A África é um continente cheio de surpresas, uma fonte inesgotável de conhecimento e vivências. É o continente certo para o viajante literalmente buscar novos horizontes e mais, buscar uma nova concepção de vida. Maurício, ou ainda Ilhas Maurício, é um lugar bastante interessante nesse continente espetacular.
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A multicolorida bandeira mauriciana. |
O país.
Localizado no
Oceano Índico, mais precisamente na
África Oriental,
Maurício é um país que tem os seguintes nomes nos vários idiomas: em nosso português, é
Maurício; já no português europeu (Portugal), é
Maurícia; em inglês, por sua vez,
Mauritius. É, ainda, "
Maurice" em francês e
"Moris" em crioulo. O curioso nome "próprio" foi dados pelos primeiros colonizadores efetivos, os holandeses, em homenagem a
Maurício de Nassau (1567-1625),
princípe de Orange entre 1618 e 1625. Curiosidade: embora tenha sido "Princípe de Orange", Nassau nasceu em Dilenburg, que hoje é território alemão. Advertência: não confundir também esse Maurício de Nassau com o conde "João Maurício de Nassau" (1604-1679), que andou por terras brasileiras, sendo o responsável pelo embelezamento do Recife.
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A ilha principal, com todas as suas principais cidades. |
Maurício está a 800 km de
Madagascar, mas forma um conjunto turístico com duas outras ilhas: a elegante e cara
Seychelles ao norte e
Reunião, um departamento francês, a oeste.
Constituído sob a forma de governo
republicana, Maurício é, na verdade, um arquipélago, formado por quatro ilhas:
Maurício (a principal e mais turística),
Rodrigues,
Cargados Carajos e
Agalega. As quatro ilhas tem um nome peculiar: são as
"Ilhas Mascarenhas Orientais".
A miscelânea cultural que caracteriza o país começou durante a sua colonização, com a sucessão de países que ali aportaram: primeiro os portugueses (1505); depois, os holandeses (1598); franceses e, finalmente, os britânicos.
A independência do país foi conquistada em
1968. O grande nome da libertação de Maurício foi o homem de nome impronunciável sir
Seewoosagur Ramgoolam, o famoso
"SSR", que dá nome ao moderno e interessante aeroporto do país. Ramgoolam fundou o Partido Trabalhista em 1936 e desde então lutou pela independência mauriciana. Mas a ideia de liberdades civis foi impulsionada antes, quando da visita do líder espiritual indiano Mahatma Gandhi em 1901.
A economia gira em torno da
cana-de-açúcar.Também tem tradição na exportação de
chá,
tabaco e
tecidos.
O símbolo do país é o
dodô, um animal parecido com um pato, desaparecido no século XVII. Embora parecesse com um pato, como já foi dito, era uma espécie de pombo gigante, com asas curtas e frágeis - por isso não conseguia voar. Pesava cerca de 23 kg. Foram mortos pelos colonizadores, principalmente os marinheiros holandeses - era a refeição destes. Além disso, seus ninhos foram dizimados por animais trazidos por navios. Hoje, o dodô vive na lembrança, representado em diversos suveníres pela ilha. Há muitos esqueletos desse animal em museus da Europa, Estados Unidos e Maurício.
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O dodô, símbolo de Maurício presente, inclusive, no brasão do país. |
Culturalmente, é importante destacar a "Séga",
uma poderosa mistura de dança e música concebida em suas origens pelos
escravos que aportaram na ilha. O principal instrumento utilizado é uma
espécie de tambor chamado "ravanne". A batida começa lenta e vai
aumentando aos poucos.
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Séga. Apresentação típica. Foto: Carlos HB/ EP. |
A moeda é a
rúpia mauriciana. O nome da moeda indica a proximidade do país com a Índia (cuja moeda é a rúpia indiana).
O país disputa com Seychelles as Ilhas Chagos e com a França a ilha Tromellin.
Quando ir.
A melhor época para visitar Maurício vai de
junho a outubro. De
janeiro a março é a época dos
ciclones (ou seja, fuja!).
Dezembro, abril e maio chovem consideravelmente também.
Setembro e
outubro são os meses com menor índice pluviométrico.
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O céu ideal para curtir maurício. Outubro. Foto: Carlos HB/EP |
Atrações principais.
