terça-feira, 30 de abril de 2013

DUBAI, SEM LIMITES PARA SONHAR

Até o início dos anos 90, poucos pessoas sabiam da existência de Dubai. Um destino em meio a um deserto, que sobrevivia com base em um comércio realizado na beira do Creek, que nada mais é que o "braço do mar" do local. Ali desenvolveu-se a antiga Dubai. Ali onde temos hoje o "souk" do ouro e das especiarias, duas importantes atrações locais. Onde há o Dubai Museum, que conta a história do emirado.A Dubai dos dhows, pequenas embarcações antiquadas, típicas do local  A velha Dubai.

O Creek de Dubai.

Mas a Dubai de hoje é também, ou muito mais, uma Dubai futurista. E parece mirar isso, com projetos  extremamente ambiciosos ("The Palm",  "The World", "Dubailand", dentre outros) ainda que as obras sofreram um freio considerável após  a crise mundial de 2008 e o pedido de moratória feito pela Dubai World (empresa de investimentos estatal do emirado) em 2009. Crise que não afetou a construção do "Burj Khalifa", o atual prédio mais alto do mundo (828 metros) e símbolo maior, juntamente com o "hotel sete estrelas" Burj Al Arab (em forma de vela),  desta Dubai cada vez mais "futurista".

Dubai  futurista. Prédios gigantes e muita modernidade.

Dubai é um dos sete "Emirados Árabes", que se uniram, sob a liderança do Sheik Zayed, em 1971.Os outros são Abu Dhabi (a cidade do mesmo nome é a capital do país), Sharjah, Fujairah, Ajman State, Ras Al-Khaimah e Umm  Al - Quwain.  Sem dúvida, Abu Dhabi, a terra do petróleo nos emirados, é o mais rico dos sete, seguido por Dubai e por Sharjah. Sharjah é um emirado mais tradicional, com rígidas leis islâmicas e o que tem mais história. A religião oficial do país é o islamismo e a língua, o árabe (embora o inglês seja bastante difundido, sendo praticamente uma segunda língua). O país conta com uma alta renda per capita, de cerca de 48.000 dólares anuais, o que a coloca entre as 20 maiores do mundo.

A cidade de Dubai tem múltiplas atrações. Comecemos pela parte "moderna" da cidade.

A primeira que o turista/viajante terá contato, a partir do aeroporto, é, sem dúvida, a sua  bela avenida principal, a "Sheik Zayed", avenida esta que une Dubai a Abu Dhabi. Como dissemos anteriormente, Zayed bin Sultan Al Nahyan, ou "Sheik Zayed", foi o maior líder da história dos Emirados, o grande responsável pelo desenvolvimento econômico-cultural daquelas terras. Governou os Emirados Árabes durante 33 anos - 1971 a 2004, ano de seu falecimento, aos 86 anos de idade. Voltando à avenida, temos que as principais atrações  são as "Emirates Towers" (de 355 metros) e as duas torres do hotel mais alto do mundo, o "JW Marriot Marquis Dubai" (também com 355 metros).

Dubai é uma cidade com vocação para o grandioso. Começou a desenvolver esta ideia com as "Torres Emirates", com os hotéis mais altos do mundo - o "JW Marriot Dubai " e o "Burj Al Arab"- e chegou até o atual prédio mais alto do mundo, o "Burj Khalifa" (828 metros).


Burj Khalifa ao fundo. O prédio mais alto do mundo na atualidade.

A visita ao Burj Khalifa é realmente imperdível. A visão que se tem do 124º andar do edifício é qualquer coisa de deslumbrante. Dica importante: comprar o ingresso pela internet. É bem mais em conta (o ingresso na hora é o triplo do preço do comprado pela internet) e você pode reservar com antecedência. Caso contrário, você também perderá a oportunidade de conhecer, já que  geralmente no dia em que você for comprar "ao vivo" estarão esgotados os ingressos. O site para comprar com cartão de crédito é https://tickets.atthetop.ae/eticketing/homepage.aspx. O lugar se chama "At the Top" e está localizado no piso   LG (Lower Ground) do "Dubai Mall". O elevador leva pouco mais de um minuto para chegar até o andar do observatório, o que é realmente impressionante. Outros dados impressionantes: 163 andares, 57 elevadores, 26.000 painéis de vidro. Isso é Dubai. Isso é Burj Khalifa.

