terça-feira, 31 de dezembro de 2019

PAÍSES BAIXOS, HOLANDA, REINO DOS PAÍSES BAIXOS

Apesar de adotarmos, na língua portuguesa,  o nome "Holanda" para designar o país europeu, famoso pelas tulipas e moinhos de vento,  o correto, tecnicamente, seria chamar aquela porção de terra de "Países Baixos".  O dicionário Houaiss considera Holanda como "designação não oficial dos Países Baixos" ("Pequeno Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa". São Paulo: Moderna, 2015, pág. 1051). No entanto, melhor seria definir Holanda como um conjunto de duas províncias atuais dos Países Baixos, sendo, então, incorreto designar Holanda como sinônimo, ainda que "não oficial", de Países Baixos.

Netherlands, Países Baixos, Nederland.

Assim, conforme ressaltado acima, na verdade, o designativo "Holanda" refere-se apenas a duas das doze províncias daquele país - Holanda do Norte (cuja cidade principal é Amsterdam) e Holanda do Sul (cuja cidade principal é Roterdam). As doze províncias é que são os "Países Baixos". Vale dizer que o termo "Países Baixos" é utilizado em eventos internacionais: em "neerlândes" é Nederland; em francês, Pays-Bas; em inglês, Netherlands. 

A adoção do termo Holanda talvez seja explicada pelo fato de que as suas atrações turísticas principais e cidades mais famosas mundialmente estão concentradas nas Holandas do Norte e do Sul. Assim temos Amsterdã (Holanda do Norte), Haarlem (Holanda do Norte), Haia (Holanda do Sul),  Roterdã (Holanda do Sul), Lisse (Holanda do Sul, onde estão os Jardins de Kerkeunhof). Não que outras regiões do país não tenham atrações turísticas - podemos citar aqui as cidades de Utrecht (província do mesmo nome) e Maastricht (província de Limburg) - mas o fato é que as Holandas têm, realmente, o maior número de locais turísticos.   

São "Países Baixos", diga-se,  porque um quarto da porção de terra continental europeia está abaixo do nível do mar, o que torna necessário a construção de diques e barragens.  

O "Reino dos Países Baixos", por sua vez, engloba  a porção continental europeia do país mais os caribenhos Aruba, Curaçao e Sint-Marteen. 

Há ainda três "municípios especiais" no Caribe, a saber, Bonaire, Saba e Sint Eustatius, que são chamados de "Países Baixos Caribenhos".

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A VIBRANTE MADRI E SUAS ATRAÇÕES PRINCIPAIS!

Uma cidade vibrante - seu povo costuma ficar na rua até altas horas, uma multidão que se reveza entre Puerta do Sol e Plaza Mayor. Uma cidade que tem pelo menos quatro grandes museus (Prado, Reina Sofia, Thyssen e Arqueológico Nacional), que tem futebol de primeira (dois grandes clubes disputam os torcedores locais - Real Madrid e Atlético de Madrid) e que tem, também, as combatidas "coridas de toros". Tem bons restaurantes e tem "tapas". Uma cidade que é a capital e tem o Palácio Real - embora a família real ali não resida. Tudo isso é Madri, cidade que pode ser dividida em três, em termos turísticos: a Madri Antiga, a Madri dos Bourbons e a Madri fora do centro. 

A Plaza Mayor, um símbolo de Madri.

Madri foi escolhida para ser a capital da Espanha em 1561, pelo rei Filipe II. Antes era apenas uma pequena cidade de Castela. Hoje, exibe mais de três milhões de habitantes em sua região metropolitana - é a sexta maior cidade da Europa, perdendo para Istambul (Turquia, que tem boa parte asiática), Moscou (Rússia), Londres (Reino Unido), São Petersburgo (Rússia) e Berlim (Alemanha).

A Madri Antiga é também chamada de "Madri de Los Austrias", pois foi dominada pelos Habsburgos, dinastia austríaca. Nessa região, merecem destaque: a "Puerta do Sol"; a "Plaza Mayor"; o fabuloso "Palácio Real"; a "Gran Vía"; a "Plaza de La Villa".

A Puerta do Sol é o local mais animado da cidade. Tem gente o dia todo enchendo a sua praça principal. É o coração de Madri, o coração da região central da cidade. Todas as ruas principais do centro ali desembocam. É um interessante projeto urbano de união das pessoas - ali batem pernas todos os dias não só milhares de espanhóis, mas também milhares de turistas de nacionalidades as mais diversas. É uma característica urbana que não se vê muito no Brasil, mas é interessante, pois facilita o passeio a pé e também dá dinamismo ao comércio - são dezenas de lojas, desde as que vendem suvenires, até as que vendem roupas caras.

