quinta-feira, 26 de julho de 2012

UMA VISÃO GERAL DOS PAÍSES NÓRDICOS

 Uma visão geral dos países nórdicos.

Viajar para a Escandinávia ( e para os países nórdicos, conforme terminologia que a seguir será explicada) é viajar por uma região que é um exemplo de civilização para o planeta.

São países que adotaram o sistema do welfare state ("Estado de bem-estar social"),  o que equivale, em termos políticos, à social-democracia. Só a título de curiosidade, três são os principais regimes políticos do mundo: a democracia-liberal (atrelada ao liberalismo, com a proeminência de conceitos como contrato, propriedade, liberdades negativas), a social-democracia (estado provedor, direitos sociais e econômicos) e o autoritarismo (ditaduras de esquerda ou de direita, com forte predominância de uma liderança contrária às liberdades do indivíduo).  Alguns países adotam modelos mistos e, às  vezes, confusos, a exemplo da Argentina, com algumas medidas altamente populistas adotadas atualmente pelo Kirchinerismo.

O "Welfare State" ("Estado de Bem-Estar Social" ou "Estado-Providência")  surgiu ainda no século XX, deflagrado por uma suposta insuficiência da proteção apenas dos direitos individuais (as chamadas "liberdades negativas"). Foram agregados aos direitos individuais (a primeira geração ou dimensão) os direitos sociais e econômicos (a segunda geração ou dimensão), notadamente após as Constituições do México de 1917 (a primeira a incluir os direitos sociais) e a de Weimar, na Alemanha pré-Hitler, de 1919.

A Escandinávia é o exemplo mais claro de países que adotaram a social-democracia na condução de seu destino. Assim, o Estado é altamente provedor, o que demanda, em contrapartida, uma alta carga tributária para financiar seus gastos, notadamente em educação e saúde. Cinquenta por cento de tudo o que ganham os dinamarqueses, por exemplo, vai para os cofres do Estado.

É fácil observar que o sistema social-democrata tem suas virtudes, notadamente em países de pouca população, como é o caso dos escandinavos, mas também tem seus problemas. O Estado altamente provedor representa também um aniquilamento, embora não total, das liberdades individuais. A social-democracia situa-se, assim, entre o capitalismo e o socialismo, com um grau de liberdade bastante restrito e próximo ao que ocorre em países socialistas - o que é altamente discutível, já que a liberdade é um dos valores básicos do ser humano. Um Estado pesado, em países de pouca tradição democrática (e presidencialistas), como o Brasil, não seria conveniente. Foi conveniente para os nórdicos pela sua tradição política e desenvolvimento cultural.

Olhando pela ótica dos resultados, a região, pouco populosa, conforme ressaltamos alhures, concentra o mais alto indíce de desenvolvimento humano do mundo e a maioria das maiores rendas per capita do planeta. Para se ter uma idéia, a renda per capita da Noruega (a maior do mundo) é de 77 mil dólares anuais, o que equivale a dizer que o salário mínimo seria algo em torno de 8.000 reais mensais.

A região conhecida como Escandinávia, na verdade, é a conjunção de três países, a saber, Dinamarca, Noruega e Suécia. A palavra "Escandinávia" advem do termo "Escânia", uma região que hoje pertence à Suécia. Todos os três são monarquias parlamentaristas, adotando a coroa como moeda (dinamarquesa, norueguesa e sueca).

A Finlândia, tecnicamente, não é um país escandinavo, embora muitas publicações a considerem parte dessa região. O país branco é, na verdade, um país nórdico. É o único dos quatro principais países da região a adotar o euro, a moeda única européia. É também o único dos quatro principais países a adotar o regime republicano.

A título de arremate, insta destacar que são países nórdicos, portanto, a Noruega, Suécia, Dinamarca (os três escandinavos) mais a Finlândia e a Islândia.

terça-feira, 17 de julho de 2012

NORUEGA, IDÍLICO E FASCINANTE CAMINHO PARA O NORTE!

Noruega. Em norueguês, Norge. Em inglês, Norway. Nas duas línguas germânicas, o verdadeiro sentido do país: o "caminho para o Norte". O caminho para um dos lugares mais belos do mundo. O caminho da vida, das paisagens, da civilização perfeita, dos lendários "trolls", do verde das imensas montanhas e dos fiordes!

