A qualidade de vida, no sentido do bem viver em ambiente urbano, é uma busca incessante de todo o ser humano. E Montevidéu ("Montevideo" em espanhol), a capital uruguaia, é a cidade com mais de um milhão de habitantes que mais se aproxima disso, com imensas áreas verdes, um trânsito tranquilo mesmo nas horas do "rush" e um baixíssimo índice de violência, que permite aos moradores e aos visitantes andarem tranquilamente por suas ruas (com raríssimas exceções de lugares a serem evitados).
Montevidéu foi fundada em
1726 pelo Capitão e Governador de Buenos Aires
Bruno Maurício de Zabala, herói justamente homenageado em uma das praças mais bonitas e agradáveis da cidade, a "
Praça Zabala".
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Monumento em homenagem a Zabala na praça que leva o seu nome. |
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Aspecto parcial da Praça Zabala, uma das mais bonitas da capital oriental. |
A cidade, anteriormente chamada de "
San Felipe y Santiago de Montevideo", foi originariamente projetada como base militar do império espanhol no Rio da Prata. O objetivo era evitar que os portugueses pudessem avançar para a chamada "banda oriental" do rio. Curiosamente, o termo "oriental", que quer dizer
"a leste do Rio da Prata", é até hoje usado para designar o país, cujo nome oficial é "República Oriental do Uruguay".
Como todos os nomes de cidade, Montevidéu tem também suas lendas. A mais famosa indica que um marinheiro português, que viajava junto com
Fernando de Magallanes, ao avistar o cerro da cidade disse "
Monte Vide Eu", que seria, em tradução livre, "
eu vi um monte". A segunda teoria para a origem do nome aponta para a forma como os espanhóis anotaram a situação geográfica do lugar nos respectivos mapas: "
monte vi de este a oeste". E, a terceira teoria, por fim, explica que Magallanes (aquele da primeira teoria) numerou os montes que foram avistando de leste a oeste, sendo Montevideo o sexto, ou seja, "
Monte VI de e a o" ("
o sexto monte de leste -e a oeste -o").
Discussões sobre o nome a parte (cada uma das três teorias possui lógica própria), Montevidéu hoje é uma aprazível e sossegada cidade uruguaia, embora conte com mais de um milhão e trezentos mil habitantes (quase um terço do total da população uruguaia). As atrações espalham-se por seis distritos, principalmente:
Ciudad Vieja, Centro, El Prado, Palermo, Pocitos/Punta Carretas e Carrasco.
Centro e Ciudad Vieja se complementam. A
Ciudadela é o marco que divide as duas regiões da cidade. De um lado, a
Plaza Independência e a
Avenida 18 de Julio (a principal da cidade, com muito comércio e várias praças); do outro, a
Sarandi, que é a principal rua da Ciudad Vieja, transformada em calçadão.
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O arco da Ciudadela, em frente à Praça Independência. |
O cartão-postal mais conhecido da cidade é o "
Palácio Salvo", localizado na praça mais bonita da cidade, a "
Plaza Independência". Nessa praça, merecem destaque (e visita), além do Salvo, o
"Museu do Governo", instalado em um antigo palácio presidencial, e os
restos mortais do general José Artigas (libertador do Uruguai e um dos Libertadores da América). Os restos ficam exatamente embaixo da magnífica estátua do general no centro da Praça Independência. Praça que é, enfim, o coração de Montevidéu, de onde sai a principal avenida da cidade, a "18 de Julio" e também a porta de entrada para a
"Ciudad Vieja" (Cidade Velha, que congrega o centro histórico e o Mercado do Porto), pelo
calçadão da Sarandi (paseo peatonal, em espanhol).
Uma dica preciosa é conhecer, na Praça da Independência, o "
Museu Casa de Governo" (ou "
Museu dos Presidentes", ou ainda, "
Palácio Estevez"). A entrada é gratuita e pode se conhecer toda a história uruguaia, contada nos mínimos detalhes, incluindo apetrechos utilizados pelos ex-presidentes. É um belo prédio e fica ao lado da praça.