Port Louis.
Port Louis é a capital e a cidade mais importante do país. A cidade não é perigosa durante o dia, muito embora existam casos de pequenos furtos no mercado local. À noite, a indicação é usar táxi e não ficar "dando sopa" na rua.
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Vista de Port Louis a partir da Cidadela. Foto: Carlos HB/EP |
Renovado em 2004, o
Mercado Central de Port Louis (aberto todos os dias de cinco e meia da manhã até as cinco e meia da tarde, exceto no domingo, quando fecha às onze e meia) é uma grande atração da capital, onde o visitante pode encontrar muitos suveníres.
A
Place d´Armes é considerada a Champs-Elysées de Port Louis. É uma avenida com palmeiras que leva até a
Government House, uma das atrações dessa região, e perpassa pela estátua de
Mahé de Labourdonnais.
Port Louis também tem sua "
Chinatown".
Outra atração conhecidíssima, e uma visita bem bacana, é o
Fort Adelaide, ou Cidadela. Construído pelos britânicos, o forte conta com uma visão completa da pequena capital.
O "
Blue Penny Museum" é o museu mais impactante da capital. Explica-se. Maurício tem uma tradição filatélica imensa, além de ser o país de origem de dois dos selos mais caros do mundo: o one penny e o two pence, ambos de 1847. Há um post específico nesse blog sobre esse museu (leia
aqui).
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O Museu Blue Penny, colado no shopping Caudan. |
A capital mauriciana tem ainda três outros museus dignos de nota: o
Museu de História Natural e Instituto de Maurício; o Museu Postal de Maurício e o Museu Fotográfico.
Uma atração pouco conhecida é o
Santuário de Père Laval. Père foi um padre que viveu no século 19 (morreu em 1864) e que foi beatificado por João Paulo Segundo durante visita papal no ano de 1979. Père é hoje uma figura muito popular- peregrinos vem de diversas partes do mundo para ver seu túmulo e pedir um milagre (muitos foram atribuídos a ele). 09 de setembro é a data da peregrinação.
Aapravasi Ghat é outra atração local. Considerada
"Patrimônio Mundial da Unesco" (desde 2006), é um pequeno complexo de construções localizado em frente ao mar, e é um monumento representantivo dos milhares de trabalhadores indianos que chegaram à ilha no período que se estendeu de 1849 a 1923. Mas são ruínas, e o turismo de lá não destaca muito essa atração.
Igrejas e templos não são o forte do país, mas três se destacam:
St. James, St. Louis e a capela de Maria Rainha da Paz.
Uma mesquita vale a visitação: é a
Mesquita Jummah, construída em 1850, a principal da ilha.
O "
Hipódromo", chamado oficialmente de "
Champ de Mars Racecourse", foi fundado em 1812, sendo o segundo mais antigo do mundo.
O "
SSR Memorial Centre for Culture", por sua vez, apresenta a vida do famoso SSR, aquele de quem linhas atrás falamos, figura central na independência do país e que dá nome ao aeroporto. Para quem é curioso, vale conhecer a vida desse mauriciano.
E, finalmente, destaca-se o bairro muçulmano da cidade, o
"Plaine Verte".
O shopping principal da cidade, para quem gosta de compras, é o
Caudan Waterfront. E para quem gosta de jogar, há o "
Port Louis Casino".
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O Caudan Waterfront, em Maurício. Shopping. Foto: Carlos HB/EP |
Platô Central.
O Platô Central, continuidade do caos urbano de Port Louis, concentra grande parte da população da ilha. As principais cidades são
Phoenix, Rose Hill, Curepipe, Quatre Bornes, Pailles e Moka.
Para quem curte visitas históricas, a dica nessa região é
Eureka, uma bela mansão crioula construída em 1830, hoje transformada em museu. É o melhor exemplo de "plantation" (agricultura baseada na monocultura de exportação - geralmente o açúcar e mão de obra escrava) em Maurício.
Norte.
O norte tem algumas ilhas que se destacam:
Coin de Mire, Ile Plate e Ilot Gabriel, Ile Ronde e Ile aux Serpents.