Rios correm paralelos às estradas nas lindas paisagens norueguesas.


Conforme dito anteriormente, a Noruega é um dos três países escandinavos. Os outros dois são Suécia e Dinamarca. Faz parte do conjunto dos países nórdicos, composto por Escandinávia, Finlândia e Islândia.

O país foi província dinamarquesa de 1536 até 1814, quando a união foi dissolvida. No mesmo ano da dissolução, foi assinada a Constituição Norueguesa.

Ressalta-se que a Noruega tornou-se independente em 1905, tendo sido Haakon VII coroado rei.

A Noruega é a representação mais perfeita da "social-democracia" no mundo. Nota-se pouca ostentação no país (para se ter uma idéia, existe apenas uma única loja "Louis Vitton", símbolo da referida ostentação e do capitalismo, localizada em Oslo). Não há, definitivamente, lojas de grandes marcas. Não se acha ali lojas da Nike, Adidas, Puma ou outras mundialmente famosas. O que reina ali é o espírito de um povo bastante evoluído, rico e consciente, inclusive ecologicamente. A distribuição de renda é digna de nota, não havendo o abismo entre quem ganha mais e quem ganha menos, bastante usual em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. A renda per capita gira em torno de 77 mil dólares anuais, o que dá idéia da riqueza dos moradores do país.

Vale destacar que a nação, até cerca de 30 anos atrás, era a mais pobre da Europa. A descoberta do Petróleo em suas águas elevou o nível de vida de sua população. É talvez o crescimento econômico mais extraordinário de todos os tempos, superando, inclusive, aquele conseguido pelos chamados "Tigres Asiáticos", a exemplo de Coréia do Sul e Taiwan. Hoje, a Noruega detém, em seu currículo, a renda per capita mais alta do mundo e o melhor índice de desenvolvimento humano do planeta. Vale destacar também que o país, já prevendo o esgotamento de seus recursos petrolíferos, já tem desenvolvido uma poupança interna apta a garantir o futuro.

A carga tributária, que financia os fantásticos serviços públicos de saúde e educação do país, é altíssima, chegando a sessenta por cento do que ganha o cidadão.

O país reúne em seu território cerca de cinco milhões de habitantes, em uma área de pouco mais de trezentos mil quilômetros quadrados. O idioma oficial é o norueguês, derivado da família germânica, sendo também constatada a presença do idioma lapão mais ao norte do território. Ali residem os "samis", habitantes da Lapônia, que é uma grande região que perpassa vários países, a exemplo da Finlândia, Suécia e Noruega.

A Noruega é, como os outros países escandinavos, uma monarquia parlamentarista.  A capital, Oslo, é também a maior cidade, com cerca de seiscentos mil habitantes. Outras cidades importantes são Bergen, Stavanger e Trondheim, esta última mais ao norte.

Ressalta-se que a Noruega é, senão o mais caro, um dos países mais caros do mundo. Em média, uma refeição em um restaurante de porte médio em Oslo não sai por menos de duzentos reais o casal. Uma refeição em redes fast-foods sai por cinquenta reais o casal. Qual a razão para tamanha "carestia"? A razão principal é, também, a alta carga tributária que atinge os empresários do país, que faz com que o consumidor sofra as consequências.

A religião predominante é o protestantismo, muito embora os noruegueses não são, definitivamente, um povo afeto à práticas religiosas e a afeição à rotina das igrejas.

Curiosidade: os supermercados na Noruega são proibidos de vender cerveja após as oito da noite. O que fazem? Colocam uma cortina para impedir o acesso dos incautos.

Na música, um dos destaques do cenário pop dos anos 80, o A-Ha, é de lá. A cantora mais famosa do país é Sissel.

Vejamos as principais atrações desse país espetacular e fascinante - a Noruega, incluindo cidades, paisagens naturais e lendas.

Os fiordes.

A principal atração do país são mesmos os fiordes.


Aspecto de um fiorde. Hardanger, Noruega.

Fiordes podem ser definidos como "braços do mar" (golfos) entre montanhas. As montanhas, lindíssimas, têm geralmente mais de mil metros de altura, formando neve no seu topo no inverno (meados do final e início de cada ano) e cachoeiras, decorrentes do derretimento dessa neve, no verão (entre junho e agosto).

