sábado, 16 de janeiro de 2016

72 DIAS EM 1972- TRAGÉDIA E MILAGRE NOS ANDES!

"Comece fazendo o necessário, depois o que é possível, e de repente estará fazendo o impossível" (São Francisco de Assis). 

13 de outubro de 1972. Nesse dia, uma sexta-feira (treze, por sinal), uma avião da Força Aérea Uruguaia (o "571", modelo Fairchild FH-227), que levava a equipe de rugby daquele país, junto com algumas outras pessoas, caiu na Cordilheira dos Andes, depois de uma mudança de rota justamente por mau tempo (e que justificaria uma desistência que nunca ocorreu). Das 45 pessoas a bordo29 sobreviveram ao impacto da queda, causada por erro do piloto. Destas 29, sucumbiram ainda 11 (onze) antes do resgate, 03 (três) pelas condições extremas e 08 (oito) por uma avalanche. Setenta e dois dias depois, 16 (dezesseis) heróis resistiram.  É a "Tragédia dos Andes", relatada em diversos livros, artigos, filmes, palestras e agora também no "Museo Andes 1972" (Rincón, 619, Ciudad Vieja, Montevidéu) na capital uruguaia.


O "Museo Andes 1972". Montevidéu, Uruguai. Foto: Carlos HB/EP


Réplica do pequeno avião que caiu nos Andes. Museu Andes 1972. 

Os dados do avião que caiu.
Mudança de rota devido a más condições climáticas.

A incrível história de sobrevivência é um dos relatos mais impressionantes da história da humanidade. Um relato de superação. Superação que começou exatamente no marco 10, no décimo dia dessa jornada aflitiva. Nesse dia, a notícia mais triste que os sobreviventes poderiam ouvir se tornou a mais importante: as buscas haviam se encerrado - foi o que o rádio amador, que ainda funcionava, transmitiu.Um dos sobreviventes, Carlitos Paez, que por sinal é filho de Vilaró, o construtor da Casapueblo de Punta Del Leste, resume bem a mudança de rota nesse dia: antes, pensávamos em sobrevivência (para "sermos resgatados"); após a notícia, começamos a pensar em viver. Começava aí a luta pela vida. 

Os dezesseis sobreviventes e suas respectivas idades na ocasião da tragédia.
 
E a lista de todos os mortos no acidente.


A média de idade dos passageiros. Observar que a dos falecidos era bem maior que a dos sobreviventes.  Museu Andes 1972 em Montevidéu, capital uruguaia. Foto: Carlos HB


Peça original do acidente. Um óculos feito por um dos sobreviventes para conter o reflexo da neve. Museu Andes 1972. Foto: Carlos HB.

 
Trecho de uma carta de um sobrevivente durante a tragédia.

 



Luta pela vida que incluiu uma terrível decisão, que chocou o mundo: comer carne humana. Uma necessidade, em meio ao desastre das baixas temperaturas. A água, por sinal, era derivada do gelo. Enfim, uma situação extrema que exigiu o máximo de cada um dos sobreviventes. Situação que fez surgir uma verdadeira "sociedade da neve", título dado a um dos livros que explicou em detalhes a tragédia.  

Jornal da época com a notícia que chocou o mundo. foto: Carlos HB

Finalmente, em 23 de dezembro de 1972, os dezesseis sobreviventes foram resgatados dos Andes. A jornada do resgate começou, no entanto, alguns dias antes, mais precisamente em  12 de dezembro de 1972, quando Nando Parrado, Roberto Canessa e Antônio Vizintin (que posteriormente retornou, deixando apenas os outros dois na busca pelo resgate) iniciaram uma caminhada pelas montanhas nevadas, que culminou como o encontro com o "arriero" (boiadeiro) chileno Sérgio Catalan. Era o fim do sofrimento, da angústia, do cansaço. Era o fim da tragédia. Era o início de uma nova vida para os dezesseis bravos guerreiros da neve.

Parrado, Canessa e Catalan (de chapéu).

Os jornais da época e o drama. 