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Plaza Independência, o coração de Montevidéu.. |
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O Palácio Salvo, ícone urbano da cidade e prédio mais alto das Américas quando da fundação. |
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A estátua do libertador Artigas e o seu mausoléu. |
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Detalhe da bela estátua de José Artigas, o libertador uruguaio. |
Perto da Praça Independência, já na "Ciudad Vieja", o
Teatro Solis também é um ícone local. Fundado em
1856, tem visitas guiadas, sendo
gratuita às quartas, no horário das onze da manhã. Nesse horário gratuito, recomenda-se chegar com pelo menos vinte minutos de antecedência, caso contrário se esgotarão os ingressos. Vale a pena conhecer a história do belíssimo cartão-postal.
Como já dissemos anteriormente, a
"Calle Sarandi" concentra, juntamente com a 18 de Julio, o comércio local e também é ponto de partida para se chegar à região do porto de Montevidéu. A rua tem livrarias, comércio de rua, lojas de departamentos, correio (seção filatélica) e bancos. É o coração comercial mas, também,
o elo que, juntamente com a rua Perez Castellano, une o Porto de Montevidéu à Praça da Independência. Na Sarandi, vale destacar ainda, temos museus, sendo o mais completo e interessante o
"Torres Garcia" (Sarandi, 683, aberto todos os dias, exceto aos domingos), dedicado ao maior pintor uruguaio, Joaquin Torres Garcia (1874/1949). É uma visita que vale a pena, já que o pintor criou um estilo próprio, o "
Universalismo Construtivo", pintando ainda dezenas de personalidades e alguns aspectos de sua vida em Nova Iorque e Barcelona. Outro museu na mesma rua é o "
Museu Gurvich" (Sarandi, 522, aberto todos os dias, exceto domingo), dedicado a outro pintor uruguaio,
José Gurvich (1927-1974).
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Museu Torres Garcia, em Montevidéu. |
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Obra de Torres Garcia. |
Antes de se chegar ao Mercado del Puerto, caminhando pela Sarandi, encontramos a "
Praça da Constituição" e a "
Catedral de Montevidéu". A Praça é uma das mais pitorescas e interessantes da capital uruguaia, embora não seja a mais bonita; é comum ter feiras pequenas por ali. Já a Catedral é bonita, embora não surpreenda em nenhum aspecto, seja no exterior, seja no interior. Fundada em 1804, ali descansam os restos mortais de importantes líderes uruguaios, como Lavalleja e Fructuoso Rivera (primeiro Presidente). Na mesma rua, à direita de quem está em frente à igreja, encontra-se o tradicional "
Café Brasilero" (Ituzaingó, 1447), o mais antigo de Montevidéu, fundado em 1877 - serve café, refeições leves, sobremesas finas e almoços executivos.
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A Catedral de Montevidéu. |
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Praça da Constituição (ou da Matriz). |
Na região da Catedral, e antes de seguir rumo até o Mercado do Porto, a dica é desviar um pouco, ir na paralela da Sarandi, a Rincon, e visitar o
Museu Andes 1972 (Rincon, entre Mitre e Gomez), que conta a história do trágico acidente aéreo envolvendo um time de rugby uruguaio nos Andes, que causou a morte de 29 pessoas e que trouxe novamente a vida 16 outros ("os sobreviventes dos Andes"). Há um relato desse museu aqui no blog.
Continuando, destaca-se agora a atração mais concorrida de Montevidéu, principalmente nos dias em que chegam cruzeiros vindos do exterior: o interessantíssimo
"Mercado del Puerto". Nesse mercado, basicamente encontramos quatro ou cinco lojas de souvenirs e o restante é restaurante. Desses, o mais apreciado e concorrido é o
"El Palenque", que tem o tradicional "Ojo de Bife" como carro-chefe. A experiência de se ver os cortes de carne e a 'parrilada" (uma mistura de diversos tipos de cortes e carnes, alguns bem estranhos) sendo assada é fantástica e única, muito embora ficar exatamente em frente não é uma boa pedida, já que fica muito quente... Frise-se: o Mercado del Puerto é mais um ponto gastronômico; para verduras, frutas, legumes, venda de carnes, etc, existe o "Mercado Agrícola", em outro ponto da cidade.