A nossa visita em terras vikings ocorreu justamente no verão, fato que nos ajudou a observar a formação dessas cachoeiras nos fiordes.


Cachoeira no fiorde.
Uma notícia bastante curiosa dos fiordes é justamente a profundidade de suas águas.

Os principais fiordes noruegueses, em extensão, são o Sognefjord e o Hardanger. A Noruega é justamente o país com o maior número de fiordes do mundo, embora o maior, em extensão, esteja na Groenlândia, que é território da Dinamarca.

O Sognefjord localiza-se nas proximidades de Bergen,assim como o Hardanger.

No fiorde de Hardanger, em Lofthus, destaque para uma noite no histórico Ullesvang Hotel, em meio às deslumbrantes paisagens do fiorde.


Hotel Ullesvang. Data do século XIX. Lofthus, Noruega.

Visão do fiorde a partir do Hotel Ullesvang.

Aliás, a Noruega conta com hotéis históricos dentro dos fiordes, a exemplo do Ullesvang, rejeitando as grandes cadeias hoteleiras famosas em todo o mundo.

Além dos fiordes retromencionados, cabe ainda destacar, pela beleza, os fiordes "Nordfjord" e o "Lysefjorden" (onde há um púlpito, onde as pessoas podem observar do alto a beleza do local)


Bergen.

Bergen é, hoje, a segunda cidade mais importante da Noruega. Mas já foi a primeira, sendo capital por alguns anos.

Curiosamente, a cidade, durante os seus séculos de história, foi consumida diversas vezes por incêndios. O pior registrado data de 1702 e deixou a cidade reduzida à cinzas.

Historicamente, a cidade sempre foi um importante porto, sendo uma das mais destacadas da "Liga Hanseática".  A "Liga", vale ressaltar, foi uma importante aliança mercantil entre cidades portuárias durante a Idade Média e início da Idade Moderna. Algumas outras cidades importantes da "Liga": Lubeck e Hamburgo, na Alemanha; Gdansk, na Polônia; Riga, na Estônia e Tallin, na Lituânia.

Bergen é conhecida também como o "Portão de Entrada dos Fiordes", sendo os dois mais próximos justamente os maiores do país, Sognefjord e Hardanger, já comentados acima.

A cidade abriga uma das paisagens urbanas mais interessantes da Europa: o bairro de Bryggen, cuja representação mais marcante é o conjunto de doze casas de madeira perto do porto da cidade. Próximo à Bryggen, encontramos outras atrações, a exemplo da igreja de "Johanneskirken", a mais linda da cidade, o "Museu Hanseático", a "St. Mary´s Church" (que atualmente está fechada para reformas) e o "Museu de Bryggen".


Bergen e o cenário de Bryggen.

Bergen, conforme dito acima, está em localização estratégica para a visitação dos fiordes. Há inúmeros passeios para os vários colossos das redondezas, a exemplo dos já citados Sogne, Hardanger, além do Aurlandfjord.

Atração bastante conhecida da cidade é justamente a casa do famoso compositor norueguês Edvard Grieg. Grieg nasceu (1843) e morreu (1907) em Bergen. Chama-se "Troldhaugen".

Uma de suas composições mais famosas é "In The Hall of Mountain King", tema de desenho animado.

Mas a mais famosa, e que certamente todos já escutaram, é "Morning Mood" ("Peer Gynt"). É uma das mais belas canções clássicas de todos os tempos e, como o próprio nome evoca, dá uma tranquilidade imensa se ouvida pela manhã. Está disponível em larga escala no site "YouTube".

Além de Bryggen e Trouldhagen, destacam-se ainda na urbe portuária o passeio de teleférico, que dá uma visão explêndida da cidade. A entrada para o funicular está localizada atrás do bairro Bryggen.

Oslo.

Oslo, a capital do país, mostra bem o espírito norueguês de viver. Tem um bom e eficiente sistema de transportes, mas tem também muita gente andando a pé ou de bicicleta para o trabalho. É o jeito ecológico de se comportar, bem em moda atualmente.