Um dos grandes destaques da ilha, sem dúvida, é o local chamado
"SSR Botanical Gardens" ou
"Jardins de Pamplemousses". É um belo local, indiscutivelmente, com muitas plantas (incluindo as "brasileiras"
vitórias-régias), árvores e flores nativas, constando ainda as famosas tartarugas gigantes.
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Vitória-Régia. Foto: Carlos HB/EP |
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Tartarugas gigantes no Pamplemousses. Foto: Carlos HB/EP |
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Pamplemousses tem seus caminhos entre árvores. Foto: Carlos HB/EP |
Em "
Cap Malhereux", destaca-se a pitoresca igrejinha de
"Notre Dame Auxiliatrice", com seu característico teto vermelho.
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Notre Dame Auxiliatrice. CC BY-SA 4.0 Foto de Martin Falbisioner |
Oeste.
No Oeste destacam-se algumas cidades: a pequena
Albion, a menor ainda
Flic en Flac; Tamarin e
Rivière Noire, onde há a praia
Tamarin Beach.
A região conta com o
Black River Gorges National Park, o principal da ilha.
Outra grande atração é a queda d´água
Chamarel, um dos cartões-postais da ilha.
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Chamarel. User: (WT-shared) Shoestring em wts wikimedia Commons |
Não se pode falar na região oeste de Maurício sem mencionar
Le Morne. Foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 2008, devido à sua importância como abrigo para escravos foragidos nos séculos XVIII e XIX. Maurício ganhou até um apelido por ter sido refúgio de escravos: a "Terra dos Quilombolas".
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Le Morne. Foto: Math David. |
Sul e Sudeste.
Mahébourg.
Uma das principais atrações da região sul/sudeste da ilha é o "Mercado de Domingo" ("Foire de Mahébourg"), em Mahébourg, cidade de 17.000 habitantes.
Outras atrações locais incluem o "Museu de História Natural", a "Notre Dame des Anges" e a fábrica "Rault Biscuit".
Point d´Esny e Blue Bay.
Em Point d´Esny vale conhecer três atrações: Blue Bay Marine Park. Ile Aux Aigrettes e Ile des Deux Cocos.
As praias dessa região, junto com as de Belle Mare, são as mais atraentes da ilha.
Leste.
Ile Aux Cerfs.
Uma ilha belíssima e paradisíaca de Maurício, é um ponto turístico local bastante conhecido e frequentado. São quatro bares e restaurantes à disposição.
De outubro a março, nas noites de sábado, tem festa na ilha, que vai das onze da noite às cinco da manhã. A admissão, de cerca de 500 rúpias (preço pode ter sido majorado), inclui bote e uma bebida.
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Ile Aux Cerf, Maurício. |
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Mais uma panorâmica da bela ilha. Foto: Carlos HB/Escalada Planetária |
Belle Mare e Palmar.
Região famosa pelas praias. Há ainda um templo hindu.
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Praia em Belle Mare. |
Rodrigues - A "Outra Maurício".
Ilha pequena e montanhosa, Rodrigues recebe poucos turistas, já que a maioria prefere a ilha principal de Maurício. É um passeio para quem quer conhecer um modo de vida mais tradicional, baseado na agricultura e pesca. A ilha tem praias belas também - Anse Ali é um exemplo.
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Anse Ali, praia de Rodrigues. By B.navez - CC BY-SA 3.0 |
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Onde ficar.
A versão internacional do "Lonely Planet", um dos guias mais utilizados nesse blog como fonte de consulta indica os seguintes hotéis, com a respectiva localização:
Port Louis --> Não é recomendável pelo guia a estada em Port Louis, uma vez que a cidade se transforma em "cidade-fantasma" ao anoitecer. Três hotéis são indicados nessa área: Le St. Georges; Le Suffren Hotel e Marina; Laburdonnais Waterfront Hotel. Mas, convenhamos, em um lugar com tantos resorts maravilhosos, não vislumbramos o porquê de se escolher um hotel em um lugar caótico e pouco romântico como Port Louis.
Platô Central --> Também não é a região mais adequada para se hospedar. O guia indica também três hotéis nessa área: Auberge de la Madelon; La Potinière; e o Ginger.
Norte (Trou Aux Biches e Mont Choisy) --> A região conta com muitos apartamentos e vilas. Hotéis e resorts indicados pelo Lonely Planet: Casuarina Hotel; Le Sakoa e Trou Aux Biches Hotel.