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O preparo da carne no El Palenque do Mercado do Porto. |
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Entrada do Mercado do Porto. |
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Praça em frente ao Mercado do Porto. |
Perto do Mercado del Puerto, o museu mais importante é o
"Museu do Carnaval" (Maciel y Rambla 25 de agosto; aberto de segunda à sábado das 12 às 18 horas). O carnaval uruguaio é diferente do brasileiro e bem curioso. Demora mais tempo - cerca de quarenta dias - e tem na murga a sua marca mais famosa. Murgas são encenações teatrais geralmente de temas atuais, feitas com muito humor. As roupas são inspiradas no carnaval veneziano. É disso que trata o museu do Carnaval que, embora pequeno, vale como curiosidade nesse aspecto cultural específico.
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Roupa usada no carnaval uruguaio. |
Ainda perto do Mercado del Puerto e do Porto de Montevidéu (onde chegam os muitos cruzeiros que visitam a cidade), interessante observar um belíssimo prédio - o "Edifício de la Dirección Nacional de Aduanas", de estilo art decó, finalizado em 1923.
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Edifício da Aduana em Montevidéu. |
E não poderíamos terminar uma postagem sobre o Centro e o Centro Histórico de Montevidéu sem falar em outro ícone local: o bar "Fun Fun", que já esteve em quatro endereços na cidade e atualmente encontra-se no centro, mais precisamente na Calle Soriano 922 (o endereço anterior era na rua Ciudadela). Inaugurado em 1895, é um dos bares mais antigos das Américas. Funciona assim, em quatro etapas: geralmente tem shows, a partir de dez e meia da noite, de tango (dança de salão), música regional uruguaia e brasileira (com uma dupla de sanfona e viola) e um show de candombe, ritmo uruguaio, que também às vezes descamba para músicas brasileiras. O último show ocorre depois da meia-noite, o que pode ser cansativo. Destaque para um cantor de voz firme, estilo Julio Iglesias, no segundo show - bastante carismático. Outro destaque da casa é a "uvita", um vinho com cara de conhaque, que é um muito gostoso - a casa vende, inclusive, um litro dessa bebida.
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Show de tango no Fun Fun. |
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A sanfona e a viola no Fun Fun. |
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O cantor estilo Julio Iglesias do Fun Fun. |
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O conjunto que arrisca o candombe, o ritmo tipicamente uruguaio.
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Vale ainda destacar outras atrações da Ciudad Vieja e do Centro. Vamos a elas:
Ciudad Vieja:
Igreja de São Francisco de Assis (Solis, 1469 esq. Cerrito; construção iniciada em 1863 e finalizada em 1895);
Casa do General Fructuoso Rivera (Rincon, 437; funciona como parte do Museu Histórico Nacional e conta a história uruguaia);
Feira da Praça da Matriz (todos os sábados, manhã e tarde);
Cabildo e Reales Cárceles (Juan Carlos Gomez, 1368; edifício histórico);
Livraria Linari y Risso (Juan Carlos Gomez, 1435; uma das mais emblemáticas livrarias da cidade).
Centro: Destaque para a
"Feira Tristan Narvaja", na rua de mesmo nome, realizada aos domingos. Há muito coisa interessante por lá, é fato, mas há também outras tantas que não passam de bugigangas sem nenhum valor. Quanto mais longe você ficar da avenida 18 de Julio, mais vai perceber a queda de qualidade da feira. Há muitos objetos que as pessoas pegam das suas respectivas casas e, depois de muito usadas, levam para a feira. Outros tantos objetos também parecem ter sido fruto de furtos. Enfim, não acho que seja um programa imperdível, é apenas uma feira bastante comum, inferior, em termos de qualidade, a muitas que conhecemos (Belo Horizonte, por exemplo, tem uma feira bem melhor aos domingos em termos qualitativos). O auge da feira é entre as 9 horas da manhã e uma da tarde.
Uma
última dica: especialmente no Centro e na Ciudad Vieja
evitar visitas noturnas. Esses locais ficam muito vazios depois do horário comercial. Como a grande maioria dos centros das cidades grandes pelo mundo, o de Montevidéu também oferece perigos. Prefira sempre visitar tanto o centro quanto o centro histórico (Ciudad Vieja) durante o dia.
Um panorama completo da região turística mais famosa de Montevidéu. Apreciem sem moderação!