É uma cidade relativamente pequena. Tem pouco mais de seiscentos mil habitantes, o que a colocaria, se fosse no Brasil, como uma das capitais de menor população.

Conforme ressaltado alhures, dificilmente encontram-se lojas que evocam o "espírito capitalista". Há, no entanto, grandes lojas de departamentos, aquelas do estilo da Galeria Lafayette de Paris.

Historicamente, conta-se que a cidade foi fundada no ano 1.000 depois de Cristo. O nome "Oslo" tem duas vertentes de origem: uma, que a considera "o campo abaixo das colinas" e outra que significa "o campo dos deuses". A primeira parte "Os", portanto, pode significar tanto "abaixo das colinas", como "Deus". A segunda parte, "Lo", é traduzida por ambas as correntes da origem do nome como sendo "Campo".

Em 1624, sob o domínio dinamarquês e o reinado de Christian IV, a cidade passou a se chamar "Christiania".  Este nome perdurou até 1925, quando a cidade voltou a se chamar Oslo.

Oslo é uma cidade de múltiplas atrações.

A maior de todas, sem dúvida, é o "Frogner Park", em sua subdivisão mais famosa, chamada"Vigeland Park", ou, em bom português, o "Parque Vigeland". 


Vigeland Park, um dos parques mais interessantes do mundo.

O nome da subdivisão do "Frogner Park" advém do escultor norueguês Gustav Vigeland, que viveu entre 1869 e 1943, idealizador das monumentais obras.

O parque conta a história da "criação humana", em um percurso composto de 192 esculturas, desde o nascimento até a morte, passando, é claro, pela procriação.

Ali também há espaço para a diversão dos noruegueses, notadamente no verão, incluindo piscina olímpica e jardins para piquenique. E um grande espaço verde, compondo toda a extensão.

Um ótimo programa, dada a beleza do local.

Esculturas idealizadas por Gustav Vigeland.
Além do "Frogner Park" e da sua coleção de esculturas ("Vigeland Park"), destacam-se em Oslo o "Museu dos Barcos Vikings" ("Vikinskipshuset", nos arredores de Oslo, admissão por 60 coroas norueguesas), o "Parlamento" ( "Stortinget", geralmente possui visita guiada às dez, onze e meia e treze horas); e o "Palácio Real" ("Slottet", abre algumas épocas do ano para visitação).


Palácio Real na verde e bela Oslo.

Oslo também tem muitas ilhas em seus arredores (em uma delas ocorreu o famoso massacre do terrorista norueguês em 2011) e está localizada em um fiorde, o "Oslo fiorde".

Lillehammer

Lillehammer é uma cidade norueguesa famosa por ter abrigado, em 1994, os "Jogos Olímpicos de Inverno". Daí ser o "Parque Olímpico" a principal atração da cidade.



Logotipo dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1994.

Pista de esqui de Lillehammer.

É uma cidade com muitos morros, dificultando sobremaneira a caminhada. Apenas a "rua dos pedestres", onde se localiza o comércio local, é reta.

Definitivamente, é uma cidade com menos atrativos turísticos, programa para apenas um dia de visita mesmo.


As igrejas de madeira.

Sem dúvida, as "staves-churchs", ou "igrejas de madeira" são a principal contribuição da Noruega à arquitetura mundial.


Borgund Stave-Church. A mais bem preservada da Noruega.
Trata-se de igrejas medievais, construídas em madeira. A mais famosa, e bem preservada, das 28 (vinte e oito) ainda existentes, é, justamente, a "Borgund".

Anteriormente ao período da Reforma (1537) havia cerca de 1.000 destas igrejas no país. Ocorre que a demanda por mais lugares, enfim, por igrejas maiores, levou os noruegueses a abolir a construção desse tipo de igreja. Assim, após a Reforma, nenhuma outra igreja nesse formato foi construída.

No meio do século XIX, a "Sociedade para a Preservação de Monumentos Antigos" resolveu agir para impedir a destruição de todas essas igrejas, o que resultou na conservação das 28 atualmente existentes.

Algumas dessas igrejas hoje fazem parte de museus, a exemplo do Museu de Trondheim, em que está exposta uma igreja de Holtalen, que é um tipo de igreja ("tipo Holtalen") diferente de Borgund ("tipo Borgund"), notadamente no formato da região central interna da igreja. Existe ainda um terceiro formato de teto, o "tipo  More".