Norte (Grand Baie) --> Tem também apartamentos e vilas. Hotéis indicados: Ventura Hotel; Ti Fleur Soleil; 20 Sud; Verandah Hotel; Le Canonnier; Le Mauricia e Royal Palm.
Norte (Pereybère) --> Como as outras regiões do norte, tem apartamentos para alugar e vilas. Hotéis e resorts indicados: Pereybère Hotel e Apartments; Ocean Beauty; Le Beach Club e Hibiscus Hotel.
Norte (Grand Gaube) --> Verandah Paul e Virginie.
Oeste (Albion) --> Club Med La Plantation d´Albion (segundo o Lonely Planet, as praias não são top, mas as piscinas compensam...).
Oeste (Flic and Flac) --> Apartamentos, vilas, pousadas. Hotéis e resorts indicados: Aanari, Seavilla Resort e Spa; Manisa Hotel; Sands Resort; La Pirogue (preferência da Lonely Planet; mais antigo resort de Maurício); Sugar Beach Resort; Hilton e Maradiva.
Oeste (Tamarin) --> Bay Hotel; La Mariposa; Tamarin Hotel.
Oeste (Chamarel) --> Le Coteau Fleurie; Chalets en Champagne; Lakaz Chamarel.
Oeste (La Gaulette) --> Ropsen (indicação do LP); Maison Papaye (Indicação do LP).
Oeste (Península Le Morne) --> Indian Resort; Paradis; Dinarobin e Les Pavillons.
Sul (Mahébourg) --> Hotel Les Aigrettes; Tyvabro; Auberge Aquarella e, se tudo estiver cheio, Nice Place Guesthouse e Coco Villa.
Sul (Point D´Esny e Blue Bay ) --> Tem vilas, apartamentos e pousadas. São indicados os hotéis e resorts Le Preskil e Shandrani.
Leste (Trou d´Eau Douce) --> Four Seasons Resort at Anahita; Le Touessrok.
Leste (Belle Mare e Palmar) --> Emeraude; La Palmeraie; Belle Mare Plage; Le Saint Géran (Preferido do Lonely Planet); Le Prince Maurice (Preferido do LP); Beau Rivage e Residence (o que ficamos).
Onde comer
Em geral, é possível conseguir meia-pensão (ou seja, com o jantar), nos resorts mauricianos. É uma boa pedida, já que a comida é sempre muito boa. No "The Residence", podemos atestar que foram todos os jantares ótimos.
O Trip Advisor conferiu certificado de excelência para os seguintes restaurantes: Escale Creole (Moka); La Table du Chateau (Mapou); Le Off (Grand Baie); 1974 (Trou Aux Biches); Green Island Beach Restaurant (Trou d´Eau Douce); Zub Express Restaurant (Flic and Flac); La Rougaille Creole (Grand Baie), entre outros.
Dicas de Maurício
Livro "1.000 Lugares para Conhecer Antes de Morrer", de Patrícia Schultz (Sextante, 2015, fls. 852 e 853)
"Independente deste 1968, Maurício, com 45 km de largura, é um microcosmo da diversidade cultural e um exótico mosaico de influências indianas, africanas, britânicas, europeias e chinesas. Fica bem distante de qualquer lugar, mas um público variado aflui para cá, entre europeus adoradores de sol, casais em lua de mel e gente que deseja relaxar nos excelentes resorts da ilha, depois de uma temporada de safáris".
"Um dia no hipódromo Champ de Mars, em Port Louis, um dos mais antigos do mundo, é praticamente obrigatório".
"A maioria dos visitantes de Maurício não chega a ir mais ao sul do que o aeroporto. Não siga a onda. Faça uma viagem pela estrada que atravessa a pitoresca aldeia de Mahébourg com suas velhas casas coloridas, depois visite Vieux Grand Port. Suas ruínas e monumentos datam da primeira visita dos holandeses em 1598 e dão uma pista sobre o passado dramático de Maurício'.
"As melhores praias são as públicas, especialmente nos fins de semana, quando famílias de ilhéus aparecem para encontros ruidosos e banquetes onde todos são bem-vindos".