segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CRÔNICAS DE UM TURISTA PROFISSIONAL

OS JAPONESES


Uma pergunta rápida para os turistas ou viajantes: o que encontramos em comum, em todas as viagens, nos pontos turísticos mais visitados do mundo? Resposta igualmente rápida: japoneses. Aliás, rapidez e disciplina são características inerentes aos habitantes das ilhas do sol nascente.

Sem dúvida, o que temos no mundo hoje é uma invasão samurai. Não existe um canto deste planeta ainda não invadido pelos japoneses. Eles se somam, se multiplicam, mas nunca diminuem, nem se dividem. É a melhor definição: andam em grupos geralmente de mais de vinte pessoas e lotam todos os lugares turísticos do planeta.

É um tal de japonês para cá, japonês para lá. É nipônico tirando foto aqui, é nipônico tirando foto acolá. Como gostam de tirar fotos! É impressionante.

Três lugares são os mais disputados pelos japoneses no mundo: a “Monalisa”, no Museu do Louvre, em Paris; a “Fontana di Trevi”, em Roma; e os “Museus Vaticanos”, na sede da Igreja Católica mundial. Nesses três lugares, você tem a nítida sensação de que há mais japoneses por ali do que no Japão propriamente dito.

A “Monalisa” então, é caso para psicanálise. Basta o Louvre abrir suas portas que a japonesada já saia correndo, com o mapa do museu na mão, para ver a tal Gioconda. Lá chegando, percebem que é um quadrinho pequeno, cercado, e logo enchem a frente dela. Nem com zoom de doze vezes você consegue focalizar o tal quadro de Da Vinci. Ou seja, caso o turista não consiga, durante a abertura do museu, correr como Usain Bolt, provavelmente não conseguirá chegar perto da obra de Leonardo. E verá a pequena Monalisa de longe, muito longe. A pequena notável que não é passível de ser notada. Culpa dos nipônicos!

A “Fontana di Trevi”, por sua vez, é o lugar mais povoado do mundo. Nem em Bangladesh o turista verá tanta gente pela frente.  Não sei como Anita Ekberg conseguiu gravar aquela cena do filme “La Dolce Vita”, de Fellini. É impossível chegar perto daquela fonte após as oito horas da manhã. Por causa de quê, ou “kdiquê”, como diriam os mineiros? Um doce para quem responder que são os japoneses. É japonês comendo “pizza a taglio” de um lado, é japonês fotografando de outro. Aquilo ali deve ser o paraíso dos gatunos, tal a concentração de gente no local. Vou confessar: queria ter um comércio no local, de preferência com letreiros em japonês – deve ser extremamente lucrativo!

Mas o mais engraçado mesmo são os japoneses no seu périplo para se chegar nos “Museus Vaticanos”. Já começa no metrô de Roma. O vagão já vai cheio deles. Chegando na estação, eles descem rapidamente e saem correndo pela rua em direção à fila. Isso mesmo, correm não para entrar no museu, mas sim entrar na fila do museu. Acho que nem o Usain Bolt (olha o Bolt aqui de novo!) consegue alcançar esta turma. Na hora que você chega na fila quem você encontra então? Um bando de japoneses logo na sua frente. E nem precisa de doce para acertar. É uma invasão samurai sem precedentes. Dentro do museu, então, são hordas e hordas de japoneses visitando todas as salas, até se chegar na Capela Sixtina, o último ponto de visitação. E chegando na Capela, qual é a maior turma? Deles. Um japonês para cada três de outra nacionalidade. E viva Michelangelo!

E assim a invasão samurai vai se consolidando pelo mundo. Uma colega me relatou que até nos lençóis maranhenses viu um bando deles, debaixo de uma árvore que funcionava como um oásis naquele deserto!

Um bando de japoneses debaixo de uma árvore no Maranhão! Não falta mais nada. O mundo é samurai...Os guerreiros das viagens!

2 comentários:

  1. Olá Carlos!!!
    Nada melhor do que juntar viagem com boas histórias. Toda boa viagem tem uma historinha...melhor ainda se for contada com bom humor,inteligência,informações culturais e boas observações!!! Os textos de suas crônicas tem tudo isso, muito bom de ler, estão excelentes!!! Parabéns!!! Sua colega rsrs!!! Gislene

    ResponderExcluir
  2. Olá, Gislene,
    Tudo bem contigo?
    Muito obrigado pelos elogios. Seus comentários me alegraram imensamente.
    Gostaria de te dizer que "colega" é só força de expressão; você é uma amiga, das mais queridas. E que contribuiu de maneira decisiva para o fecho da crônica..rsrs O bom é que consegui lembrar da história que você me contou, não é mesmo? rsrs
    Ademais, você falou tudo: viagem mais boas histórias- uma combinação perfeita para várias crônicas!
    Um grande abraço,
    Carlos

    ResponderExcluir