O urso da Porta do Sol é um símbolo de Madri. O arbusto chama-se madroño.

A Plaza Mayor é um dos principais cartões-postais de Madri. Tem formato retangular, entorno com prédios de pouca altura e, no centro, a figura de Felipe III em um cavalo. Data do século XV. Ali há um histórico de inquisição, mas hoje abriga restaurantes, uma feira interessante aos domingos e muitos turistas ávidos por belas fotos.

Carlos de BH e Filipe III.

Perto da Plaza Mayor, vale dar uma parada no Mercado. É um mercado bastante interessante do ponto de vista da gastronomia - não se vendem alfaces, mas se vendem comidas. É bonito e organizado. As comidas expostas parecem obras de arte!

O organizado mercado e suas comidinhas.

O belo, cheio e organizado mercado de Madri.

O fabuloso Palácio Real, por sua vez, é o maior da Europa. Tem absurdos 4.318 quartos e a coleção mais importante de estradivários (violinos) do mundo. Destaque para a belíssima "Sala do Trono", para a Sala de Jantar de Gala e também a "Saleta de Porcelana". Indiscutivelmente é uma visita imperdível em Madri, sendo de se ressaltar a gratuidade às segundas-feiras depois das dezoito horas (levar passaporte).

O belo Palácio Real de Madri.

O belo interior do Palácio Real.

A Gran Via é um fabuloso conjunto arquitetônico de Madri e, indiscutivelmente, um dos mais belos conjuntos de prédios de todo o mundo. Dificilmente o turista verá um conjunto tão belo quanto o da Gran Via de Madri em espaços urbanos mundiais. Sempre lotada e via importante da cidade, está se encolhendo, em termos de espaço para veículos automotores justamente para dar lugar ao enorme número de pedestres.

Gran Via.

Gran Vía.

Gran Via.


Por outro lado, a Madri dos Bourbons refere-se à parte da cidade que foi embelezada pela dinastia que empresta seu nome a esse apelido. Destacam-se na Madri dos Bourbons:  Museu do Prado; Centro de Arte Reina Sofia; Museu Thyssen-Bornemisza;  Museu Arqueológico Nacional;  Puerta de Alcalá; Plaza de Cibeles; Bairro de Las Letras.

O destaque dessa parte da cidade fica para os três museus principais de Madri, que abrigam coleções de arte fabulosas: Prado, Reina Sofia e Thyssen.

O Prado é o principal do três, indiscutivelmente. O imenso prédio em estilo neoclássico, construído pelo Rei Carlos III, abriga uma das mais importantes coleções de pintura do planeta - estão ali os mais importantes pintores espanhóis (Francisco Goya, El Greco, Velazquez), e também renomados pintores de outros países europeus (Bosch, Rubens, Rembrandt, Botticelli,Tintoretto).

O Reina Sofia abriga, por sua vez, como estrela principal de seu acervo, a Guernica de Picasso. Trata-se de uma obra monumental que retrata os horrores da Guerra Civil Espanhola na cidade basca que dá nome à obra.  Um monumento que está há pouco tempo na Espanha, tendo em vista que Picasso exigiu que, enquanto houvesse ditadura naquele país (no caso, do General Franco), não haveria exposição do quadro em território espanhol.

Por sua vez, o terceiro grande museu, chamado "Thyssen-Bornemisza", é também uma visita imperdível na capital espanhola. Ali encontramos grandes gênios da pintura de todas as épocas, incluindo a arte contemporânea. Picasso tem várias obras ali - o Arlequim e a Corrida de Touros são exemplos de telas belíssimas do grande pintor espanhol presentes na coleção. Mas nem só de Picasso vive o Thyssen - estão ali obras de Renoir, Van Gogh, Gauguin, Cezanne, Kandinski, Chagall. Interessante ainda é observar a Pop Art, e nesse quesito achei muito interessante o trabalho de Roy Lichtenstein (1923-1997).  É o museu menos antigo da cidade, uma vez que a coleção da família Thyssen-Bornemisza foi adquirida pelo gorverno espanhol somente em 1992, sendo a partir daí organizada. Localizado no Palácio de Villaherrmosa,  o museu é gratuito nas segundas a partir do meio-dia. A fila é grande, mas em quinze minutos a partir da abertura já dá para apreciar as belíssimas obras de arte do local.

Arlequín con Espejo, de Picasso.

Corida de Toros, de Picasso - Cubismo.