O fim do drama e o resgate emocionante.
Uma visita emocionante. Uma visita que vale a pena. Para mostrar que devemos dar valor à vida, sempre.


Curiosidades:

1) O time de rúgby se chamava Old Christians, era da escola Stela Maris e iria disputar um amistoso no Chile;

2) Das 45 pessoas a bordo, quarenta eram passageiros e cinco eram tripulantes;

3) Carlos Paez Vilaró (1923-2014), o famoso pintor uruguaio, foi o responsável pela divulgação da lista de sobreviventes. Um filho seu, Carlitos, estava no avião. Ocorre que Carlos não sabia ainda se o filho estava vivo ou morto, e só descobriu no momento da leitura da lista. A emoção tomou conta e uma grande comemoração se ouviu na hora de se falar o nome de Carlitos Paez - esta gravação pode ser vista no vídeo existente no Museu Andes 1972 e que geralmente introduz o passeio do visitante;

4) Dois filmes retratam a tragédia dos Andes: "Os Sobreviventes dos Andes", de 1976, e a versão "hollywoodiana" "Vivos", de 1993. 

5) Alguns livros sobre a tragédia:  "Vivos: A História dos Sobreviventes dos Andes", de Piers Paul Read, a principal obra sobre o tema, editada em 1974;  "Después del Dia Diez", de Carlitos Paez, um dos sobreviventes; "A Sociedade da Neve", de Pablo Vierci; "Milagre nos Andes", de Nando Parrado e Vince Rause.

6) Apesar dos filmes retratarem bem a tragédia e o milagre, um documentário, do "History Channel", parece ser o mais detalhista... Dirigido por Brad Osborne, "Estou Vivo: o Milagre dos Andes" ("I Am Alive: Surviving the Andes Plane Crash", 2010, 88 minutos) é o único que mostra tudo, incluindo o resgate e o encontro com o boiadeiro Sérgio Catálan.

7) Os sobreviventes gostam de diferenciar "canibalismo" de "antropofogia", insistindo que, na verdade, praticaram a antropofagia. Nesse sentido, canibalismo seria "matar para se alimentar" (uma prática), ao passo que antropofagia seria "alimentar-se de carne humana", o que, no caso, ocorreu por necessidade. O fato é que todos estão perdoados por terem ingerido carne humana, afinal de contas trata-se de um exemplo clássico de "estado de necessidade";

8) Apenas um dos dezesseis sobreviventes já faleceu. Trata-se de Javier Methol que era, inclusive, o mais velho deles - tinha 38 anos naquele fatídico 1972.

9) Hoje, os três mais famosos sobreviventes - Nando Parrado, Roberto Canessa e Carlitos Paez - são renomados palestrantes motivacionais.

 Serviço:

Museu Andes 1972.
Calle Rincon, 619. Ciudad Vieja, Montevidéu, Uruguai. 
Horários: Segunda-Sexta, de 10 às 17 horas, sábados de 10 às 15 horas.
Preço: 200 pesos por pessoa, podendo mudar.

domingo, 10 de janeiro de 2016

UM PANORAMA TURÍSTICO DO URUGUAI

Basicamente, o Uruguai conta com três cidades que, no seu conjunto, formam o interesse turístico maior daquele país (pela ordem de importância turística): Punta del Leste, Colônia del Sacramento e Montevidéu. Essas três cidades são o "currículo mínimo" que todo turista deve priorizar ao visitar o Uruguai; as demais atrações turísticas, apenas se os viajantes tiverem tempo ou interesse de conhecer tudo, considerando-se ainda o fato de que o Brasil possui lugares tão bons ou melhores (principalmente no quesito praias). Vale dizer, um local para ser classificado como imprescindível deve despertar algum interesse cultural, paisagístico ou mesmo ter um turismo desenvolvido. E, nesse quesito, de todos os lugares que falaremos a seguir, somente os três acima citados atendem esses critérios.

Colônia del Sacramento e Montevidéu já contam (ou contarão) com posts próprios aqui no blog, esmiuçando as principais atrações de cada uma delas. Leia sobre Colônia aqui e sobre a capital uruguaia aqui.