A lenda dos Trolls


Troll.

A lenda dos trolls é um dos aspectos mais peculiares da cultura norueguesa. 

Trolls são seres bastante similares aos duendes, mais conhecidos na literatura mundial.

Segundo a lenda, os trolls eram seres que viviam nas montanhas. A observação desses seres só era possível à noite, já que tinham como característica não suportar a luz. Característico também dos trolls eram os quatro dedos nas mãos e nos pés. Têm também muitos dotes sobrenaturais - em um deles, transformavam-se em lindas mulheres para atrair varões para a montanha. Muitos desses enganados pelos pequenos seres não regressam mais. Também são seres agressivos quando contrariados.

Os Samis

Outro aspecto interessante da Noruega é que, na sua região mais setentrional, vive um povo indígena do gelo: os samis, ou lapões.

A Lapônia é uma região gelada que está localizada em quatro países: Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia.

A maior população de lapões, cerca de 35.000 pessoas, é encontrada justamente na Noruega. Vivem da caça, da pesca e da criação de renas.


Frio intenso na região em que vivem os samis.

Casa de um sami.

A bandeira da Lapônia.


O Bacalhau.

Ah, uma última coisa: Bacalhau é bom em Portugal, não na Noruega. A Noruega é só exportadora mesmo. O que é bom mesmo é o salmão, delicioso. Mas, para quem nunca viu uma cabeça de bacalhau, aí vai a foto:


Bacalhau e sua nunca vista cabeça.


Enfim, essas são as principais atrações da Noruega, o idílico e fascinante caminho para o Norte!

sábado, 14 de julho de 2012

COPENHAGUE, A PARADOXAL CAPITAL DINAMARQUESA

"Viajar é viver" (Hans Christian Andersen)

Copenhague. Capital da Dinamarca, a cidade encanta logo à primeira vista. Trata-se de um belo conjunto de edifícios históricos que nos trazem à baila e resgatam na memória histórias de contos de fadas.

Não é à toa esta percepção. Copenhague exala esse ar muitas vezes infantil, o que já nos remete à principal figura do país, conhecida mundialmente, que viveu no século XIX por aquelas bandas: Hans Christian Andersen. Embora nascido em Odense (terceira cidade do país), Hans Christian Andersen residiu boa parte de sua vida em um dos cartões-postais da cidade: o pitoresco bairro de Nyhavn.

Ainda continuando no espírito infantil, vale lembrar também que a Lego foi criada, em 1934, por um dinamarquês - Ole Kirk Christiansen.O Lego, cujo nome vem do dinamarquês "brincar bem", é uma espécie de brinquedo que prima pela união de pequenas peças, que produzem lindos artigos, que vão de um monumento até personagens de "Star Wars". É superinteressante para educação de crianças.

Aliás, mister aduzir que existem no mundo 04 (quatro) parques temáticos "Lego", sendo o mais antigo o da Dinamarca, localizado em Billund - a famosa "Legoland". Os outros estão localizados na Califórnia (Carlsbad), na Grã-Bretanha (Windsor) e na Alemanha (Gunzburg).

Na capital, é possível ver várias dessas montagens interessantes em  lojas lego localizadas no centro. Por exemplo, Nyhavn montada em Lego, superbacana, conforme se vê na foto abaixo.

Nyhavn, principal ponto turístico de Copenhague, em Lego.

Mas nem só de espírito infantil vive a cidade dinamarquesa. E aí que aparece o seu paradoxo: é uma cidade adulta, bem adulta, diga-se.

Os dinamarqueses são bastante ligados à vida noturna. E mais. Fumam, fumam, fumam. As ruas da cidade estão impregnadas com as famosas " bitucas" de cigarro. E aí reside, talvez, um ponto negativo da cultura desse pequeno país do norte europeu.

Pausa na descrição da capital. Um pouco do país - a Dinamarca.

A Dinamarca conta com uma população estimada em cinco milhões e duzentos mil  habitantes. Desses, grande parte vive nos centros urbanos - mais de quatro milhões. Os maiores centros urbanos são Copenhague, com um milhão e meio na sua região metropolitana, Aarhus, com trezentos mil e Odense, com cento e setenta e cinco mil.

