Minas Gerais destaca-se no cenário brasileiro pela beleza de suas cidades históricas. E Ouro Preto, a antiga Vila Rica, com sua deslumbrante arquitetura de índole barroca, é uma de suas maiores estrelas. Não sem razão, a cidade barroca, com suas inúmeras ladeiras de belos contornos, é listada como "Patrimônio Mundial da UNESCO" desde 1980.
A beleza de Ouro Preto fora da Praça Tiradentes. |
As ladeiras e o casario colonial que fizeram a fama da cidade. |
Ouro Preto foi fundada no final do século XVII. O nome advém das primeiras pedrinhas de ouro encontradas por lá, cobertas por uma fina camada de óxido de ferro - o "ouro negro". Durante a era colonial brasileira, Ouro Preto, chamada à época de Vila Rica, era o principal ponto de extração de ouro no país, com dezenas de minas. Algumas dessas minas até hoje são abertas à visitação - as principais são a Chico-Rei", a "Velha" e a "Fonte Meu Bem Querer".
Mas, vale aduzir, a importância histórica de Ouro Preto revela-se no movimento denominado "Inconfidência Mineira", o qual foi abortado por Portugal em 1789, que buscava, em suma, a libertação do país da colonização predatória imposta pelo país europeu. Grandes nomes da história fizeram "história" em Ouro Preto: Tiradentes, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel, Padre Rolim, entre outros. Homens de diversas profissões que tinham uma coisa em comum: libertar o Brasil das amarras com Portugal. Muitos deles foram executados; outros, degredados (mandados para o exílio). Tiradentes foi um dos que tiveram menos sorte: executado e esquartejado no Rio de Janeiro, teve seus restos mortais jogados no caminho novo, próximo a algumas cidades mineiras, e sua cabeça exposta em Vila Rica, local em que foi furtada e nunca mais encontrada.
A beleza de Ouro Preto está nas ruas. A casa verde já foi de Thomaz Gonzaga. |
O ponto mais central de Ouro Preto é a Praça Tiradentes. É ali o coração pulsante da cidade, a melhor localização, o ponto de encontro de todos.
Praça Tiradentes, coração de Vila Rica. |
Visão geral da movimentada Praça Tiradentes. |
A igreja mais bela e rica de Ouro Preto é a Matriz Nossa Senhora do Pilar. Localizada na "parte baixa" da cidade, impressiona por sua riqueza em ouro e pelos detalhes no teto, com destaque para a pintura do "Cordeiro de Deus". A igreja conta ainda com o Museu de Arte Sacra. Paga-se dez reais por pessoa para entrar na igreja, mas pode-se aproveitar o horário de missas para conhecê-la sem a taxa.
Outra igreja igualmente fantástica é a São Francisco de Assis, localizada no largo de Coimbra (local onde tem uma exposição de artesanatos em pedra-sabão). Ali encontramos o famoso teto atribuído a Mestre Athaíde, comparável, para alguns, à Capela Sistina do Vaticano. Não tem o mesmo apelo artístico da obra máxima de Michelângelo, mas realmente é um teto muito bonito. A igreja é considerada também obra-prima de Aleijadinho, que foi responsável pelo risco geral do prédio, além da tribuna, do altar-mor, altares laterais, esculturas da portada, escultura dos púlpitos e a capela-mor.
São Franciso de Assis. |
A Igreja do Carmo. |
O belo teto da Igreja do Carmo. |
Azulejos portugueses no interior da Igreja do Carmo. |
A fachada circular é única. Nossa Senhora do Rosário. |
Vale destacar, em Ouro Preto, os museus. Pelo menos cinco, dentro do perímetro urbano da cidade, revelam-se interessantes, nessa ordem:
- o da Inconfidência (Praça Tiradentes, 139; www.museudainconfidencia.gov.br, terça a domingo das doze às dezessete e trinta), o mais amplo da cidade, com interessante exposições de objetos e documentos do período colonial (exploração do ouro; derrama; escravidão; inconfidência mineira). O prédio era uma antiga prisão estadual, até se transformar em museu em 1938;
O Museu da Inconfidência domina a Praça Tiradentes. |
O Museu da Inconfidência. |
- o do Oratório (Adro da Igreja Nossa Senhora do Carmo, 28; www.oratorio.org.br; todos os dias, de nove e meia da manhã às dezessete e trinta), no pátio da Igreja do Carmo, derivado de uma magnífica coleção de oratórios da família de Ângela Gutierrez;
- o de Ciência e Técnica da Escola de Minas/UFOP (Praça Tiradentes, 20; www.museu.em.ufop.br; horário de visitação variável entre os setores, consultar site), que reúne coleções completas nos setores de mineralogia, história natural, metalurgia, mineração, química, física, astronomia, topografia, desenho. Tem ainda uma biblioteca de obras raras;
- o de Arte Sacra (terça a domingo, das 9 às 10:45 e de 12 às 16:45), no interior da Igreja do Pilar;
- o da Casa dos Contos (Rua São José, 12, Centro; segunda, das 14 às 18 horas, terça à sábado, das 10 às 17 horas e domingos e feriados, das 10 às 15 horas), que vale pelo conhecimento de como era uma senzala de escravos e pelo museu da Casa da Moeda, mostrando toda a evolução da cunhagem de moedas no Brasil, além da evolução do nosso dinheiro, dos contos de réis aos reais. Fica em um edifício histórico, que já foi prisão, na "parte baixa" da cidade, considerando a Praça Tiradentes como "parte alta".
Fora do circuito urbano, o Museu das Reduções (Rua São Gonçalo, 131, distrito de Amarantina; www.museudasreducoes.com.br, www.projetoreducao.com.br; de quarta a segunda, das 9 às 16h40), no distrito de Amarantina, também é considerado uma boa atração. Amarantina fica a 25 km de Ouro Preto. O museu conta com 29 réplicas de monumentos de 15 estados brasileiros, expostas em jardins suspensos.
Pitoresco também é o Teatro Municipal, coladinho na Igreja do Carmo, no centro histórico, que funciona também como Casa de Ópera. Um dos mais antigos, senão o mais antigo, das Américas. D. Pedro I e D. Pedro II já ocuparam o camarote do local, em frente ao palco.
O antigo Teatro Municipal, ainda em atividade. |
O Teatro, junto ao casario colonial. |
Passeio bastante interessante em Ouro Preto é o trem turístico da Vale do Rio Doce. Não é uma "maria-fumaça", mas vale pela bela paisagem. Os poucos quilômetros, dezoito para ser mais exato, entre as duas cidades históricas são percorridos em uma hora. A melhor posição do trem é o lado direito, onde se concentram as maiores atrações, principalmente cachoeiras. Horários: Sextas e sábados (partindo de Ouro Preto, às 10 e às 14:30; partindo de Mariana às 13 e às 16 horas); domingos (de Ouro Preto partem os trens às 10, 13:30 e 16:30 e de Mariana, às 11:30 e 15 horas).
Próximo a Ouro Preto, há ainda outras atrações, além de Mariana, como Lavras Novas, Cachoeira do Campo, Parque do Itacolomi, entre outros.
Ouro Preto dista menos de 100 quilômetros de Belo Horizonte, e pode ser um passeio bate-e-volta a partir da capital mineira, embora três ou quatro dias inteiros seja o ideal para conhecer todas as atrações da cidade do ouro.