Punta del Leste merece um registro mais detalhado.

Trata-se de um belíssimo balneário, que se destaca não tanto pelas praias (as do nordeste brasileiro, em sua maioria, são muito mais bonitas), mas pelo modo de vida dos turistas que ali se encontram, geralmente de dezembro a fevereiro, ou do natal até o carnaval. Nessa, que é a alta temporada local, quem está lá aproveita para curtir uma vida agitada de badalação, paqueras e jogos nos cassinos. Impressiona bastante os bairros residenciais da cidade, com casas belíssimas em meio a uma natureza exuberante, um deles apelidado justamente de "Beverly Hills", em alusão ao bairro das estrelas de Los Angeles. Estrelas, aliás, que buscam o seu refúgio em terras de Punta comumente. Impressiona também os empreendimentos quem margeiam as praias, com muitas belas casas e prédios altos e luxuosos.

Curiosamente, as estatísticas indicam que setenta por cento das casas nos bairros "chiques" da cidade foram adquiridas por brasileiros ricos, sendo trinta por cento apenas das outras nacionalidades (notadamente argentinas e uruguaias). Ou seja, Punta Del Leste virou um paraíso para brasileiros, com um "glamour" e ostentação que pouco se vê em nosso próprio país.

Punta Del Leste ferve no verão. Foto: Carlos HB

A cidade é uma península, dividida entre dois tipos de praias bem diferentes, como os nomes estão a indicar: ou é brava, ou mansa. A costa de águas calmas é a preferida de famílias e de pessoas que buscam se refugiar dos ventos constantes e cortantes que sopram na cidade. Já a costa de águas bravas caracteriza-se pela presença de surfistas ávidos por ondas maiores e gente jovem. Na Praia Brava, encontra-se o símbolo local, o "Monumento da Mão" ("La Mano" ou "Los Dedos"), criado pelo artista plástico chileno Mário Irarrázabal em 1982.



Destaca-se ainda na cidade os cassinos, surgindo nesse ponto o mais famoso deles, o do "Conrad", famoso hotel cinco estrelas daquela urbe.

Fora do burburinho, há outras opções mais paradisíacas para se aproveitar em Punta Del Leste. Assim, destaca-se Solanas e José Ignácio.

A primeira (Solanas), localizada próxima do aeroporto local e a 10 km do centro da cidade, caracteriza-se pela grande extensão de areia e águas calmas.

José Ignácio, por sua vez, está a 30 km do centro da cidade e tem águas mais fortes, porém é um balneário mais preservado que Punta.

Mais adiante, para quem busca simplicidade e ambientes mais rústicos, indica-se La Pedrera, La Paloma, Punta del Diablo e Cabo Polonio.  

Ainda perto de Punta, imprescindível é visitar a Casapueblo, criação do artista uruguaio recentemente falecido Carlos Páez Vilaró (1923-2014). Localiza-se em Punta Ballena e é um hotel com um museu a ser visitado, o "Museo Taller de Casapueblo" (entrada 28 reais), onde há várias obras do artista, notadamente pinturas. 


A Casapueblo lembra Santorini, ilha grega. Foto: Carlos HB
Vilaró e sua Casapueblo. Foto: Carlos HB
Para quem vem por Montevidéu, Piriápolis é outra cidade turística localizada nas proximidades de Punta del Leste.  Mas aqui vale a advertência: não se trata de uma outra Punta del Leste. É um local derivado da imaginação de seu fundador, o empresário uruguaio Francisco Piria (1847-1933), que imaginou, ainda no século XIX, que ali poderia se desenvolver um belíssimo balneário. É uma cidade mais barata e mais pacata que Punta del Leste e recebe também muitos argentinos, uruguaios e brasileiros. Destaque para o Castelo de Piria, para o fabuloso Hotel Argentino e para o Cerro Santo Antônio, de onde é possível ter uma belíssima visão do balneário sonhado por Piria. 

Piriápolis vista do Cerro Santo Antônio.