Como os outros países da Escandinávia, o nível de vida da população é bem alto. A renda per capita do país gira em torno dos impressionantes 55.000 dólares anuais.

A economia tem como ponto forte a indústria de laticínios, além da exportação de carnes bovinas e suínas, diante da existência de um grande número de fazendas em seu território repleto de planícies.

Dos três países escandinavos, o país é o que utiliza mais o transporte por bicicletas. A bicicleta é uma instituição nacional, respaldada por rigorosas leis que protegem os ciclistas.

O país segue a tradição da região e é uma monarquia parlamentarista. É o reino mais antigo do mundo. O rei mais lembrado de todos é "Christian IV" que reinou no século XVII e construi alguns dos prédios mais famosos de Copenhagen, a exemplo do prédio da Bolsa de Valores, da "Torre Circular" e o "Castelo de Fredericksborg".

O idioma é o dinamarquês e a religião predominante é o protestantismo. A moeda, a coroa dinamarquesa.

A Dinamarca é um conjunto de ilhas. É também o menor dos países da região. Copenhagen, a capital, está localizada na ilha denominada "Zelândia". Aliás, a capital é separada por um estreito da Suécia, cuja travessia de balsa é realizada em vinte minutos.

Além das 406 ilhas que compõem o país, temos como territórios dinamarqueses as Ilhas Faroe e a Groenlândia.

A Groenlândia, aliás, tem esse nome em virtude uma promoção de marketing do viking dinarmarquês Erik, o Vermelho. Erik queria povar a região e sempre ressaltava que as terras lá eram verdes. O que, sabidamente, é uma mentira, já que a Groenlândia é uma terra gelada. Groen, "green", "verde", é essa a origem do nome do território.

Hans Christian Andersen.

O maior nome da literatura dinamarquesa, e um dos maiores nomes mundiais, é sem dúvida Hans Christian Andersen (1805-1875).

Escritor de conto de fadas, Andersen nasceu em Odense, uma das principais cidades dinamarquesas, em 1805.

É dele as obras "A Pequena Sereia", "O Soldadinho de Chumbo", "O Patinho Feio", dentre outros sucessos da literatura infantil mundial.

Viveu durante muitos anos em Nyhavn, uma das principais atrações turísticas de Copenhague.

Voltando à Copenhague. As atrações da capital dinamarquesa.

A mais concorrida atração da capital do conto de fadas é justamente a escultura da "Pequena Sereia". É praticamente impossível aproximar-se dela, dada a quantidade de pessoas que se aglomeram sobre a pequena notável. É o símbolo nacional da Dinamarca. Para quem gosta de futebol, deve se lembrar do jogo Brasil e Dinamarca da Copa de 1998: Brian Laudrup marcou um gol contra o Brasil e a homenageou. O jogo, felizmente, terminou 3 a 2 a favor do Brasil, pelas quartas-de-final daquela Copa.


"A Pequena Sereia", símbolo da Dinamarca

Nyhavn é, além do lugar onde Andersen viveu, um dos lugares mais concorridos da capital dinamarquesa, tendo em vista que é lá que ocorre o "happy hour" da bela população daquele país. É um porto bem bacana, cheio de restaurantes.


Nyhavn.

A história de Copenhague começou, ainda no século XII, pelo "Palácio de Christiansborg". É simplesmente notável sua arquitetura. Curiosidade: Christiansborg já ardeu em chamas por duas vezes ao longo de sua história - o seu desenho atual é datado de 1916. O nome é em homenagem ao já citado anterior rei Christian IV, o mais venerado da Dinamarca, responsável pelo embelezamento da capital.


Christiansborg.

Castelo renascentista, o "Frederiksborg" é uma opção de visita bastante apreciada quando se está na capital dinamarquesa.

A "Rundetarn", ou "Torre em Espiral", é um belíssimo prédio construído pelo rei Christian IV, o mais famoso soberano dinamarquês de todos os tempos. O mesmo arquiteto que planejou a "Rundetarn" também realizou a "Trinatis Church", que fica próxima à torre.

