maomé, Kusam Ibn Abbas, que difundiu o islã na região no século VII d.C; a Mesquita Bibi-Khanun, que possui um grande Corão de mármore e já foi a maior do mundo, até um grande terremoto lhe causar imensos danos em 1897; Gur Emir, que é o túmulo de Tamerlão (Timur); e o Observatório de Ulugh Beg, o primeiro do oriente. Há ainda outros mausoléus na cidade. 



Mesquita Bibi-Khanum, em Samarcanda. By Bobyrr - Own work, CC BY-SA 4.0, WC

Gur Emir, o túmulo de Tamerlão em Samarcanda. By Jean-Pierre Dalbéra CC BY 2.0, WC

Mausoléu de Bibi Khanum. By Doris Antony, Berlin - Own work, CC BY-SA 3.0, WC

Complexo de Shah-i-Zinda. Foto de Aleksandr Zykov, CC BY-SA 2.0, WC.
Observatório de Ulugh Beg, Samarcanda. Foto de Michel Benoist , CC BY 2.5, WC

sexta-feira, 19 de abril de 2019

LUGARES ESPETACULARES - CAPELLA DEGLI SCROVEGNI, PÁDUA

Localizada a menos de uma hora de trem de Veneza, Pádua, no Vêneto italiano, guarda uma preciosidade artística: a "Capella degli Scrovegni"(ou, de maneira simplificada e em nosso idioma, Capela Scrovegni), também chamada de "Capela Arena" (isso porque havia um anfiteatro romano - arena - no local em que foi construída). 

Capela Scrovegni, Pádua, Itália. CC BY-SA 3.0. Foto: Andrea Pirrodi. In: WC

Trazemos aqui, nas explicações, trecho do livro "Veneza e o Vêneto", da Lonely Planet, escrito por Alison Bing e Paula Hardy:

"Para Dante, Da Vinci e Vasari, foi Giotto quem deu fim a Idade das Trevas com seus afrescos de 1303-5. O estilo comovente e moderno do artista mudou a forma como as pessoas se viam: não mais como vassalos humildes, mas como veículos para o divino, ainda que imperfeitos. Isso se adequou especialmente à capela que Enrico Scrovegni encomendou em memória de seu pai que, como agiota, teve negado um enterro cristão.

Até Giotto, os fiéis medievais estavam acostumados aos olhares vazios dos santos no alto dos tronos góticos dourados; ele introduziu figuras biblícas como  personagens em cenários reconhecíveis. Os espectadores fofocam enquanto uma Ana de meia-idade beija Joaquim com ternura; um exausto José, pai recente, dorme em pé na manjedoura; Jesus olha Judas de cima enquanto o traidor lhe dá o beijo fatal."

A Capela Scrovegni possui, em seu anterior, um ciclo de afrescos de Giotto (1267 -1337), que enfoca desde Joaquim e Ana (avôs de Jesus), a Virgem Maria até momentos importantes de Jesus Cristo em sua caminhada neste mundo. Enfim, os fatos bíblicos mais importantes estão ali pintados. É um interior belíssimo, com forte predominância da cor azul, uma autêntica obra de arte. 

Interior da Capela. Foto: José L. B. Vieira. CC BY-SA 4.0 . In: WC
Vejamos alguns dos mais belos afrescos de Giotto:

A Expulsão de Joaquim, por Giotto.
Oferenda de Joaquim, por Giotto.
O Sonho de Joaquim, por Giotto.
Anunciação- Anjo Gabriel enviado por Deus, por Giotto.
Anunciação - A Virgem Recebe a Mensagem, por Giotto.

Joaquim entre os Pastores. Giotto.
Anunciação à Sant´Ana. Giotto. 








Bodas da Virgem, Giotto. 
 

Natividade, por Giotto.     
Bodas de Canaã, por Giotto.
Adoração dos Magos, por Giotto.
Batismo de Cristo, por Giotto.

Ressureição de Lázaro, por Giotto.
Cristo Humilhado, por Giotto.
Ressureição, por Giotto.

A Traição de Judas, por Giotto.

O Beijo de Judas, por Giotto.
Caminho para o Calvário, por Giotto.

Crucificação, Giotto.

A Lamentação, por Giotto.


Apresentação de Maria no Templo, Giotto.

Lava-pés, por Giotto.


A Última Ceia, de Giotto.
Entrada em Jerusalém, por Giotto.


Ascensão de Cristo, Giotto.
Há ainda na capela afrescos que mostram os vícios e as virtudes - são sete vícios e sete virtudes. Vejamos:

Prudência. Giotto.
Loucura. Giotto.
Retidão. Giotto.
Inconstância. Giotto.
Temperança. Giotto.
Ira, por Giotto.
Justiça, por Giotto.
A Injustiça, por Giotto.
Fé, por Giotto.
Infidelidade, por Giotto.
Caridade, por Giotto.
Inveja, por Giotto.
Esperança, por Giotto.
Desespero, por Giotto.
Para a visita, algumas dicas úteis: há um vídeo introdutório de 10 minutos; a visita à capela dura 15 minutos além dos 10 do vídeo; e deve-se marcar com antecedência, on line ou por telefone, notadamente se for a visita nos meses de verão (abril a outubro) ou mesmo em finais de semana; ingresso noturno dá direito a 30 minutos na igreja.