Outro balneário importante e próximo a Montevidéu é Atlantida (50 km). As praias dali são frequentadas, majoritariamente, pelos habitantes de Montevidéu, principalmente nos finais de semana. Como destaques da cidade temos o "Paseo de Neruda" (museu com objetos, fotos e poemas do poeta chileno) e a Igreja Nossa Senhora de Lourdes. 

Outras cidades uruguaias a serem consideradas:  Minas, cidade conhecida pelos seus alfajores, pela maior estátua equestre do mundo e por ser a cidade natal de um presidente e importante figura da independência do país, Juan Antonio Lavalleja (há uma casa dele para visitas no local); Treinta y Tres, cidade cujo nome faz alusão aos trinta e três orientais, liderados por Lavalleja, que libertaram a Província Cisplatina do Brasil e que tem como atração principal a "Quebrada de Los Cuervos" (um belíssimo passeio em meio à natureza); Florida, cidade histórica onde se encontra a "Pedra Alta de La Florida", lugar usado para a declaração de independência em 1825; Tacuarembó, onde, segundo biógrafos orientais (há controvérsias), teria nascido Carlos Gardel (1890-1935), o mais famoso cantor de tango- nessa cidade há um museu dedicado a ele; e, mais ao norte Fray Bentos, a 309 Km de Montevidéu, cuja paisagem cultural e industrial foi declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2015. Vale lembrar ainda que Salto e Paysandú, a segunda e terceira cidades do país em população absoluta, ficam distantes da capital, respectivamente, 489 e 388 quilômetros - mas não despontam como destinos turísticos importantes e imprescindíveis, a não ser pelas águas termais de Dayman (Salto) e Arapey e Guaviyú (Paysandú)

Em suma, embora pequeno, o Uruguai é um país de múltiplas atrações e vale a pena ser visitado.  

sábado, 9 de janeiro de 2016

TRINIDAD E TOBAGO

Bandeira do País






Mapa do País












Trinidad e Tobago, ilhas do Caribe.



Dados do País

Continente: América Central/ Caribe, entre o Oceano Atlântico Norte e o Mar do Caribe, à nordeste da Venezuela.

Capital:Port of Spain (Porto Espanha).

Cidades principais: San Fernando; Chaguanas; Sangue Grande, Siparia.


Língua: Inglês (oficial); Hindustani.

Moeda:Dólar de Trinidad e Tobago.

População:  1.222.363 (2015).

Atrações turísticas principais:   Tobago é a ilha mais turística.  Nylon Pool; Maracas Bay;  Yerette; Pigeon Point Beach (Tobago); Englishsman´s Bay (Tobago); Tobago Forest Reserve; Asa Wright Nature Center; Fort King George (Trinidad); Castara Bay (Tobago); 

Patrimônios Mundiais UNESCO: não possui.

Melhor Época para visitação: janeiro/fevereiro/março/abril/maio.  Junho, julho e agosto são os meses mais chuvosos.

Atualidades:  O país encontra-se em conflito com Barbados e Venezuela devido a fronteiras marítimas.

Curiosidades/fatos históricos: 

1. Trinidad e Tobago tornou-se independente do Reino Unido em 31 de agosto de 1962.  Foi primeiro colonizado por espanhóis, caindo sob o domínio britânico no início do século XIX.  Trinidad e Tobago era colônias britânicas separadas, unidas em 1889. A república foi estabelecida em 1976.

2. A abolição da escravatura nas ilhas ocorreu em 1834.

3. A economia do país baseava-se no açúcar; a descoberta de petróleo no século XX (1910) gerou dividendos para o país no campo das exportações.

4. O processamento de petróleo e gás natural em Trinidad e Tobago tornou o país um dos mais prósperos do Caribe.

5. Os símbolos nacionais do país são o Íbis Escarlate (passáro de Trinidad), o Cocrico (pássaro de Tobago) e a flor Chaconia, que possui as cores do país (vermelho, preto e branco). 

6. O carnaval do país é um dos mais animados do Caribe.

7.  O tambor de aço nasceu em Trinidad e Tobago.

8. São danças típicas do país o calipso, a soca, o chutney e a dança do limbo.