Outra atração de Copenhague é, sem dúvida, o Tivoli, um parque de diversões bastante interessante, que conta com um grande espaço para shows e eventos. Também tem muitos restaurantes, além de interessantes e vistosos monumentos, a exemplo de uma réplica do Taj Mahal e um prédio ao estilo chinês.

Praça belíssima, e bastante central, é a "Praça da Prefeitura".  É perto dali que o comércio de Copenhage é mais forte. Fica próxima também ao "Tivoli".


A grande praça da Prefeitura. O centro de Copenhague.

Enfim, essas são as atrações principais desse país maravilhoso- a Dinamarca e sua interessante capital - Copenhague.

domingo, 1 de julho de 2012

UM PASSEIO PELA SUÉCIA!

Suécia. A princípio, temos a noção de que se trata de um país frio - o que é certo, com um povo igualmente frio -o que é errado.

Incrivelmente festeiro, o povo sueco celebra o futebol, o esporte mais popular no país. Durante a "Euro 2012", o que se via nas ruas de Estocolmo é algo parecido com o que ocorre no Brasil nos tempos de Copa do Mundo. A celebração é incrível. Caras-pintadas, bandeiras nas costas, gritos de "Sverige" (nome do país na língua nativa) por todos os cantos. E reunião em uma praça de milhares de pessoas para assistir aos jogos.

E a festa não para no futebol. A noite cai (ou melhor, a "noite branca" continua), e os bares e casas noturnas estão sempre lotados.

É esse o espírito que guia um dos países mais ricos e evoluídos do mundo, um dos símbolos de sucesso do modelo denominado "social-democracia".

A Suécia ("Sverige") é um dos três países que compõem a Península Escandinava. Os outros dois são Dinamarca ("Danmark") e Noruega ("Norge"). A Finlândia, tecnicamente, é um país nórdico (do norte), mas não escandinavo.

Dos quatro países nórdicos retromencionados, a Suécia é o mais populoso. São cerca de 9 milhões e duzentas mil pessoas espalhadas em uma área de 450 mil quilômetros quadrados.

Monarquia parlamentarista, a Suécia não aderiu ao Euro. Sua moeda é a Coroa Sueca, na cotação de sete Coroas por um dólar.

O idioma oficial é o sueco, bastante parecido com os idiomas norueguês e dinamarquês, todos pertencentes à linhagem germânica.

Além da capital, destacam-se as cidades de Gotemburgo (ou "Goteborg" na linguagem nativa, a segunda maior do país, importante centro comercial e que possui o estádio com arquitetura mais arrojada do mundo, em forma de navio- Ullevi), Malmo (porto, antigo membro da liga hanseática e centro comercial) e Upsalla (cidade com viés histórico, incluindo dentre suas atrações a universidade mais antiga da Escandinávia).


Centro histórico de Gotemburgo, na Suécia.

Estocolmo, a capital, autointitula-se a "Capital da Escandinávia". Não sem razão.  É a maior cidade da região, contando com uma população estimada em 900 mil habitantes, contra os 600 mil de Oslo e os 500 mil da capital dinamarquesa. Ademais, a cidade é bem cosmopolita, abrigando pessoas de diversas nações.

Estocolmo está localizada em uma região repleta de ilhas. Ela mesmo se expandiu sobre 14 dessas ilhas. Daí as sugestivas alcunhas que a cidade recebe: "Cidade sobre as Ilhas", "Cidade entre as Águas" ou mesmo "Cidade entre as Pontes".


Vista da capital sueca.

Um passeio altamente recomendável é atravessar o Mar Báltico entre Helsinque e Estocolmo, pelo navio "Silja Lane". É simplesmente arrebatador o visual proporcionado pelas milhares de ilhas que surgem no caminho do navio, logo de manhãzinha, depois da noite inteira de viagem, com suas paisagens idílicas com muito verde e  casinhas de madeira.

O Centro histórico da cidade é belíssimo, com suas casas multicoloridas.

Estocolmo, Suécia.

Ali no centro histórico é possível encontrar os famosos "cavalinhos" suecos de madeira, o símbolo nacional. A imaginação toma conta, existindo cavalinhos de todos os tipos e gostos, inclusive em homenagem à monarquia daquele país.