Do Burj Khalifa é possível ter esta visão da cidade de Dubai.

E por falar em shopping, Dubai tem um dos maiores shopping  centers do mundo - o "Dubai Mall". O Dubai Mall tem um aquário gigantesco e muito bonito, com vários tubarões e arraias gigantes. Curiosidade: em 2010, o famoso aquário chegou a ser interditado, tendo ocorrido, inclusive, vazamentos e rachaduras em sua estrutura. Imagina se houvesse o rompimento, com os milhares de peixes, tubarões e arraias que estão ali dentro! Algumas testemunhas disseram que o aquário explodiu... Será?

O Dubai Mall visto por cima, mais precisamente do 124º do Burj Khalifa. Sombra do Burj.

Na mesma região do Dubai Mall, e aos pés do Burj Khalifa, é possível ainda ver o espetáculo das fontes, cópia de Las Vegas. É maior, mas menos impactante (talvez pela trilha sonora!) que o da cidade americana.

Espetáculo das fontes em Dubai.

Além deste imenso shopping da região do Burj Khalifa, destaca-se ainda o "Mall of Emirates", um pouco menor, mas que conta com uma das maiores pistas de esqui "indoor" do mundo. É um shopping mais simpático e mais ao estilo dos brasileiros. Outros dois centros de compras de interesse na cidade são o "Bujuman" e o "Wafi", este último em estilo egípcio.

A pista de esqui no Mall of Emirates é uma das atrações de  Dubai.

O crescimento de Dubai indica para uma nova direção - a "Dubai Marina". Hoje, é uma região agitada da cidade, onde se concentram barezinhos. Curiosidade: ali não se serve cerveja nas mesas  - é proibido. É até interessante observar aquele clima de paquera sem a companheira das noites dos brasileiros - a cerveja gelada. Em breve, será finalizado na região mais um arranha-céu: o Marina 101, que será um misto de condomínio residencial (506 apartamentos) e hotel (324 apartamentos).

Jumeirah é outra região interessante da cidade. Ali temos várias atrações, como a praia "Jumeirah Beach" (a melhor e mais espaçosa da cidade), o Burj Al Arab (que se autodenomina "sete-estrelas"), a Mesquita de Jumeirah, o "Mercato", o "Souk Madinat Jumeirah" e a ilha artificial "The Palm", com seu famoso hotel "Atlantis".

Jumeirah Beach é a melhor praia de Dubai. Extensa, confortável e bela. Burj Al Arab ao fundo.

O "Burj Al Arab" é uma visita interessante, porém cara de se fazer, já que o badalado hotel exige, pelo menos, uma reserva de chá ("high tea") para que o turista possa atravessar a ponte que separa Dubai do terreno artificial do hotel no mar. Muitos não gostam de seu interior, talvez por considerar futurista e simples demais para quem se autoproclama "sete estrelas". Ou com cores exageradas. Não foi meu caso. Admirei o trabalho arquitetônico conciso e arrojado, que merece ser apreciado pelos turistas. O chá é bastante interessante, com várias opções de doces e salgados, e inclui champanhe no preço final.

O Burj Al Arab, em formato de vela, é um assombro de arquitetura.

A parte antiga da cidade, perto do "Creek" (Bur Dubai, ao sul e Deira, ao norte),  merece também uma visita atenta.

A mais fantástica atração é, sem dúvida, o "Gold Souk", ou "Mercado do Ouro", em bom português. Ali valem as regras de negociação: a partir do preço do vendedor, divida por dois; caso o vendedor aceite, feche o negócio. Vale relembrar: nunca inicie uma negociação se não tiver o intento de comprar o item - isso pode gerar insatisfação e a consequente grosseria por parte do vendedor. Outra dica valiosa: observar onde os nativos - leia-se árabes genuínos e mulheres com burca - costumam comprar. Geralmente é um lugar confiável, notadamente para quem não entende muito de ouro.

O ouro nas lojas do souk.

Além do "Gold Souk", temos na mesma região o "Spice Souk" ou "Mercado das Especiarias". É um mercado interessante, muito embora seja menos atraente que o de Istambul. Lá, experimentamos a famosa bala de  leite de camela, que é uma delícia que derrete na boca.

