segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU E SUAS CATARATAS!

O Brasil possui lugares belíssimos. Mas um deles, em especial, é uma visita obrigatória para todos os viajantes: as "Cataratas do Iguaçu", localizadas no "Parque Nacional do Iguaçu", que é Patrimônio Mundial Natural da UNESCO desde 1986


As belíssimas cataratas formam um cenário maravilhoso. 

Primeiramente, vamos abrir espaço para explicar a formação das cataratas. Catarata é uma espécie de queda-d´água, parecida com uma cortina - as outras duas formas de queda são o salto (forma de esguicho) e a cascata (queda em rochas, com inclinação irregular, mais verticalizada). 

No Brasil, nada se compara às Cataratas do Iguaçu em matéria de queda-d´água. Aliás, no mundo inteiro, talvez só "Victoria Falls", na fronteira Zâmbia/Zimbábue, tem um impacto parecido, sendo certo que as Cataratas do Niágara, na fronteira EUA/Canadá, há muito perderam o encantamento que já tiveram, por conta do represamento de suas águas para construção da algumas hidrelétricas (algo que aconteceu no Brasil com a Cachoeira das Sete Quedas, também no Paraná, que tinha um volume maior que Iguaçu!). Alguns outros locais de quedas-d´águas famosos, sem necessariamente serem cortinas de água, são Salto Angel (Venezuela) e a selvagem e pouco explorada Kaieteur, na vizinha Guiana. 

A beleza das Cataratas e da Garganta do Diabo. 

Voltando à formação das Cataratas brasileiras, temos que a a sua origem geológica é vulcânica. Vale trazer aqui trecho do interessante livro "Cataratas e a Floresta Iguaçu", de Alex P. Schorsch:

"As Cataratas do Iguaçu estão localizadas em um dos maiores depósitos de basalto do mundo, resultado de gigantescas erupções vulcânicas que ocorreram entre 100 e 145 milhões de anos atrás. A lava extravasou de enormes fissuras e cobriu uma área de mais de um milhão de quilômetros quadrados, formando, em alguns lugares, uma camada de mais de um quilômetro de espessura. As erupções sucessivas depositaram diferentes camadas e, nas cachoeiras, há oito distintos estratos visíveis. As evidências desse fenômeno fazem com que o local seja de extremo interesse para os geólogos". (SCHRSCH, Alex P. "Cataratas e a Floresta Iguaçu", Terraqua Produções, fl. 47).

Outrossim, vale lembrar que "Iguaçu" é vocábulo derivado da família tupi-guarani, significando "água grande".  O rio, com 1.320 km,  nasce na parte leste de Curitiba, próximo à Serra do Mar, desaguando no Rio Paraná, na bacia do Prata, em Foz do Iguaçu.

As Cataratas, cumpre descrever, são constituídas de 275 quedas d´água, que podem ser vistas no "Parque Nacional do Iguaçu" (lado brasileiro) e no "Parque Nacional Iguazu" (lado argentino), este último sendo também de visita obrigatória, um passeio belíssimo e complementar ao lado brasileiro, que será esmiuçado em um post a seguir. A vazão média anual nas áreas da cataratas é de cerca de 1.413 metros cúbicos por segundo, sendo o mês de maior caudal outubro e o de menor abril.

Historicamente, a primeira pessoa a relatar a beleza das cataratas foi o grande explorador espanhol Cabeza de Vaca (1492-1560), no ano de 1542. Impressionado com a paisagem e a força dos águas, o explorador ressaltou de forma veemente os penhascos enormes e o ruído das águas.

A segunda fase histórica das Cataratas do Iguaçu corresponde à colonização jesuítica no local, com o objetivo de instruir religiosamente os índios. Foram expulsos em 1768, por divergências com as coroas espanhola e portuguesa, não representando, assim, uma ocupação efetiva do paraíso.

Por sua vez, a terceira fase histórica corresponde à formação da Colônia Militar em Foz do Iguaçu, no final do século 19 (mais precisamente por volta de 1888/18889). A Colônia Militar do Exército é considerada um marco na ocupação efetiva pelos brasileiros na região, fundamental, inclusive, para o desenvolvimento de Foz do Iguaçu. Nessa época, o meio de transporte para se chegar até a maravilha ainda era o cavalo, e viagens que duravam muitos dias, a partir de Curitiba. Vale lembrar que, em tempos de chuva, a estrada era intransitável, gerando a necessidade dos viajantes descerem a Serra do Mar para Paranaguá, tomar vapor para Buenos Aires e depois para Assunção.

