terça-feira, 1 de abril de 2014

O ÚLTIMO LAR DE GANDHI!

A Índia é, sob o ponto de vista sociológico, um país contraditório e complexo.

Contraditório, por conta de suas imensas desigualdades e misérias em confronto, e caminhando lado a lado também (outra contradição), com sua grandiosa carga cultural, científica e tecnológica, além da beleza de seus templos.

Complexo, por contar, em um mesmo território, com vários grupos religiosos (notadamente hinduístas e muçulmanos, havendo ainda cristãos, jainistas e siquis, que são três minorias) e numerosas castas (basicamente quatro, mas subdivididas em  milhares).  A complexidade gerada pela existência de confrontos entre as duas principais religiões do país, poderosas e com milhões de seguidores (hinduísmo versus islamismo),  foi diretamente responsável pelo surgimento de três países, antes unidos durante a colonização britânica: Índia (de maioria hindu, em 1947), Paquistão (de maioria muçulmana, em 1947) e Bangladesh (antigo Paquistão Oriental, de maioria muçulmana, em 1971).

Índia, Paquistão e Bangladesh. Os três países que Gandhi queria ver unidos.
Fonte: The World Factbook, 2014.


A síntese de tudo isso, de tudo que há de contraditório e complexo na sociedade indiana,  se refletiu na luta de um homem, que viria a ser consagrado pela humanidade como um dos maiores líderes espirituais de todos os tempos: Mohandas Karamchand Gandhi, o "Mahatma" Gandhi.  Uma das maiores atrações da Índia é, sem dúvida, a casa onde Gandhi atendia seus seguidores e foi assassinado, que tivemos a honra de visitar.

Cenas da vida de Gandhi, com toda a simplicidade, em um quadro na casa de Nova Délhi. Índia.

Mahatma Gandhi nasceu na cidade indiana de Porbandar, em 1869, falecendo em Nova Délhi em 30 de janeiro de 1948. Foi um líder pacifista que pregava a não violência como forma de se concretizar a independência da Índia em relação à Inglaterra - o país foi colônia britânica de  1858 a 1947. Advogado de formação, após um período fora do país - viveu na África do Sul, também colônia britânica, por alguns anos - abandonou sua profissão e iniciou a luta pela independência indiana pregando a desobediência civil e a não violência.  Muitas vezes acabou preso, mas também era constantemente libertado, uma vez que Gandhi era a única pessoa apta a controlar as multidões no território indiano. Gandhi morreu, no entanto, sem conquistar o seu objetivo, que era unir hindus e muçulmanos em um só país, em convivência pacífica - o país foi dividido em dois, depois em três. Morreu ainda por obra de um hindu insatisfeito com o rumo das negociações, que redundaram, com apoio da Inglaterra, na divisão entre Índia (maioria hindu) e Paquistão (maioria muçulmana).



Uma estátua de Ghandi em sua bela casa em Nova Délhi.


O último encontro de Gandhi foi com Sardar Patel, pouco antes do assassinato.


"Simplicidade é a essência da universalidade". Uma das muitas frase do grande líder indiano.

A casa onde Gandhi viveu seus últimos dias ('Gandhi Smriti") é hoje um museu e memorial, que conta a história do Mahatma, rica de fatos e gestos fraternais, pacífica na essência e antimaterialista.



A casa de Gandhi em Nova Délhi.
O caminho que Gandhi seguia todos os dias para atendimento aos fiéis, e que também foram seus últimos passos antes da morte, estão bem representados em sua casa.


Os passos de Gandhi. Ali ele atendia os seus seguidores, mas também são os passos de sua morte.

É fantástico ver na casa do grande líder indiano os apetrechos que se tornaram símbolos de sua luta, a exemplo de seus óculos e seu relógio, que hoje estão expostos por lá. É o quarto de Gandhi, um dos pontos altos da visitação.

Entrada para o quarto de Gandhi. Nova Délhi, Índia.

Os famosos óculos de Gandhi, em exposição na sua casa.


O relógio de Gandhi, que parou de funcionar na hora que ele foi assassinado.

A casa dos últimos 144 dias de Gandhi  é muito bonita. Muita natureza e paz, evocando a espiritualidade característica do Mahatma.



Ao fundo, o local onde Gandhi atendia seus seguidores.

Gandhi viveu nessa casa de 09 de setembro de 1947 até o dia de sua morte, em 30 de janeiro de 1948.Foi adquirida pelo governo da Índia em 1971 e passou a ser o memorial que é hoje a partir de 1973.

Fica em Nova Delhi, na 5 Tees January Marg.

Vale destacar como dica o filme "Gandhi", de 1982, dirigido por Richard Attenborough e estrelado por  Ben Kingsley - os dois ganharam o prêmio máximo do cinema. Ganhou no total oito Oscars, contando em detalhes a vida do grande líder indiano. Na primeira cena do filme, a do assassinato, a casa aparece em detalhes.

Em que pese ser um grande líder e também bastante admirado no exterior, muitos indianos, notadamente os "intocáveis" ("dálits") preferem exaltar Ambedkar, o "Babasaheb", como o maior líder da classe menos privilegiada.  Segundo relatos históricos, o verdadeiro defensor da abolição do sistema de castas indiano é justamente o jurista Ambedkar; Gandhi adotava uma postura ambígua, chegando a defender o sistema discriminatório, o que causou insatisfação nos menos favorecidos. Mas isso é história para um post específico.

Uma visita interessante na capital indiana. 

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