sábado, 10 de novembro de 2012

SOB O CÉU DE CORTONA!

A Toscana é, realmente, uma região "abençoada por Deus". Além de todas as belezas naturais, temos cidades de origens etrusco-romanas, todas com apogeu na era medieval, que são verdadeiras "obras de arte" a céu aberto, dada toda a história e atmosfera do local. Este é o caso de Cortona.


A exuberante cidade de Cortona, na Toscana. As "vias" medievais são belas atrações.

Cortona, aliás, ficou mundialmente famosa a partir do lançamento, em 2003, do filme "Sob o Sol da Toscana" ("Under the Tuscan Sun"). Baseado no livro homônimo de Frances Mayes, a película conta a história de uma mulher divorciada e insatisfeita com os rumos de sua vida que, em uma viagem à Toscana, conhece a cidade medieval e resolve por lá ficar. A partir desta premissa, envolve-se com a comunidade local em uma série de situações, às vezes dramáticas, às vezes cômicas. O interessante do filme é justamente o tratamento fotográfico dado à região, sendo possível visualizar e ter-se uma idéia do que efetivamente Cortona é. Embora tenha muito de ficção, a retromencionada escritora realmente tem uma casa por lá.

Vale dizer que o filme inspirou o deflagrar de um festival cultural que hoje é conhecido em toda a Europa: o "Tuscan Sun Festival", realizado desde 2003 (final de julho e início de agosto) , ano de lançamento do filme.  Outro festival curioso da cidade é o "Archidado", de arco e flecha, que ocorre desde o ano de 1327, na última semana de maio. O "Archidado" foi realizado, primeiramente, para homenagear o casamento de um lorde de Cortona naquele ano e a tradição se manteve por séculos.

Saindo um pouco da "sétima arte" e dos desdobramentos da notoriedade proporcionada por Frances Mayes à cidade, vale destacar uma breve história deste local apaixonante.

Cortona é a urbe que simboliza mais fortemente a dominação etrusca na Toscana. Ainda há muros etruscos por lá, conforme se vê na foto abaixo ("mura etrusche" e "porta bifora etrusca").


Muro Etrusco de Cortona. Mais de 2.000 anos de hístória.

Vamos abrir um parênteses para falar um pouco sobre os etruscos.

Considerados povos de origem desconhecida, os etruscos invadiram a pensínsula itálica, juntamente com cartagineses e gregos, entre os séculos X e VII a.C. A partir das invasões etruscas, o domínio do uso e da escrita foram transmitidos para os habitantes anteriores da península. Era um povo com grande habilidade no trabalho com ferro e cobre, e tinha na agricultura e no comércio maritimo (notadamente com os fenícios, gregos e cartagineses), a base do seu sustento. A região por eles dominada, e que corresponde em grande parte à atual Toscana, era denominada "Etrúria".

Vale destacar ainda, no campo histórico, que, na Idade Média, Cortona exerceu um papel significativo no que tange ao poderio militar, resistindo bravamente à incursões de cidades fortes, a exemplo de Siena e Arezzo (esta a  mais próxima). Antes disso, em 300 a.C, já era considerada uma das mais poderosas "cidades-estado" etruscas. No século XV, foi dominada por Florença e governada pelos Médicis.

A cidade hoje conserva ares medievais e é um convite para o descanso. Várias atrações se destacam neste panorama que, mais do que desesperadamente conhecer locais, deve-se passear sem rumo.

A praça principal da cidade é mesmo a "Piazza della Republica", onde aparece, em destaque, a Prefeitura da cidade, ou em bom italiano, o "Palazzo del Comune".


O medieval "Palazzo del Comune" na "Piazza della Republica" em Cortona.

Outra atração bastante conhecida da cidade é a sua "Catedral". Construída no século XIV, tem no seu interior a pintura "Natividade", de Pietro Berrettini, ou como é mais conhecido, Pietro de Cortona.


A Catedral de Cortona, em estilo gótico.

O "Museu Diocesano" é uma das maiores atrações da cidade do alto da colina. A título de curiosidade, Cortona é a terra natal de dois consagrados pintores: Luca Signorelli e Pietro de Cortona. Ali também viveu outro expoente renascentista: Fra Angelico. Todos os três tem obras no "Museu Diocesano" - destaque máximo para "A Anunciação", de Fra Angelico. Uma pintura esplêndida!

Por fim, vale destacar os museus ligados à fase etrusca da cidade. Temos em Cortona dois que merecem a visita: o "Museo dell´Academia Etrusca" e o "Museo Nazionale Etrusco".  O mais interessante é o da Academia Etrusca, mas para se fazer uma visita guiada (importante para entender a história etrusca e os detalhes das escavações) é necessário reservar antes.

Além da Catedral, várias outras igrejas se destacam: a de "São Francisco", onde está enterrado Luca Signorelli; a de "Santa Margherita", a mais bonita no exterior e interior também - mas é preciso ser um atleta para conseguir subir até lá; e a "Nova Igreja de Santa Maria" ("Madonna del Calcinaio"), uma pérola renascentista não exatamente dentro do centro histórico (nos arredores) e com um belíssimo domo barroco.

Assim, a Cortona de .Luca Signorelli e Pietro de Cortona, imortalizada nos tempos atuais por Frances Mayes, revela-se uma linda cidade, imprescindível em qualquer roteiro que inclua a Toscana.

2 comentários:

  1. Oi, Carlos. Tudo bem? :)
    Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
    Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com

    Até mais,
    Natalie - Boia Paulista

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    1. Olá, Natalie,
      Agradeço imensamente a honra de participar deste seleto rol!
      Abraço,
      Carlos

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