Posteriormente, no início do século XX, no que podemos denominar de quarta fase histórica,  dois fatos relevantes merecem ser ressaltados: a luta de Santos Dumont (1873-1932), o pioneiro da aviação, para que o parque e as cataratas se tornassem terras públicas (eram terras particulares até então) e a criação do Parque Nacional do Iguaçu, em 1939. Vejamos trecho do livro "Sul - Parques Nacionais, Cataratas e Cânions", que explica a luta de Santos Dumont pelo local:

"Em abril de 1916, partindo de Curitiba, o aviador percorreu campos e florestas a cavalo por dias e noites até a isolada Foz do Iguaçu. Dormiu em singela pousada local próxima às cataratas, e durante dias não parou de admirá-las, até mesmo sob a luz do luar.

Ao tomar conhecimento de que a área onde se localizavam pertencia a particulares, Santos Dumont se dirigiu ao governador do estado do Paraná a fim de decretá-la patrimônio público, passando a reivindicar a sua desapropriação para fins públicos e de preservação, usando de sua influência no cenário nacional e internacional para que isso acontecesse. Em 28 de julho de 1916, o então governador Affonso Alves de Camargo tornava pública as terras que abrigavam as cataratas. O Parque Nacional, porém, só nasceria 23 anos depois, em 1939, no governo de Getúlio Vargas". (em TEIXEIRA, Wilson e LINSKER, Roberto (coordenadores). "Sul - Parques Nacionais, Cânions e Cataratas: Ed. Terra Virgem, pág. 183)

Hoje, Santos Dumont é justamente homenageado no parque, com uma estátua localizada próxima à estação final do ônibus ("Estação Espaço Porto Canoas"), em uma praça cheia de coatis que leva o seu nome.

Estátua de Santos Dumont no Parque Nacional do Iguaçu. Lado Brasileiro.

Frase de Santos Dumont, que sintetiza sua luta pelo parque público. 

A década de 70 marca o início da quinta fase histórica das Cataratas (e também do Parque Nacional do Iguaçu), com a chegada da estrada asfaltada e o início das obras de infraestrutura do parque, que hoje facilitaram a vida do turista, Nesse período histórico destacam-se também a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu (que hoje é a segunda maior do mundo em geração de energia) e a declaração do Parque Nacional do Iguaçu como "Patrimônio Mundial Natural da Humanidade" pela UNESCO, em 17 de novembro de 1986.

Além das Cataratas, o Parque Nacional do Iguaçu, extremamente belo e bem conservado, possui outras atrações.



Iguaçu, uma das sete maravilhas naturais. 

O Parque, diga-se, é imenso: apenas 3% (três por cento) é aberto para a visitação pública. Ou seja, o visitante vê apenas uma pequena parte do que é o parque, o que explica o pouco contato com a maioria dos animais que ali habitam - basicamente apenas os quatis (coatis) são avistados em abundância (a mata tem ainda onças, pumas, jacarés-de-papo amarelo, tucanos de peito amarelo, jacutingas, cobras corais verdadeiras, entre outros).

O quati é um animal bastante comum no parque, que adora roubar comida dos visitantes.
Placas advertem sobre o risco de se alimentar os quatis. 

No que concerne ao passeio dentro do parque, o périplo inicia-se de ônibus, a partir da "Estação Centro de Visitantes", logo na entrada do parque. Dali, são quatro paradas: "Parada Trilha do Poço Preto", "Parada Macuco Safari", "Parada Trilha das Cataratas" e, por fim, a "Estação Espaço Porto Canoas".  Falaremos, a seguir, das atrações de cada uma delas.

Os ônibus homenageiam os animais do parque. 
Um ônibus "cobra-coral" e um ponto em frente ao "Macuco Safári". 


Primeiramente, a "Trilha do Poço Preto", que poucas pessoas fazem. É uma trilha basicamente para observação da biodiversidade do parque, de cerca de nove quilômetros. Pode ser feita a pé, de bicicleta ou carretinha, tudo acompanhado por guias locais. Tem como atrações principais, além da flora e da fauna locais (e a possibilidade de se avistar mais animais), a lagoa do Poço Preto, o observatório de fauna e um passeio de barco até a ilha de Taquara, onde se pode pegar caiaques.

