O ESTRESSADO
Turista ou viajante? Existe diferença? Não sei. Pode até ser. Ser turista pode ser menos que ser viajante. Viajante dá aquele ar de profissional; turista, ares de amadorismo. Turista dá uma idéia de sujeito gaiato, com um bermudão característico (no caso masculino) ou um chapelão (no caso feminino); já viajante, parece ser mais sisudo, sério, o cara parece não se descontrair nunca Mas turistas ou viajantes, todos têm que enfrentar um problema: os aeroportos e os aviões.
Começa na chegada ao aeroporto. As filas do famoso “check in” já parecem intermináveis por natureza. Tem gente que confunde viagem com mudança. Fico imaginando: se aquilo ali já é a bagagem da ida, imagina a da volta. Principalmente se for para destinos de sacoleiros: Miami, Orlando, Nova Iorque. Aí, haja excesso de bagagem e vistoria da receita para dar conta! Fora as imensas bagagens de mão, que carregam toda uma tralha de roupas dentro – caso ocorra o extravio da bagagem despachada.
Mas como estamos em tempos de tecnologia da informação, criaram um tal de posto de “check in” onde é mais fácil você tirar suas passagens. Ocorre que ali também as filas são grandes e aparece também um monte de gente que nunca viu um computador pela frente. Resultado: atraso também. E com um agravante: se você tiver uma mísera malinha para despachar, prepara-se para enfrentar uma nova fila, lá no “check in.” Ou seja, será que a fila da maquininha compensa? Eis o mistério da fé!
Ultrapassada esta fase, vem a próxima: tirar cintos, sapatos; no caso das mulheres, sempre tirar o sapato, claro, porque é quase impossível um sapato de mulher que não acione aquele dispositivo de segurança. Bota então, é certo. Não precisa nem perguntar, é hora de já ir tirando sem pensar. É um tal de cinto em um pote, sapato em outro, e vida que segue.
Vida que segue não. Espera que começa. Agora é a hora de entrar no avião. Mas antes uma espera de mais de quatro horas, pelo menos, o que inclui free-shop, cafezinho caríssimo na área de embarque, pão-de-queijo mais caro ainda (se é que é possível). O que você ganhou de descontos no free-shop, perdeu no cafezinho (exagero!).
Aliás, o maior ágio que existe no mundo é em aeroporto. Se uma cervejinha custa noventa centavos no supermercado, espere pagar dez, doze reais no aeroporto. É um atentado ao bom senso!
Após o embarque, com todos devidamente sentados, a aeromoça começa a mostrar os procedimentos em caso de “pouso de emergência”. Peraí! Existe procedimento em pouso de emergência? Que eu saiba o procedimento adequado é rezar (para que Deus ilumine o piloto, co-piloto e asseclas) e torcer (para que a porta do avião se abra o mais rápido possível em terra firme, se possível). E correr para aquele colchão deslizante o mais rápido possível. Mas o que acontece? Elas – as aeromoças – mostram como se usam as máscaras em caso de pouso na água. Agora eu pergunto de novo: alguém já viu um pouso na água? Avião e água definitivamente não combinam. Ainda que tenha aparecido um doidinho lá pelas bandas de Nova Iorque que tenha conseguido fazer este tipo de pouso. Pura sorte. Mas saiba que ninguém precisou daquelas máscaras...
Mas o que mais assusta não é embarcar no avião, nem a “aulinha” das aeromoças dos procedimentos para “pousos forçados”. É o desembarque. Aquilo ali vira um furdúncio. Antes que o sinal de desatar cintos seja desativado, já existem quinhentas pessoas em pé, ávidas por pegar suas bagagens de mão (aquelas imensas). Cuidado, dizem as aeromoças: as bagagens podem ter se deslocado durante o pouso e a decolagem. Eu digo diferente: cuidado com a sua cabeça, já que as bagagens serão deslocadas para fora do compartimento e a possibilidade de traumatismo craniano é imensa, se você se levantar justamente na hora em que um turistão estiver retirando sua bagagem! Imagina a situação de uma mala de dez quilos bater em seu pobre crânio – uma contusão cerebral será inevitável.
Mas, enfim, quando você acha que chegou ao destino, ainda tem muita coisa te esperando: filas e mais filas, imigração, revista pessoal (um inferno se você for o sortudo escolhido). Tudo isso depois de mais de dez horas de viagem. Cansaço, cansaço, cansaço, mas tudo vale a pena quando a alma não é pequena. E eis que o turista profissional encerra seu périplo. Estressado, mas feliz...
Carlos,
ResponderExcluirEsta foi uma crônica muito pertinente. Acontece bem assim mesmo na hora do check in... filas... desembarque.
Gente, a parte da bagagem sendo deslocada para fora do compartimento e o risco de traumatismo craniano foi demais. Me vi na cena, pois já me aconteceu.
Adorei sua cônica.
Aguardo ansiosa pela próxima. Vai ter uma próxima né?!
Bjs
Olá, Suzana, tudo bem?
ResponderExcluirA ideia da nova série é mostrar as alegrias, as coisas boas, mas, principalmente, as agruras e micos que acometem os turistas nas viagens. Tudo com muito bom humor, é essa a ideia.
Com certeza novos textos desta série surgirão. Fique no aguardo.
A questão do traumatismo craniano quase aconteceu comigo também. Chegou a bater em minha cabeça, se não fosse o grito, provavelmente não estaria aqui escrevendo estes textos.
Enquanto isso, espero que continue lendo as postagens aqui do blog e comentando sempre, pois todos os comentários são sempre bem-vindos!
Um abraço,
Carlos HB
Carlos,
ResponderExcluirinteressantíssima a sua idéia de escrever crônicas. Vc que é quase um turista profissional, rsrsrs, deve ter muitas histórias pra contar. Eu sou campeã de micos, se precisar de algum mico como exemplo, eu posso te contar os meus, hehehe. Excelente seu texto.
Raquel
Olá, Raquel, tudo bem contigo?
ResponderExcluirPrimeiramente, muito obrigado pelo elogio.
A ideia é mesmo escrever várias crônicas. Já tenho em mente várias abordagens interessantes. Vai ser bem divertida esta seção do blog!
Quanto aos micos, é sempre divertido poder contá-los. Experiências divertidas são sempre bem-vindas. Terei muito prazer em ouvir os seus "micos", Raquel. Rir é o melhor remédio! Sempre! E de experiências assim surgem grandes ideias para textos! rsrs
No mais, um grande abraço e espero que continue apreciando a leitura!
Carlos HB
Carlos Bicalho estou querendo que vc me ensine a criar um blog bem bacana...poderia ser?
ResponderExcluirOi, Cássia, tudo bem contigo?
ResponderExcluirClaro que sim. Será um prazer ajudá-la. Depois você me fala exatamente o que está pensando, com maiores detalhes.
Abraço,
Carlos
Olá Carlos,
ResponderExcluirInteressante a abordagem da crônica. Muito inteligente e descontraída a forma como escreve. Espero, também, ansiosamente pelas próximas crônicas.
Olá, leitor (a) anônimo (a),
ResponderExcluirCom certeza virão novos textos, sempre com muito bom humor e alegria. Porque viver é uma alegria imensa, e contar as experiências é outra grande felicidade!
Abraço!
Carlos HB