terça-feira, 29 de maio de 2012

CONCORDE - O SUPERSÔNICO

Concorde. O mito. O avião mais famoso de todos os tempos.

Aproveitando a visita à paradisíaca Barbados, não poderia deixar de conhecer e apreciar a mostra permanente denominada "Barbados Concorde Experience", localizado no aeroporto Grantley Adams. Aliás, Barbados, o país caribenho que possuía uma rota a partir de Londres aos sábados no inverno, é um dos cinco países onde se é possível ver o Concorde - os outros são Reino Unido  (em 07 endereços); França (em 04 endereços); Estados Unidos (03 endereços) e Alemanha (01 endereço). Ressalta-se que apenas 20 (vinte) aeronaves supersônicas foram produzidas, sendo que apenas 14 (catorze) ficaram em operação.

O projeto para um avião supersônico (aquele que tem velocidade acima do som - aproximadamente 343 m/s) iniciou-se ainda em 1956, sendo que, já em 1960 a British Airways aceitou a primeira reserva para a primeira viagem, que seria realizada ainda nove anos depois (1969). Outro marco importante, e que definiria as duas empresas que operariam o Concorde, foi 1962, ano em que os governos britânico e francês anunciaram a assinatura de um tratado para o desenvolvimento conjunto da imponente aeronave.

O supersônico voou, comercialmente, de 1976 a 2003. Os dois primeiros voos comerciais do Concorde foram as rotas Londres - Bahrein (British Airways) e Paris-Rio de Janeiro (Air France). Antes do primeiro voo comercial, foram realizados cerca de 5.000 horas de teste, o que torna o Concorde o avião mais testado da história da aviação.

Concorde da British Airways exposto no aeroporto de Barbados
O Concorde voava na troposfera, que é uma camada acima da estratosfera. Em um dia claro, era possível ver a curvatura da Terra. A estrutura do avião tinha que lidar com variações bruscas de temperatura - -45º C, quando estava em velocidade subsônica, e +140 º C, em velocidade supersônica.

Outro detalhe digno de nota: devido à altíssima altitude do Concorde (60.000 pés, o que equivale a 18.300 metros), e a aerodinâmica de suas asas, praticamente não se sentiam os impactos das turbulências (um sexto das turbulências sentidas por aviões subsônicos).

A velocidade do Concorde - cerca de 2.150 km/h - permitiu ao cantor Phil Collins fazer shows em dois continentes separados pelo Atlântico em apenas um dia - rota Londres/Nova Iorque (Show "Live Aid", em benefício da África). O avião gastava pouco mais de três horas para ir de Nova Iorque a Londres. De Barbados a Londres, em voo que acontecia nos sábados de inverno, quatro horas era o máximo de tempo da viagem.

A passagem aérea era caríssima - a rota Londres-Barbados custava, em média, 8.000 dólares, só a ida.

O nariz curioso do avião, rebaixado, tinha como função permitir a visibilidade dos pilotos para o pouso e decolagem. Aliás, na visita que fiz ao Concorde, pude perceber que dentro do famoso avião tudo era bem pequeno, inclusive a cabine de comando. A quantidade de botões e mecanismos impressiona também - mal cabiam o piloto e co-piloto.

Em seus mais de 50.000 voos, a nota triste fica por conta do trágico acidente ocorrido em 2000, no aeroporto Charles de Gaulle em Paris, ainda na decolagem, matando todos os tripulantes e passageiros (mais de cem, no total). As causas ainda são uma incógnita, mas na época acreditavam ser um peça de um DC 10 da Continental Airlines, solta na pista, a vilã da história. Tempos depois, outras causas foram levantadas - grande quantidade de combustível, excesso de bagagem, condições do tempo (vento), dentre outras, mas não há uma solução definitiva para o caso.

O fim das operações, em 2003, coincide com a crise da aviação gerada pelos acontecimentos de 11 de setembro de 2001 (a queda das "torres gêmeas" do World Trade Center em Nova Iorque), devido à baixa na procura por voos intercontinentais. Vale destacar, além da queda do número de passageiros, que  o custo operacional do avião era altíssimo - uma tonelada de combustível para cada passageiro (que eram 108), em média.

Por fim, vale destacar a citação do Capitão Mike Bannister, que operou a última viagem comercial do Concorde: "O Concorde nasceu de sonhos, foi construído com visão e operado com orgulho. O Concorde tornou-se um lenda hoje".

P.S: As informações do presente texto foram retiradas, em grande parte, do livro "The Concorde Story", de Peter R. March.

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