Sem sombra de dúvidas o prédio mais famoso, e interessante, da capital sueca é o "Stadshuset", ou, em bom português, a "Prefeitura Municipal". Trata-se de um belo edifício de tijolos vermelhos, cuja torre, de 106 metros, apresenta as três coroas douradas, o símbolo máximo da Suécia.


Ao fundo, a torre do "Stadshuset".
Apesar de interessante por fora, o edifício tem bastantes atrações em seu interior, notadamente em suas "salas". As melhores são a "Sala Azul" e a "Sala Dourada".

A primeira delas, a "Sala Azul", tem piso de mármore e parede de tijolos. É lá que todos os anos ocorre o jantar em homenagem aos laureados do Prêmio Nobel.


"Sala Azul"

Decorada com motivações bizantinas, a "Sala Dourada" agrada em cheio os visitantes. É a mais bela do prédio. É nessa sala que ocorrem os bailes de gala, após o jantar, do Prêmio Nobel.


"Sala Dourada", com motivações bizantinas. Estocolmo, Suécia.
Vale aqui destacar que o Prêmio Nobel está atrelado a uma fundação instituída por testamento pelo milionário Alfred Nobel (inventor da dinamite, dentre outras). O prêmio é dedicado àqueles que se destacaram em prol da humanidade. São seis os prêmios atualmente existentes: física, química, medicina e fisiologia, literatura, economia e da paz. Desses, o único não financiado pela Fundação Nobel é justamente o de economia, o último a ser criado. O financiamento, nesse caso, cabe ao Banco da Suécia. E, a título de curiosidade, somente o Nobel da Paz não é entregue em Estocolmo, mas sim em Oslo, na Noruega. Embora sueco, Nobel tinha ligação com a Noruega (então pertencente à Suécia no século XIX)., o que explica essa única entrega em Oslo.

Voltando à cidade de Estocolmo, destaca-se ainda o "Vasamuseet", ou "Museu Vasa", em bom vernáculo.

Trata-se de um museu em homenagem ao navio "Vasa", sonho do monarca Gustavo II Adolfo da Suécia, que teve vida curta: apenas alguns míseros minutos.

Construído em 1628, e ricamente decorado (há representação até dos imperadores romanos no casco), o Vasa, lançado ao mar em 10 de agosto de 1628,  percorreu apenas 1.300 metros a partir do porto de Estocolmo até que ventos fortes o inclinaram e o levaram para o fundo do mar. Somente em 1961 o navio foi resgatado e hoje está sendo conservado nesta área especialmente reservada para ele em Estocolmo.


Em frente ao Vasa. Museu Vasa, Estocolmo

O museu conta com vários andares, com algumas seções interessantíssimas, a saber: "As Imagens do Poder", que retrata os adornos artísticos do Vasa e o respectivo simbolismo; "O Veleiro", que aborda sobre as velas e a navegação no século XVII; "A Vida a Bordo", que mostra um modelo em escala real do convés e permite inspecionar objetos encontrados a bordo; "Batalha", sobre as guerras no mar naquele século e ainda uma projeção de força do Vasa em batalhas, se ele não tivesse naufragado; e o "Resgate do Vasa", que mostra como o navio foi encontrado, explorado e resgatado pelos mergulhadores.

Enfim, um passeio bem diferente do usual em matéria de museus e que considero realmente imperdível quando se está na capital sueca. Existem ainda outros museus, a exemplo do "Nationalmuseum" (obras de arte em geral) e o "Nordiska Museet" (que explora a história sueca), mas o Vasa é realmente o principal, por ser o símbolo de uma cultura.

Estocolmo é também uma cidade que prima pelas grandes lojas de departamento. As principais são a NK e a Athlens.

Por fim, vale destacar que os vikings tiveram destacada importância também na Suécia, entre os anos 800 e 1050 depois de Cristo. As suas embarcações características, com a representação de dragão, eram utilizadas notadamente para saquear várias regiões do continente europeu. Hoje em dia, na Suécia, sua presença histórica é percebida na província de Gotland, onde existem as famosas "pedras figuradas", que são pedras maciças onde os vikings comemoravam, por escrito, suas vitórias.

Suécia. Um país pouco visitado, bastante interessante de se conhecer.