Outro museu que merece referência por sua grandiosidade é o Museu  Arqueológico Nacional (MAN), bastante específico para os amantes das civilizações antigas. São vários andares contando a história do homem, notadamente sob a perspectiva de ocupação da Península Ibérica. É preciso de um bom tempo para apreciar todo o material arqueológico que começa na Pré-História e avança pela antiguidade.  Foi fundado em 1867 pela rainha Isabel II. Maiores informações aqui.

Vale a pena bater perna no bairro de "Las Letras", cultural ao extremo, com sebos, livrarias e tabernas, com ruas homenagendo Cervantes. 

Fora do centro, destacam-se ainda: Plaza de Toros de Las Ventas; La Latina; El Rastro; Museo de América; Paseo de La Castellana; e os estádios dos grande clubes locais, Real Madrid Club de Fútbol e Club Atlético de Madrid.

Arquitetonicamente falando, a Plaza de Toros é uma joia da capital espanhola.  É o estilo neomudejar, uma retomada do estilo árabe-muçulmano que dominou a Espanha durante alguns séculos na idade média.  A corrida de touros, ou tourada para nós brasileiros, ou ainda tauromaquia, é, hoje, um espetáculo discutível e bastante contestado por defensores dos animais. De um lado, uma tradição espanhola; de outro, a defesa dos animais e contra a crueldade. Dividida em três atos, ou "tercios" (Varas, Bandarilhas e Muerte), o espetáculo tem como grand finale a morte do touro, muito embora  toureiros, em número bem menor, costumam perder a vida nas arenas. Muitas pessoas vão ao espetáculo sem saber desse final - a morte do touro - e, chocadas, abandonam a arena na primeira apresentação - geralmente são seis apresentações, com dois toureiros realizando três cada um. É uma morte agonizante para o touro, indiscutivelmente, já que, antes da morte por espada no terceiro ato (tercio de muerte), é cravejado por lanças nos tercios anteriores no sentido de se minar sua resistência. É uma diversão que hoje já não conta com apoio integral da população espanhola, já que os tempos mudaram e coisas que eram aceitas como normais décadas atrás já não são mais.

O estilo neomudejar na arena de touros de Madri.


O toureiro em nítida vantagem contra o touro.

A arena por dentro.


La Latina merece também seu destaque. Ali há muitos restaurantes com comidas típicas, principalmente na rua "Cava Baja", que valem a visita.

El Rastro é uma feira de antiguidades. Segundo o site Viaje na Viagem, não é uma visita imperdível. 

O Museu da América parece ser um destino interessante, conforme ressaltado por um turista português que estava na fila do Thyssen no dia da gratuidade - segundo me disse, trata-se de um museu surpreendentemente bom, trazendo artefatos arqueológicos retirados de terras americanas.

Para os amantes do futebol, conforme ressaltado acima, dois times muito conhecidos no futebol europeu e mundial são de Madri: o Real  Madrid e o Atlético de Madrid. Ambos são grandes e tradicionais times porém, em matérias de títulos, não há como comparar: o Real Madri não é só o mais importante time de Madri, como do mundo. São treze títulos da Liga dos Campeões da Europa para os "merengues" (apelido do Real Madri) contra nenhum dos "colchoneros" (apelido do Atlético de Madrid). Em campeonatos espanhóis, a diferença é também significativa: são 33 títulos do Real contra 10 do Atlético.  Ou seja, uma visita ao Santiago Bernabéu, estádio do Real, seja para assistir a um jogo do Espanhol ("La Liga") ou Liga dos Campeões da Europa, ou mesmo para o "Tour Bernabéu" (museu, estádios, vestiários, sala de imprensa), é obrigatória.  Para maiores informações e compra de ingressos para o "Tour Bernabéu", acessar aqui.

O Atlético de Madri, por sua vez, durante muito tempo mandou seus jogos no Estádio Vicente Calderón. Hoje manda seus jogos no Wanda Metropolitano, estádio novo que já sediou, inclusive, final de Liga dos Campeões da Europa. Para um tour nesse estádio, acesse aqui. 

Por fim, uma menção especial às plaquinhas indicativas de nomes de ruas e avenidas de Madri - algumas são muito bonitas, expressando a história da cidade espanhola. Valorizam-se assim as pessoas que fizeram a história da cidade e da Espanha, incluindo-se as datas em que viveram, assim como os acontecimentos mais relevantes da história da capital espanhola.

Manuel Maria José de Galdo (1825-1895) foi um importante político e naturalista espanhol.
A bela placa da Arenal, uma das principais ruas de Madrid (e das mais movimentadas).