O "Dubai Museum" é uma interessante opção para quem quer conhecer muito da história do emirado que, de uma vila pesqueira, se tornou hoje uma referência mundial de arrojo arquitetônico e de modernidade. Também são retratados os costumes locais, o que gera bastante interesse para quem não conhece.

O modo de vida beduíno é retratado no museu.


Árabes retratados no Dubai Museum.
Em Dubai, deve-se utilizar transporte o tempo todo. É uma cidade que não permite andar a pé, sendo as distâncias longas - faço uma analogia com Brasília. O transporte por táxi é bem em conta (bem mais em conta que no Brasil) e o metrô, embora não seja tão extenso, é razoavelmente eficiente (embora não seja indicado para pessoas idosas, por conta das distâncias percorridas dentro das estações).

A rede hoteleira de Dubai é magnífica, com mais de vinte e cinco hotéis cinco estrelas, dentre eles os míticos Burj Al Arab e Al Qasr (que fica no estonteante complexo Madinat Jumeirah) e os fabulosos Jumeirah Beach e Atlantis The Palm . Hotéis quatro estrelas da cidade  costumam ter um ótimo nível, com um café da manhã gostoso.

Na mesma linha luxuosa, alguns dos restaurantes da cidade estão entre os mais caros do mundo. No Burj Al Arab, por exemplo, temos dois restaurantes que são uma atração da cidade: o "Al Muntaha Skyview Bar", no 27º andar, e o "Al Mahara", que fica abaixo da superfície marinha . O "Al Mahara", fato curioso, é alcançado por uma simulação submarina de três minutos, serve frutos do mar (óbvio) e é cercado por aquários gigantes. O chá da tarde, conforme já explanamos anteriormente, fica no "Sahn Eddar", no saguão.

Para a noite, as principais atrações são o "Buddah Bar", o "Skyview Bar" do Burj Al Arab e o "The Rooftop". E o já citado "esquenta" do Dubai Marina, região com muitos barezinhos e onde a paquera rola solta.

Para fora da cidade, as dicas são os emirados Abu Dhabi (ao sul) e Sharjah (ao norte). E também o passeio pelo "Deserto de Dubai".

Abu Dhabi é outra grande e importante cidade dos Emirados Árabes. É a capital do país e parece querer cada vez mais entrar na disputa com Dubai pela primazia turística do país. Hoje, a sua maior atração ainda é a fabulosa mesquita "Sheik Zhayed". Trata-se de uma das maiores mesquitas do mundo, na cor branca. Simplesmente deslumbrante. Além desta, destacam-se ainda o fantástico hotel "Emirates Palace", cuja visita completa requer uma reserva para o "high tea" (chá da tarde); o shopping "Marina Abu Dhabi", e a linda "corniche", com seus prédios altíssimos.

A grande mesquita de Abu Dhabi é uma das grandes atrações dos Emirados Árabes.

Sharjah é outro emirado que vale a pena conhecer a partir de Dubai. Conforme dissemos anteriormente, é um emirado extremamente tradicionalista, com rígidas leis baseadas no "Alcorão", o livro sagrado do Islamismo. O mercado da cidade, o "Blue Souq" , é um dos melhores da região, vendendo muito ouro e tapetes persas. É um belo emirado, sem dúvida.

O "Mercado Azul" de Sharjah.
O Deserto de Dubai é uma reserva bem preservada, que permite ao viajante descobrir um pouco mais dos costumes dos povos que vagam pelas areias sem fim. Ali pode-se andar de camelo; segurar o falcão, ave símbolo do local; e ainda participar de um jantar típico. É um bom programa, com certeza.

Enfim, Dubai é uma cidade de inúmeras atrações. Vale muito a pena visitá-la!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

OMÃ, EXOTISMO E RELIGIOSIDADE!

Omã é um sultanato (monarquia absoluta islâmica) pouco conhecido dos brasileiros. Pouco não - nada conhecido. Você pode perguntar: oito em cada dez pessoas nunca tinha ouvido falar deste pequeno país até você dizer que fez um passeio por lá.  E a primeira pergunta é: onde fica?

Omã é um país do Golfo Pérsico (para alguns, Golfo da Arábia), uma das regiões mais conturbadas do planeta. Faz fronteira com os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita e o Iêmen. País montanhoso,  com apenas 3 milhões de habitantes, tem na força da religião islâmica - é um dos países mais fundamentalistas do mundo - a sua marca indelével. A capital e principal cidade é Mascate (Muscat), e a moeda é o valorizadíssimo "rial omani" ( 1 rial equivale a 3 dólares).