A parada seguinte é a Macuco Safari. Esse é um passeio para quem tem espírito de aventura, porque o objetivo é ir literalmente embaixo das cachoeiras. Um passeio radical, portanto. Primeiro o visitante mais aventureiro faz uma trilha na mata percorrida em carreta puxada por carro elétrico seguida de caminhada. Depois, o passeio de barco rumo às cataratas e à adrenalina... É só para os mais corajosos mesmo...O passeio custa 179 reais.

O início do passeio cheio de aventuras "Macuco Safari".

Cenas do passeio radical 'Macuco Safari". Vai encarar?
É preciso ter muita coragem para encarar o "Macuco Safari" no Iguaçu. 
Mais uma cena do "Macuco Safari" fotografada em 2015.

O melhor passeio do parque, no entanto, em minha opinião, é a "Trilha das Cataratas", que corresponde à terceira parada do ônibus, sem contar a estação inicial do Centro de Visitantes. Ali, a magia começa logo na descida do veículo, com um deslumbrante cenário de quedas-d´água à poucos metros de distância. Indo para a direita, o visitante desce um pouco e chega ao primeiro mirante. Indo para a esquerda, ele encurta caminho e já chega ao segundo mirante, que é mais alto que o primeiro e mais bonito. O primeiro não vale a pena, só vai dar mais trabalho de ter de subir para se chegar ao segundo, que é a mesma imagem, só que mais perto. A trilha segue então por mais 1.200 metros em meio à mata, de um lado, e a visão das quedas de outro. É razoavelmente fácil de ser feita, pois é realizada na sombra a maior parte do tempo, embora com algumas subidas.

Visão a partir da Trilha das Cataratas no Parque Nacional do Iguaçu. 

A bela imagem proporcionada pela Trilha das Cataratas. 

Beleza inigualável...

A parte mais emocionante da "Trilha das Cataratas" é a ponte que dá acesso à "Garganta do Diabo". Ali o visitante literalmente toma um banho. Capas são oferecidas na entrada da ponte, pois o banho é certo, em qualquer época do ano. A ventania traz a água de maneira inexorável. Um belo espetáculo da natureza...

O mirante mais "chuvoso" do parque. 
Impossível não se molhar!

A última parte do passeio da trilha dá acesso a mirantes (dois inferiores e outro superior) perto da maior cortina de águas, em um cenário belíssimo. É onde ficamos mais perto das águas, onde o ruído ensurdece e encanta. Simplesmente arrebatador. No mesmo local, há lanchonete, elevador panorâmico e uma lojinha de souvenires. Da lojinha vê-se o ruído impressionante das águas, em um cenário raro de se ver - e bastante curioso.

Cenário mais belo não há...

A força das águas.

Pelo elevador, chega-se à estrada e bem próximo à estátua de Santos Dumont, a praça que ele empresta o nome, e o local onde se encontra o restaurante tipo buffet do local. Na mesma praça ainda há lojinha (mais cara que a do macuco safári, diga-se) e um monte de quatis para entreter a criançada (animais com aspecto simpático, porém razoavelmente perigosos). No mesmo local, o ônibus de retorno aguarda os visitantes que queiram deixar o parque. Uma dica para os idosos e pessoas com dificuldade de locomoção: a última parada (Estação Espaço Porto Canoas, que estamos descrevendo nesse parágrafo) permite o acesso ao elevador panorâmico, de onde é possível ter visões maravilhosas das cataratas (como as mostradas acima e abaixo), tanto no piso inferior, quanto no superior. Evita-se a trilha, que pode ser cansativa para quem tem dificuldades de locomoção.

Visão privilegiada a partir  da parte superior do mirante.


Mirante  belíssimo. 


Bem próximo ao "Parque Nacional do Iguaçu", a dica preciosa é visitar o "Parque das Aves".

Enfim, um dos lugares mais bonitos do Brasil. Onde o ruído das águas acalma. Onde a beleza da natureza faz descansar. Onde a vida ganha plenitude.  Onde temos a certeza de que Deus existe, pois, definitivamente, tanta beleza não foi obra do homem.