Placas como esta indicam que as mesquitas são só para muçulmanos em Omã.

A história de Omã registra um extenso domínio da Pérsia, atual Irã, relativizada por um curto período de tempo pelos portugueses. Tal preponderância  durou até 1741, quando, finalmente, os omanis conquistaram a independência do califado persa, sob o comando de Ahmed Bin Said, que fundou a dinastia que comanda o país até hoje (ele foi o primeiro sultão). Vale lembrar, no entanto, que a independência total do país adveio apenas em 1951, uma vez que o país dependia economicamente da Grã-Bretanha e era a esta ilha atrelado - inclusive foram os ingleses que sustentaram a atual dinastia no poder, notadamente em termos econômicos. De lá para cá, foram seis sultões, incluindo o atual, Qaboos, que reina desde 1970. O petróleo foi descoberto por lá em 1964.

Apesar das rígidas "leis" islâmicas, não se notou, durante a nossa permanência no país, nenhum tipo de intolerância. Pelo contrário, os omanis revelaram-se bastante gentis na maior parte das vezes. Até mesmo o mercado local é mais tranquilo, quanto ao assédio dos vendedores, que o mercado turco, por exemplo (Grand Bazzar) ou mesmo o "souk" do ouro de Dubai. Mas advirta-se: não é recomendável andar de shorts, bermudas e com os ombros abertos - isso vale para homens e mulheres. E é melhor não dar "sopa para o azar" em um país tão exótico e diferente.

O país tem muitas atrações. Omã possui muitas praias ( as mais belas são a AlQurm e Al Bustan), wadis (vales geológicos) e abre um leque de possibilidades para a prática de esportes, como montanhismo e  mergulho. Mas verdadeiramente destacam-se: o " Mutrah Souq", o "Museu Bait Al Barandah",  a "Grande Mesquita" e o "Palácio do Sultão".

O mercado de Muttrah é uma atração à parte. Fica logo na "Mutrah Corniche" (os "corniches", nesta região, indicam as avenidas a beira-mar). Ali, nos arredores de Muscat, desenvolve-se a arte da negociação. Muito interessante. Geralmente os vendedores te dão um preço. A partir da aí, é conveniente ao viajaante dividir o valor dado por 2 para dar início à negociação. Se ele aceitar o valor dado pelo consumidor, manda a ética fechar o negócio, caso contrário haverá repúdio por parte do vendedor.

Os comerciantes de Omã vendem incenso, o produto local mais famoso (e o de melhor qualidade do mundo). Além do incenso, comum também são as essências de perfumes, o ouro e os trajes típicos, além de "souveniers".


Entrada do Souk Muttrah, em Omã
Parte interna do Mutrah Souq, em Mutrah, Omã.

O "Museu Bait Al Barandah" é pequeno, mas bastante interessante. Conta a história de Muscat, do sultanato, apresenta todas as roupas típicas através dos tempos. Vale a visita sim. Não é possível registrar fotografias em seu interior.

Talvez a mesquita mais bonita que já vi seja mesmo a de Omã, a única passível de visitação no país. Chama-se a "Grande Mesquita do Sultão Qaboos". É uma das maiores do mundo (tem uma área estimada em 416 mil metros quadrados) e é simplesmente deslumbrante em todo o seu interior e exterior - é coberta em quase toda a sua extensão por mármore branco e cinza escuro. O tapete persa de seu interior demorou 27 meses para ser concluído, cobre uma área de 4.200 metros quadrados e pesa 21 toneladas. Um luxo!! Os salões de orações são um deslumbre. Só não é passível de visitação às sexta-feiras, das 8:30 às 11:00 horas.


Parte externa da Mesquita Sultão Qaboos.


Internamente, a Mesquita Qaboos é uma das mais belas do mundo.

Por fim, o palácio oficial do Sultão é um passeio para se conhecer apenas a parte externa. Fechado, como é o país, o Sultão é uma incógnita: não se sabe quantas mulheres ele tem, nem se conhece seus filhos. Tudo é guardado a sete chaves. "Caras", por aquelas terras, nem pensar. Coisas de Omã.


Palácio do Sultão Qaboos, em Mascate.